Publication year: 2015
Introdução:
A incompatibilidade de medicamento resulta de um fenômeno físico-químico causado pela combinação de dois ou mais medicamentos na mesma solução ou misturados em um mesmo recipiente. Pode ser considerado um erro de medicação pelo potencial de comprometer negativamente o tratamento. Objetivo:
Estimar a incidência de incompatibilidades potenciais de medicamentos administrados por via intravenosa e fatores associados em pacientes críticos. Método:
Coorte retrospectiva conduzida com pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva e Semi-intensiva do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. A amostra foi composta por 110 indivíduos adultos hospitalizados, por pelo menos 72 horas, nessas unidades e submetidos à terapia intravenosa. A incompatibilidade potencial de medicamento foi analisada em duplas de medicamentos, utilizando-se a ferramenta Trissel´s TM 2 Compatibility IV, através da base de dados Micromedex 2.0®. A variável dependente foi a ocorrência de incompatibilidade. As variáveis independentes foram idade, sexo, procedência, tipo de internação, tempo de permanência, SAPSII, índice de Charlson, carga de trabalho de enfermagem, condição de alta, modo de infusão, número de medicamentos prescritos e de prescritores. Na análise dos dados utilizaram-se os testes qui-quadrado de Pearson, Exato de Fisher, Kruskal-Wallis, modelo de análise de variância ANOVA e regressão logística, com significância de p 0,05. Resultados:
A incidência de incompatibilidade potencial de medicamentos foi de 2,7%.Foram prescritos 72 tipos diferentes de medicamentos que formaram 565 duplas, destas, 44,9%, foram compatíveis e 8,8%, incompatíveis. O aparecimento de precipitação (50,0%) foi a alteração físico-química mais identificada, após as combinações via dispositivo em Y. Na frequência de aparecimento, as duplas de medicamentos incompatíveis formadas por fenitoína (32,0%), diazepam (14,0%), midazolam (10,0%) e dobutamina (8,0%) foram as mais identificadas. Cerca de 70% dos pacientes receberam medicamentos prescritos a critério médico, principalmente durante o período noturno. Os fatores de riscos associados à incompatibilidade foram procedência (RC: 1,506; IC: 0,327 - 6,934); tempo de permanência prolongado nas unidades (RC: 1,175; IC: 1,058 - 1,306); maior número de medicamentos prescritos (RC: 1,395; IC: 1,091 -1,784) e carga elevada de trabalho de enfermagem (RC: 1,060; IC: 1,010 -1,113). Conclusão:
O número de medicamentos prescritos aos pacientes críticos, em decorrência da gravidade clínica, aumenta exponencialmente a ocorrência de incompatibilidade e, os expõe a graves consequências. Embora haja outros estudos que identifiquem as incompatibilidades potenciais, observa-se, no cotidiano das unidades críticas, a repetição de rotinas que comprometem a segurança do paciente. A incompatibilidade poderá ser teoricamente diminuída, quando houver ênfase nas medidas preventivas e na contínua educação da equipe multidisciplinar.
Introduction:
Drug incompatibility results from a physicochemical phenomenon caused by the combination of two or more drugs in the same solution or mixed in a single container. It can be considered a medication error due to its potential to compromise the treatment. Objective:
To estimate the incidence of potential incompatibilities of drugs administered intravenously and associated factors in critically ill patients. Methods:
Retrospective cohort study conducted with patients in Intensive and Semi-intensive Care Units at the University Hospital of the University of São Paulo. The sample consisted of 110 adults hospitalized for, at least 72 hours, in these units and submitted to intravenous therapy. The potential drug incompatibility was analyzed in pairs of drugs, using the TM Trissel\'s 2 Compatibility IV tool through Micromedex 2.0® database. The dependent variable was the occurrence of incompatibility. The independent variables were age, gender, origin, type of admission, length of stay, SAPSII, Charlson index, nursing workload (NAS), discharge condition, infusion mode, number of prescription drugs and prescribers. To analyze the data we used the chi-squared Pearson tests, Fisher Exact test, Kruskal-Wallis, ANOVA model and logistic regression, with significance p 0.05. Results:
The incidence of potential incompatibility of drugs was 2.7%. Seventy-two 72 different types of drugs were prescribed forming 565 pairs of which 44.9% were compatible and 8.8%, incompatible. The precipitation onset (50.0%) was most identified physical-chemical change after the combinations via device Y.In frequency of appearance, the pairs of drugs formed by phenytoin (32.0%), diazepam (14.0%), midazolam (10.0%) and dobutamine (8.0%) were the most identified. About 70% of the patients received prescription drugs to medical criteria, especially during the night. Risk factors associated with the incompatibility were origin (OR: 1.506; CI: 0.327 to 6.934); prolonged length of stay in the units (OR: 1.175; CI: 1.058 to 1.306); greater number of prescribed medications (OR: 1.395; CI: 1.091 -1.784) and high nursing workload (OR: 1.060; CI: 1.010 -1.113). Conclusion:
The number of prescription drugs to critically ill patients, due to the clinical severity, exponentially increases the occurrence of incompatibility and exposes them to serious consequences. Although there are other studies that identify the potential incompatibilities, we observe, in the daily life of critical units, repeating routines that compromise patient safety. Incompatibility can be theoretically reduced when there is emphasis on preventive measures and continuous education of the multidisciplinary team.