Publication year: 2015
Introdução:
A presença de limitações funcionais entre os idosos determina a necessidade de cuidado. Essa necessidade aponta demandas desafiadoras para a família e para os serviços de saúde por ser um grupo complexo. Objetivo:
Analisar a necessidade de cuidado, a utilização dos serviços de saúde de idosos residentes no município de São Paulo e as mudanças associadas a essa necessidade ao longo do tempo. Método:
Trata-se de um estudo longitudinal e analítico, de base domiciliar, e utilizou a base de dados do Estudo SABE (Saúde, Bem estar e Envelhecimento) nos anos de 2006 e 2010. A amostra foi constituída por 1413 idosos ( 60 anos). Considerou-se como necessidade de cuidado, a dificuldade do idoso no desempenho das atividades básicas e instrumentais de vida diária de acordo com demandas de auxílio nessas atividades. Para identificar os níveis de necessidade de cuidado, utilizou-se o Escalonamento de Guttman. Para avaliar os fatores associados à necessidade de cuidados e os determinantes da mudança utilizaram-se as análises de Regressão Logística e Multinomial Múltiplas. Resultados:
Quanto à hierarquia das atividades de vida diária, encontraram boa consistência interna (=0,92), coeficiente de reprodutibilidade igual a 98%, uma probabilidade de erro de 2%, um coeficiente de escalabilidade de 0,84 e reprodutibilidade mínima marginal de 0,87. Em relação à classificação da necessidade de cuidados, 53,3% eram independentes para o cuidado, 26,7% apresentavam necessidade mínima, 10,5% necessidade moderada e 9,4% necessidade máxima.Entre os idosos com necessidade de cuidado, 73,0% referiram ajuda de alguém para as suas demandas. Maiores proporções de idosos com necessidade máxima foram encontradas entre aqueles que utilizaram os serviços de saúde como consulta médica, urgência/emergência e internação (43,8%) e naqueles que usaram somente serviço de urgência/emergência e internação (54,1%). Entre os idosos independentes, os fatores determinantes para necessidade mínima foram sexo feminino (RRR=1,81; IC 95%:1,05-3,13), ter 80 anos e mais (RRR=2,84; IC 95%: 1,17-6,86), mobilidade física prejudicada (RRR=2,94; IC 95%: 1,02-8,43); para necessidade moderada, idosos com 80 anos e mais 5,58 [1,55-20,00] e declínio cognitivo (RRR=7,83; IC 95%:1,60-38,24); e, necessidade máxima, ter entre 70 a 79 anos (RRR= 2,60; IC 95%: 1,13-5,96), ter 80 anos e mais (RRR=5,59; IC 95%: 1,87-16,62) e multimorbidade (RRR= 3,50; IC 95%: 1,32-9,30). Processo de fragilização (OR=2,12; IC 95%: 1,05-4,27) e mobilidade física prejudicada (OR=1,77; IC 95%: 1,01-3,12) foram determinantes para a piora da necessidade de cuidado entre os idosos. Conclusão:
A classificação da necessidade de cuidados possibilita a identificação de idosos demandantes de auxílio nas atividades cotidianas e, direcionará os profissionais de saúde na elaboração de uma linha de cuidados. Políticas públicas devem ser elaboradas aos cuidadores, considerando os serviços de saúde e sociais como suporte aos provedores de cuidado.
Introduction:
The presence of functional limitations in the elderly determines the need for care. This necessity represents challenging demands for the family and the health services as it presents a complex group. Objective:
To analyze the need for care, utilization of health care services of elderly residents in the city of São Paulo and the changes associated with this need over time. Method:
This was a longitudinal and analytical home-based study, which used the database of the SABE study (Health, Well-being and Aging) in the years 2006 and 2010. The sample consisted of 1.413 elderly individuals ( 60 years). It was considered as the need for care, the difficulty of the elderly in the performance of basic and instrumental activities of daily living according to aid demands in these activities. To identify the care need levels, we used the Guttman Scaling. To evaluate factors associated with the need for care and determinants of change, the analysis of Multiple Logistic and Multiple Multinomial regression were used. Results:
Regarding the hierarchy of activities of daily living, good internal consistency was found (=0.92), a coefficient of reproducibility of 98%, an error probability of 2%, a scalability factor of 0.84 and minimum marginal reproducibility of 0.87. In relation to the classification of the need for care, 53.3% were independent for care, 26.7% had minimal need, 10.5% moderate need and 9.4% maximum need. Among the elderly in need of care, 73.0% reported having someone to help with requirements.The largest proportion of elderly maximum need were found between those used those who used health services such as medical consultations, urgent/emergency and hospitalization (43.8%) and those who used only emergency service/emergency and hospitalization (54.1%). Among the independent elderly, the determining factors for minimum need were female (RRR = 1.81, CI 95%: 1.05 - 3.13), have 80 and over (RRR = 2.84, CI 95%: 1.17 - 6.86), impaired physical mobility (RRR = 2.94, CI 95%: 1.02 - 8.43); for moderate need, aged 80 years and over (RRR= 5.58; CI 95%: 1.55 - 20.00) and cognitive decline (RRR = 7.83, 95% CI: 1.60 - 38.24); and maximum need, be between 70 to 79 years (RRR = 2.60; CI 95%: 1.13 - 5.96), have 80 and over (RRR = 5.59, CI 95%: 1.87 -16.62) and multimorbidity (RRR = 3.50; CI 95%: 1.32 - 9.30). Process of frailty (OR = 2.12; 95% CI: 1.05 - 4.27) and impaired physical mobility (OR = 1.77; 95% CI: 1.01 - 3.12) Conclusion: Classifying the need for care enables identification of elderly individuals requiring help in the activities of daily living and directs health professionals when developing a range of care. Public policies should be developed for caregivers, considering the health and social services as support for the providers of care.