Validação clínica de árvore de decisão para diferenciação entre os diagnósticos de enfermagem padrão respiratório ineficaz e desobstrução ineficaz de vias aéreas

Publication year: 2015

Objetivou-se validar clinicamente uma árvore de decisão (AD) desenvolvida para diferenciação de dois diagnósticos de enfermagem respiratórios: Padrão respiratório ineficaz (PRI) e Desobstrução ineficaz de vias aéreas (DIVA). Esta árvore de decisão foi desenvolvida em um estudo prévio com 249 crianças como Infecção respiratória aguda. Dentre as geradas, a AD desenvolvida com o algoritmo Classification and Regression Trees foi escolhida para ser validada clinicamente por apresentar melhor poder de predição global (86,4%). Estudo do tipo metodológico desenvolvido a partir de registros de bancos de dados que serviram de subsídio para construção de duas dissertações de mestrado. Calculou-se uma amostra de 222 registros, sendo estes de 111 crianças com Infecção respiratória aguda e 111 com Asma.

Foram estruturados três grupos de diagnosticadores:

grupo de Padrão de Referência, grupo controle e grupo caso. O grupo caso teve acesso à Árvore de Decisão como ferramenta para auxílio na inferência diagnóstica. As inferências dos grupos de comparação (caso e controle) foram analisadas tomando como parâmetro balizador a inferência realizada pelo grupo Padrão de referência. As inferências dos diagnosticadores foram tabuladas em uma planilha do software Excel e os dados analisados no IBM SPSS versão 21.0 for Windows e no pacote estatístico R. Dos 222 registros analisados, 55,9% eram do sexo masculino, possuíam como principal antecedente familiar a Asma (57,2%), seguido de Tuberculose (17,6%). DIVA foi diagnosticado em 80,6% e PRI em 68,5% dos registros avaliados pelo grupo Padrão de Referência. Crianças mais jovens foram diagnosticadas mais vezes com ambos os diagnósticos em estudo. Frequência à creche e maior tempo de frequência foram mais prevalentes nas crianças sem os diagnósticos.

As características definidoras com associação estatística com DIVA foram:

Dispneia (84,68%, p<0,001), Ruídos adventícios respiratórios (84,23%, p<0,001), Tosse ineficaz (72,07%, p<0,001), Ortopneia (70,72%, p<0,001). Já para PRI, encontrou-se associação com Dispneia (85,13%, p<0,001), Alteração na profundidade respiratória (69,81%, p<0,001), Ortopneia (69,81%, p<0,001), Taquipneia (64,86%, p<0,001) e Uso da musculatura acessória para respirar (66,66%, p<0,001). Os diagnosticistas que utilizaram a AD obtiveram índices de concordância com o grupo Padrão de Referência superiores aos dos que não utilizaram a ferramenta de apoio. Foram necessárias maiores intervenções no grupo de diagnosticistas sem a AD para que a igualdade das inferências fosse alcançada. Este dado aponta para capacidade da ferramenta de tornar as inferências mais homogêneas. Melhores taxas de sensibilidade, especificidade, odd ratio diagnóstica, razões de verossimilhança positiva e negativa foram observados para as inferências do grupo com a AD. Dado os resultados apresentados, conclui-se que a ferramenta validada neste estudo contribuiu para inferências de maior qualidade, aumentando assim a acurácia das determinações diagnósticas. Pela alta taxa de sensibilidade e elevadas taxas de falso-positivo, a AD validada possui caraterísticas típicas de ferramentas de triagem diagnóstica.(AU)