Avaliação da funcionalidade em crianças com mielomeningocele
Publication year: 2015
A Mielomeningocele é um tipo de malformação congênita da coluna vertebral e da medula espinhal, de causas multifatoriais. Causa limitações ao desenvolvimento da criança e à sua funcionalidade, necessitando de assistência, acompanhamento multiprofissional e intervenções interdisciplinares de reabilitação. A enfermagem atua nesse processo e, assim, diante do exposto, buscou-se avaliar a funcionalidade da criança com Mielomeningocele e verificar se os familiares têm ofertado cuidados de acordo com suas necessidades. Estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa. Aplicou-se um questionário estruturado que documenta as habilidades funcionais da criança, a assistência dos cuidadores e as modificações do ambiente para as áreas de autocuidado, mobilidade e função social. Participaram do estudo 79 crianças na faixa etária de 3 a 7 anos e 6 meses, com diagnóstico de Mielomeningocele. A pesquisa foi realizada no Centro de Neurorreabilitação SARAH de Fortaleza. Nos resultados obtidos observou-se que nas habilidades funcionais as crianças apresentaram desenvolvimento inferior ao esperado. A oferta de condições favoráveis à promoção de independência da criança no domicílio ou a melhoria das habilidades com diminuição da assistência pode levar a uma maior mobilidade para a melhoria no autocuidado. Na assistência observou-se maior dependência na área de mobilidade, associada à dificuldade nas transferências, locomoção em ambiente externo e escadas. Na área de autocuidado uma maior assistência fornecida foi nos cuidados com a bexiga e o intestino neurogênico, o banho, o uso do banheiro, e o vestuário de membros inferiores. Na função social as dificuldades foram resolução de problemas, segurança e expressão funcional, sendo a área com menor assistência do cuidador e maior independência da criança. As crianças apresentaram-se funcionais no autocuidado para alimentação, higiene oral, cuidados com cabelos, nariz e face, e vestuário de membros superiores. Na mobilidade teve maior independência para transferência e mobilidade em cama, locomoção em ambiente interno, usando, evidentemente, o arrastar ou marcha com apoio. As modificações evidentes foram as da infância e de reabilitação. Diante do exposto, conclui-se que as crianças com Mielomeningocele têm um menor desempenho funcional nas habilidades, mas podem ser estimuladas a desenvolver as suas potencialidades no processo de reabilitação. O cuidador fornece assistência, mesmo nas áreas em que as crianças demonstram independência, mas é necessário diminuir a superproteção e favorecer a estimulação dessas crianças pelos cuidadores. Assim se favorece a promoção da saúde com qualidade de vida para o binômio mãe/filho, aumentando a inserção social e a autonomia desse público na adolescência. A enfermagem de reabilitação tem papel fundamental junto à equipe, focando nos treinos para o autocuidado ou orientação na assistência do cuidador com conhecimento, humanismo e qualidade. Acredita-se que avaliar a funcionalidade de crianças através de instrumento quantificável é de grande valor aos profissionais da neurologia, por nortear o perfil desse público e dos cuidadores, vislumbrando-se o que pode ser potencializado e promovido de independência.(AU)