Publication year: 2015
Introdução:
A detecção de surtos de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) e sua investigação são atividades de extrema importância para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, pois os resultados da investigação podem identificar a fonte e o veículo do foco de transmissão, contribuir para implantação de medidas apropriadas para a prevenção de casos novos, fornecer informações para o avanço da epidemiologia hospitalar e traduzir a qualidade da vigilância epidemiológica do serviço de saúde.Embora a notificação de surtos seja obrigatória desde 1998, um estudo mostrou que apenas 25% dos eventos são notificados para as autoridades sanitárias. Objetivos:
Identificar, segundo a percepção dos profissionais de controle de IRAS, quais são as limitações para investigação de surto de IRAS e as restrições para notificação do evento às autoridades sanitárias. Métodos:
O estudo utilizou uma abordagem de métodos mistos, sob o desenho convergente paralelo. Para a abordagem quantitativa foi realizado um inquérito utilizando-se um questionário eletrônico na plataforma do DATASUS (FormSUS) e foram incluídos profissionais de controle de IRAS que atuam no Estado de São Paulo. Para a abordagem qualitativa foram realizados grupos focais nas cidades de São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto e foram incluídos os profissionais de controle de IRAS que atuam nessas cidades. Para os resultados do inquérito foi realizada uma análise descritiva e para os achados dos grupos focais foi aplicada a análise de conteúdo.Após a análise das abordagens os resultados foram comparados. Resultados:
Participaram 87 profissionais de controle de infecção no inquérito e 22 profissionais nos grupos focais, sendo a participação de (60%) enfermeiros e (40%) médicos similar nas duas abordagens. Houve convergência nos seguintes temas:
i) Profissionais de controle de infecção têm dificuldade em aplicar conhecimento em investigação de surtos na prática; ii) Recursos humanos e materiais são suficientes, mas há falta de planejamento de trabalho; iii) Apoio institucional frágil para questões relativas ao controle de IRAS; iv) Profissionais de controle de infecção sabem como notificar (84%), mas não sabem a relevância da notificação dos surtos para a saúde pública; vi) Profissionais de controle de infecção não notificam por medo de punição (64%) ou exposição da imagem da instituição (52%). Em dois temas houve a divergência entre as abordagens quantitativas e qualitativas:
i) Laboratório: no inquérito a maioria relatou um bom suporte laboratorial, mas nos grupos focais houve queixas sobre o serviço; ii) Relação com autoridades sanitárias: no inquérito profissionais de controle de infecção citaram uma boa interação (50%) e não punitiva (84%), mas nos grupos focais citaram como insuficiente e punitiva. Conclusão:
O estudo mostrou que as barreiras à investigação de surtos de IRAS e notificação às autoridades sanitárias são conhecimentos, habilidades e apoio institucional. As autoridades sanitárias devem superar estas barreiras, reconstruindo suas estratégias para aproximar os serviços de saúde, bem como fornecer programas educativos translacionais para apoiar a melhoria dos processos de investigação de surto.
Introduction:
Nosocomial outbreak investigations provide relevant insights into the field of healthcare-associated infection prevention. Nevertheless, in a previous study, it were detected that only a quarter of all published nosocomial outbreak investigations were reported to the health authorities in São Paulo State, Brazil in the last ten years. Objectives:
The study aimed at to identify barriers to investigate and to report nosocomial outbreak investigations to the health authorities in São Paulo. Methods:
A mixed methods approach was performed in a convergent parallel design. The quantitative branch of the study was a statewide survey by means of an electronic questionnaire. Only infection control practitioners working in São Paulo State were included. The qualitative branch was carried out by means of focus groups focus group conducted in three major cities (São Paulo, Campinas and Ribeirão Preto).Only infection control practitioners working in these three cities were included in focus groups sessions. Data obtained from the survey and focus groups were individually processed in a descriptive analysis and content analysis, respectively. Results:
Infection control practitioners enrolled were 87 and 22 respectively in the electronic survey and focus group. A similar proportion of nurses (60%) and physicians (40%) were observed in both branches of the study. Data from the survey and FG were convergent regarding to:
i) although most infection control practitioners believe themselves with enough knowledge on nosocomial outbreak investigations, they find difficult to translate this knowledge into practice;ii) the perception is that sufficient human and material resources are present in hospitals, but they perceive overall weak planning in infection control activities; iii) infection control practitioners do not feel supported by hospital managers; iv)The infection control practitioners know the channels to report outbreaks to health authorities (84%), but they see it meaningless; vi) infection control practitioners don\'t report to health authorities because they are mainly concerned about potential punition (64%)or denigration of institutional image (52%).The quantitative and qualitative branch of the study resulted divergent in issues regarding laboratory support and the interaction with health authorities. In the survey the majority of infection control practitioners informed to have good laboratory support (59%), however in focus group participants complained about that. In addition, in the electronic survey participants referred good interaction (50%) and no punishment (84%) related to health authorities, but in focus group they declared a very poor interaction. Conclusion:
The study showed that barriers to nosocomial outbreak investigations and reporting to health authorities are knowledge, skills and hospital manager support. Health authorities should overcome these barriers by rebuilding its strategies to approach health care services as well as delivering translational educational programs to support improvement nosocomial outbreak investigations skills.