Publication year: 2021
Resumo:
Os gestores do Complexo do Hospital de Clínicas (CHC) implantaram em 2018 o Serviço de Gestão de Alta, buscando otimizar a continuidade do cuidado, e diminuir a fragmentação da assistência prestada na rede de saúde. Para tanto utilizou-se a contrarreferência para repassar as informações necessárias à atenção primária. O objetivo do estudo foi avaliar a contrarreferência como estratégia para continuidade do cuidado em pacientes de uma maternidade de risco habitual para a atenção primária de saúde. Trata-se de um estudo qualitativo exploratório realizado na Maternidade Victor Ferreira do Amaral (MVFA), parte do CHC, que realiza atenção obstétrica de risco habitual, e nas unidades municipais de saúde (UMS) da Prefeitura de Curitiba, que tem referência com a MVFA, participaram do estudo oito profissionais de saúde da atenção primária e seis mulheres, puérperas atendidas na MVFA e na atenção primária. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas áudiogravadas, realizadas nos meses de outubro e novembro do ano 2020. Após transcrição, os dados foram submetidos a análise temática de Braun e Clarke (2006), com temas e subtemas pré-definidos pelo referencial teórico utilizado, Reid, Haggerty e McKendry (2002). Os profissionais da saúde foram exclusivamente enfermeiros, predominantemente do sexo feminino, com idades entre 25 a 55 anos. As puérperas tinham idades de 18 a 45 anos, e a maioria com formação escolar de nível médio. O discurso dos profissionais foi transformado em extratos, como se pede a análise temática. O resultado originou 24 extratos, estes foram classificados primeiramente de acordo com os tipos de continuidade que se conectavam (gerencial, informacional e relacional), na sequência houve do agrupamento, destes extratos, nas dimensões de cada tipo de continuidade. Os enfermeiros destacaram que o uso da contrarreferência permitiu o acesso às informações, anteriormente desconhecidas, as quais deram subsídios para equipe de saúde promover equidade nos atendimentos, e um cuidado mais eficiente e resolutivo para as puérperas. Esses profissionais consideraram a contrarreferência parte de uma construção da integração dos níveis assistenciais, iniciado por políticas públicas como o Programa Rede Mãe Curitibana Vale a Vida. As mulheres evidenciaram o acesso às informações, sobre o internamento pelos profissionais na UMS, na maior parte dos casos. A comunicação efetiva entre os níveis de atenção, também foi ressaltado por elas, pois,a não adesão a primeira consulta puerperal, ocasionou a busca ativa. Foi apontado pelas puérperas a necessidade de fortalecimento da relação junto aos profissionais da atenção primária, principalmente por experiências problemáticas ligadas ao pré-natal. O período de internamento na MVFA teve repercussão positiva para as estas mulheres, pautado ao bom relacionamento com a equipe de saúde. Os dados obtidos possibilitaram a avaliação da continuidade de cuidado com uso da contrarreferência, e ainda foi possível a análise da percepção dos profissionais e usuárias do sistema de saúde em relação ao instrumento. Pode-se perceber que a contrarreferência contribui para a continuidade do cuidado, abrangendo todas as classificações apontadas pelo referencial teórico utilizado, todos os participantes indicaram sentir algum grau de continuidade do cuidado relacionado ao uso da contrarreferência. Se mostrou necessário a padronização do formulário e uso seja rotineiro, para todas as usuárias que retornam à atenção primária, parece que isso diminuíra ainda mais a possibilidade de fragmentação no atendimento obstétrico entre a maternidade e atenção primária.
Abstract:
The managers of the Clinical Hospital Complex (CHC) implemented in 2018 the Discharge Management Service, seeking to optimize the continuity of care, and reduce the fragmentation of the assistance provided in the health network. To this end, the counter-reference was used to pass on the necessary information to primary care. The objective of the study was to evaluate the counter-reference as a strategy for continuity of care in patients from a usual risk maternity hospital to primary health care. This is an exploratory qualitative study carried out in the maternity Victor Ferreira do Amaral (MVFA), part of the CHC, which performs obstetric care of usual risk, and in municipal health units (UMS) of the Municipality of Curitiba, which has reference with the MVFA, participated in the study eight health professionals from primary care and six women, puerperal assisted in MVFA and primary care. Data collection was performed through audio-recorded interviews, conducted in October and November 2020. After transcription, the data were submitted to thematic analysis by Braun and Clarke (2006), with themes and subthemes predefined by the theoretical framework used, Reid, Haggerty and McKendry (2002). The health professionals were exclusively nurses, predominantly female, aged 25 to 55 years. The puerperal women were aged 18 to 45 years, and most had a high school education. The professionals' discourse was transformed into extracts, as required by thematic analysis. The result originated 24 extracts, which were first classified according to the types of continuity they connected (managerial, informational and relational), and then these extracts were grouped in the dimensions of each type of continuity. The nurses highlighted that the use of counter-reference allowed access to previously unknown information, which gave subsidies for the health team to promote equity in care, and a more efficient and resolution care for puerperal. These professionals considered the counter-reference part of a construction of the integration of the levels of care, initiated by public policies such as the Rede Mãe Curitibana Vale a Vida Program. The women showed access to information about the hospitalization by the professionals at the UMS, in most cases. The effective communication between the levels of care was also highlighted by them, because there is non-adherence to the first puerperal consultation, which caused the active search. Puerperal pointed out the need to strengthen the relationship with primary care professionals, mainly because of problematic experiences related to prenatal care. The period of hospitalization in the MVFA had a positive repercussion for these women, based on the good relationship with the health team. The data obtained allowed the evaluation of the continuity of care with the use of the counterreference, and it was also possible to analyze the perception of professionals and users of the health system in relation to the instrument. It can be perceived that the counter-reference contributes to the continuity of care, covering all the classifications indicated by the theoretical reference used, all the participants indicated feeling some degree of continuity of care related to the use of the counter-reference. It was shown to be necessary to standardize the form and make its use routine for all users who return to primary care, it seems that this will reduce even more the possibility of fragmentation in obstetric care between maternity and primary care.