Dinâmica espacial e temporal da AIDS em Fortaleza, Ceará

Publication year: 2015

A aids manifesta-se de forma desigual nos diversos espaços. Sistemas de Informações Geográficas são recursos eficazes na identificação de áreas prioritárias que demandam ações de controle. Objetivou-se caracterizar a aids no município de Fortaleza-CE, realizar sua distribuição espacial e temporal e identificar aglomerados espaciais. Estudo ecológico, com enfoque em análise espacial. O locus de estudo foi Fortaleza, capital do Ceará, tendo como unidade de análise o bairro. Os dados secundários foram provenientes das fichas de notificação de aids no período de 2002 a 2013 e de dados populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Caracterizou-se a população com aids quanto ao sexo, raça, faixa etária, opção sexual e uso de drogas injetáveis. A distribuição espacial e temporal da incidência deu-se em três períodos, a partir da incidência bruta, padronizada, Bayesiana Global e Bayesiana Local geral e incidência bruta e padronizada por sexo e faixa etária. Analisou-se a autocorrelação espacial pelo índice de Moran. MoranMap foi um recurso de visualização e análise da distribuição da doença por sexo. 5.807 casos com idade igual ou superior a 13 anos e residentes em Fortaleza foram diagnosticados com aids. Houve aumento da incidência padronizada (p=0,038), com tendência linear (R²=0,36). Consistiu em maioria masculina (p=0,022), com linha de tendência em ascensão (R²=0,43) e razão entre os sexos estáveis. A faixa de idade de 40 a 49 anos apresenta incidência média de 7,8 casos/100.000 habitantes, sendo a mais elevada e com significância estatística (p<0,001). A proporção de casos de 13 a 19 anos para o sexo feminino (41,5%) foi estatisticamente significante (p=0,015). A maioria dos casos são pardos, com melhoria do preenchimento ao longo do tempo. A opção sexual majoritária foi heterossexual (60,8%), com piora da qualidade do preenchimento dessa variável. Uso de Drogas Injetáveis (1,3%) teve maioria masculina (81,5%), com significância estatística para a faixa etária de 25 a 29 anos e 45 a 49 anos. Houve autocorrelação espacial positiva na incidência segundo a faixa etária de 30 a 34 anos no primeiro período, 13 a 19 anos no último período e sexo feminino no último período. As incidências brutas e padronizadas tiveram maior amplitude de variação de incidência e identificaram bairros “silenciosos”. A incidência Bayesiana Local permitiu melhor visualização dos aglomerados das taxas. Ao longo do tempo, observou-se “movimentação” dos aglomerados de aids para a porção oeste da cidade, marcada pela pauperização, além de aglomerados constantes no litoral norte, região turística do município. Aglomerados de taxas de aids no sexo masculino podem ser encontrados na porção litoral norte e no sexo feminino em bairros mais empobrecidos economicamente. Os bairros Messejana, Praia de Iracema, Centro, Arraial Moura Brasil, Jacarecanga, Farias Brito, Benfica, Cajazeiras, Barroso, Damas, Couto Fernandes, Montese, Jóquei Clube e João XXIII apresentaram maiores taxas em todo o período. A aids é uma epidemia crescente no município e distribui-se de forma desigual, necessitando de ações de saúde pública nos aglomerados direcionadas quanto às especificidades da população que vive naqueles bairros.(AU)