Espaços sociais da infecção pelo HIV em gestantes: análise espacial dos casos de fortaleza

Publication year: 2014

Embora evidenciados importantes avanços no controle da aids, a epidemia ainda é um problema de saúde pública, mais incidente em grupos de vulnerabilidade, em que se citam as questões sociais e condições de vida. Objetivou-se realizar a análise espacial dos casos de gestantes soropositivas para o HIV e as características socioeconômicas de bairros de Fortaleza, Ceará, Brasil. Estudo ecológico com abordagem espacial. Os dados socioeconômicos foram obtidos a partir do Censo Demográfico de 2010 e os casos de HIV em gestantes, notificados entre 2001 e 2011, nos Sistemas de Notificação de Agravos, Informação de Mortalidade, Internações Hospitalares. Analisaram-se 733 de HIV em gestantes. Utilizaram-se como unidade de análise os 119 bairros de Fortaleza compatibilizados com a malha censitária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Realizou-se análise de correlação de Pearson entre os casos e os indicadores socioeconômicos. A transformação de Freman-Tukey foi realizada para solucionar a instabilidade dos indicadores de desfecho. Empreendeu-se a regressão linear múltipla, identificando indicadores que melhor explicam o evento e em seguida, foi aplicado o modelo de regressão linear espacial. Utilizou-se o índice de Moran para verificar a autocorrelação espacial. Na análise socioeconômica, verificou-se renda mensal média de R$1.766,6 e proporção média de pessoas na faixa da pobreza de 4,7%. Entre os indicadores com índice de Moran significativo, citam-se a proporção de domicílios com 4 a 6 banheiros, a proporção de pessoas na faixa de pobreza e a proporção de domicílios com banheiros ou sanitário de uso exclusivo com esgotamento. Os bairros com melhores condições socioeconômicas estão a norte e nordeste da cidade. Houve associação significativa entre realizar o pré-natal e aderir ao tratamento durante a gestação (p=0,001) e durante o parto, realizar o parto cirúrgico, e iniciar o tratamento nas crianças nas primeiras 24 horas (p<0,001). Houve correlação espacial entre a razão de gestantes com HIV e renda média dos responsáveis, proporção de moradias adequadas, proporção de domicílios com lixo acumulado e proporção de domicílios com 4 a 6 moradores. Estes bairros estão principalmente a noroeste e sudoeste da cidade. A associação geográfica dos casos de gestantes soropositivas para o HIV com os indicadores socioeconômicos evidencia a necessidade de intervenções voltadas à saúde e melhoria das condições de vida. Condições precárias, vistas em regiões de baixa renda, inadequações de moradia e saneamento foram preditores para a ocorrência dos casos. Aponta-se para a necessidade de intervenções mais eficazes e efetivas no combate à transmissão primária e à transmissão vertical do HIV, considerando intervenções relativas ao contexto social, principalmente em regiões socialmente desfavorecidas. (AU)