Publication year: 2021
Resumo:
A simulação clÃnica é uma estratégia de ensino eficaz para que o estudante de enfermagem desenvolva o julgamento clÃnico. No entanto causa ansiedade, sendo importante compreender a melhor forma de utilizá-la. Esta pesquisa teve como objetivo geral avaliar o efeito da repetição de um mesmo cenário de simulação clÃnica de alta fidelidade na ansiedade e no julgamento clÃnico do estudante de graduação em enfermagem. Desenvolveu-se um ensaio clÃnico randomizado, com estudantes de graduação em enfermagem matriculados do quinto ao nono perÃodo, em uma universidade pública do sul do Brasil, entre 2018 e 2020. Após assistirem uma aula teórica sobre rebaixamento do nÃvel de consciência, os estudantes participaram de um cenário de simulação clÃnica sobre a temática. Ao final da simulação foram randomizados para grupo controle, que realizou o cenário uma única vez, e grupo intervenção que repetiu o mesmo cenário duas vezes. Os participantes da pesquisa responderam ao Inventário de Ansiedade Traço-Estado antes e depois dos cenários, e avaliaram o debriefing por meio da Escala de Experiência com o Debriefing. Para a avaliação do julgamento clÃnico utilizou-se a Lasater Clinical Judgment Rubric - Brazilian Version. A amostra analisada foi de 34 estudantes, sendo 18 do grupo controle e 16 do grupo intervenção. Os grupos eram homogêneos e em sua maioria jovens, do sexo feminino, matriculados no oitavo e nono perÃodos. O grupo intervenção apresentou significativamente menos ansiedade antes (p=0,0036) e depois (p=0,0003) da simulação comparado ao controle. Na comparação intragrupo, no grupo intervenção houve redução significativa da ansiedade em dois momentos, depois da segunda simulação (p=0,0391), comparada ao antes da segunda simulação, e depois da segunda simulação (p=0,0070) comparada ao depois da primeira. Antes da primeira simulação 25% do grupo intervenção apresentou ansiedade baixa, depois da segunda simulação, 68,75% apresentavam baixa ansiedade. Na comparação geral do julgamento clÃnico, o grupo intervenção apresentou desempenho significativamente melhor (p=0,0011) que o controle, e na análise intragrupo houve melhora significativa (p=0,0004) ao repetirem o cenário. Na primeira simulação, houve maior frequência de julgamento clÃnico em desenvolvimento nos dois grupos. No entanto, ao repetir o cenário, 56,25% do grupo intervenção apresentou nÃvel proficiente de julgamento clÃnico. A correlação entre julgamento clÃnico e ansiedade foi fraca e negativa, mas melhores julgamentos foram demonstrados quando o nÃvel de ansiedade era baixo ou moderado. Para o grupo intervenção o debriefing foi significativamente melhor (p=0,0378), quando comparado ao controle. Conclui-se que a repetição de um mesmo cenário contribuiu significativamente para a redução da ansiedade antes e depois da simulação e para um melhor julgamento clÃnico, comparado a uma única sessão de simulação, o que sugere que repetir o mesmo cenário pode favorecer a aprendizagem, o desenvolvimento da capacidade de julgamento clÃnico e reduzir a ansiedade dos estudantes na simulação. A avaliação do debriefing mostrou ser importante, e obteve médias altas de avaliação nos dois grupos, mas ao repetir o cenário, os estudantes avaliaram significativamente melhor esta etapa.
Abstract:
Clinical simulation is an effective teaching strategy for nursing undergraduates to develop clinical judgment. However, it causes anxiety, and it is important to understand the best way to use it. This research aimed to evaluate the effect of the repetition of the same scenario of high fidelity clinical simulation in the anxiety and clinical judgment of nursing undergraduates. A randomized clinical trial was developed, with nursing students enrolled from the fifth to the ninth period, in a public university in the South of Brazil between 2018 and 2020. After attending a theoretical class on conscience loss, the students participated in a clinical simulation scenario about this theme. At the end of the simulation, they were randomized to a control group, which performed the scenario only once, and an intervention group that repeated the same scenario twice. Research participants responded to the State-Trait Anxiety Inventory before and after the scenarios, and assessed debriefing using the Debriefing Experience Scale. For the evaluation of clinical judgment, Lasater Clinical Judgment Rubric - Brazilian Version was used. The sample comprised 34 students, 18 from the control group and 16 from the intervention group. The groups were homogeneous and mostly entailed young females, enrolled in the eighth and ninth periods. The intervention group showed significantly less anxiety before (p = 0.0036) and after (p = 0.0003) the simulation compared to the control group. In the intra-group comparison, the intervention group showed a significant reduction in anxiety in two moments: after the second simulation (p = 0.0391) compared to before the second simulation, and after the second simulation (p = 0.0070) compared to after the first one. Before the first simulation, 25% of the intervention group had low anxiety, and after the second simulation, 68.75% had low anxiety. In the general comparison of the clinical judgment, the intervention group performed significantly better (p = 0.0011) than the control group, and in the intra-group analysis, there was significant improvement (p = 0.0004) when repeating the scenario. In the first simulation, there was a higher frequency of clinical judgment in development in both groups. However, by repeating the scenario, 56.25% of the intervention group showed a proficient level of clinical judgment. The correlation between clinical judgment and anxiety was weak and negative, but better clinical judgment was demonstrated when the level of anxiety was low or moderate. For the intervention group, debriefing was significantly better (p = 0.0378) when compared to the control group. It is concluded that the repetition of the same scenario significantly contributed to the reduction of anxiety before and after the simulation, as well as to better clinical judgment if compared to a single simulation session. This data suggests that by repeating the same scenario, learning can be improved, clinical judgment can be developed, and student anxiety can be reduced in the simulation. The debriefing assessment proved to be important, and obtained high averages of assessment in both groups, but when repeating the scenario, the students evaluated that step significantly better.