Publication year: 2015
A segurança relacionada ao sistema de medicação tem sido objeto de pesquisas recentes, principalmente, em relação aos antibacterianos que possuem alta especificidade farmacológica e podem ter sua ação prejudicada em detrimento de erros associados às fases de preparo e administração. Assim, o estudo teve como objetivo geral: Analisar os fatores comportamentais e ambientais envolvidos na ocorrência de erros durante as etapas de preparo de administração de antibacterianos. Trata-se de um estudo observacional, exploratório e transversal, de natureza quantitativa, realizado entre agosto a dezembro de 2014 em Hospital da Rede Sentinela em Fortaleza. A amostra compreendeu 44% das doses de antibióticos das clínicas médicas A e B, 108 e 157, respectivamente.
A coleta de dados se deu em duas fases:
a primeira para caracterizar o perfil sócio ocupacional dos profissionais de enfermagem; e a segunda para identificar as adequações e inadequações comportamentais e ambientais nas fases de preparo e administração. Os dados foram organizados em tabelas e analisados por meio da estatística descritiva e analítica. Todos os princípios bioéticos foram respeitados, conforme aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Ceará, protocolo número 660.897. Os resultados permitiram realizar as seguintes inferências:
a concretização do preparo e administração dos antibacterianos foi realizada por técnicos de enfermagem (100%), predominantemente do sexo feminino, na faixa etária de 31 a 40 anos, que concluíram a formação entre os últimos dez a 20 anos e atuam na área por um período semelhante, no entanto, há menos de dez anos na instituição onde a pesquisa foi realizada. Sobre a influência de fatores ambientais verificou-se que durante o preparo houve inadequação em 136 observações na variável limpeza e em 187 na organização. A dimensão para o preparo foi inadequada na Clínica Médica A (3,8m2), e os itens iluminação, temperatura e ruído foram extremamente oscilantes nos três turnos e nas duas clínicas, com médias geralmente acima do recomendado. Quanto às variáveis comportamentais observou-se: fontes produtoras de interrupções em 145 doses durante o preparo, e, no entanto, não foram estatisticamente significativas para aumentar o tempo de preparo dos antibióticos (p=0,776). Houve maior frequência de não-conformidades respectivamente nas clínicas A e B quanto ao itens: comportamento de utilização da prescrição 86 (79,6%) e 157 (100%); confirmação do nome do paciente 68 (62,9%) e 142 (90,4%); e, monitoramento 84 (77,7%) e 82 (52,2%). Já a Clínica Médica B apresentou maiores índices de conformidade no controle do tempo de infusão 84 (53,5%) e checagem imediata 93 (59,2%). Fator que contribuiu para aumentar as chances de interação medicamentosa foi a ausência de diretrizes com informações sobre o medicamento (p=0,003). A principal categoria de erro encontrada foi o erro de dose (157). Já o antibiótico mais comumente utilizado foi a Piperaciclina + Tazobactan com 51 doses. Conclui-se que o ambiente de trabalho e o comportamento adotado pelos profissionais de enfermagem são condições que podem favorecer a ocorrência de erros com antibióticos. (AU)