Prevalência de lombalgias nos enfermeiros

Publication year: 2011

Introdução:

Sabe-se que as lombalgias têm grande impacto na profissão de enfermagem, causando dor, limitação funcional e custos elevados com os cuidados de saúde. Os enfermeiros em contexto hospitalar desenvolvem trabalho envolvendo esforços excessivos e repetitivos, durante longos períodos de tempo, adoptando algumas posturas incorrectas. É frequente a escassez de meios técnicos e humanos, assim como as condições de trabalho restritas, contribuindo como factores de risco de lombalgias, aliados aos factores de risco individuais e socioculturais.

Objectivos:

Avaliar a prevalência de lombalgias nos enfermeiros dos serviços de cirurgia, medicina, neurocirurgia e ortopedia do Centro Hospitalar Tondela-Viseu, EPE. Identificar os principais factores de risco associados às lombalgias. Avaliar a incapacidade funcional dos enfermeiros e constatar se estes apresentam crenças de medo-evitamento relacionadas com o trabalho e com a actividade física.

Metodologia:

A amostra é constituída por 103 enfermeiros, com idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos; trata-se de um estudo quantitativo, de carácter exploratório descritivo, transversal e correlacional. O instrumento de colheita de dados foi aplicado sob a forma de questionário no sentido de avaliar a prevalência de lombalgias e identificar os factores de risco de lombalgias, bem como o Questionário de Dor Lombar e Incapacidade de Quebec (QDLIQ) e o Questionário de Crenças Medo-Evitamento (QCME) para conhecer a incapacidade funcional e as crenças de medo-evitamento relacionadas com o trabalho e com a actividade física, respectivamente.

Resultados:

Os enfermeiros do estudo apresentam uma elevada prevalência de lombalgias (78,64%) nos últimos 12 meses. Os resultados sugerem que a prevalência de lombalgias está relacionada com vários factores sócio-demográficos e profissionais, bem como com a incapacidade funcional e as crenças de medo-evitamento. A percepção de risco de lombalgias relativamente ao contributo dos diferentes factores é genericamente ajustada, apesar de não estar associada à prevalência de lombalgias. Os resultados sugerem igualmente falhas ao nível estrutural, organizacional e dos equipamentos. Constata-se que a maioria dos enfermeiros apresenta incapacidade baixa para realizar actividades físicas inerentes ao seu quotidiano, causada pela(s) lombalgia(s) e apresenta baixas crenças de medo-evitamento relativas a actividade física e ao trabalho.

Conclusão:

Os enfermeiros em estudo apresentam uma prevalência elevada de lombalgias, evidenciando uma incapacidade funcional baixa, assim como, baixas crenças de medo-evitamento). A prevalência de lombalgias está relacionada com as variavéis sócio-demográficas (sexo, grupos etários, índice de massa corporal, actividade desportiva, actividades domésticas e frequência diária de actividades domésticas) e profissionais (carga horária semanal, categoria profissional, rácio enfermeiro/doente e factores organizacionais do local de trabalho), bem como com a incapacidade funcional e as crenças de medo-evitamento.

Introduction:

It is known that low back pain has great impact on the profession of nursing, causing pain, functional limitation and high costs with health care. Nurses in hospital context develop work involving excessive and repetitive efforts over long periods of time, taking some incorrect postures. It is frequent the shortage of technical and human resources, as well as restricted working conditions, contributing as risk factors for low back pain, combined with individual risk and sociocultural factors.

Objectives:

To assess the prevalence of low back pain in nurses of surgery, medicine, neurosurgery and orthopedics of the Hospital Tondela-Viseu, EPE. To identify key risk factors associated with low back pain. To evaluate the functional disability of nurses and see if they have beliefs of fear-avoidance related to the work and with physical activity.

Methodology:

The sample consists of 103 nurses, aged between 25 and 54 years; it is a quantitative, descriptive, exploratory, transversal and correlacional study. The data collection instrument was applied in the form of a questionnaire to assess the prevalence of low back pain and identify risk factors for low back pain, as well as the Questionnaire of Lumbar Pain and Inability of Quebec (QDLIQ) and the Fear-Avoidance Beliefs questionnaire (QCME) to know the functional disability and the beliefs of fear-avoidance related to the work and with physical activity, respectively.

Results:

The nurses’ study showed a high prevalence of low back pain (78.64) over the past 12 months. The results suggest that the prevalence of low back pain is related to various professional and socio-demographic factors, as well as with the functional disability and the beliefs of fear-avoidance. The perception of risk of low back pain for the contribution of different factors is generically adjusted, despite not being associated with the prevalence of low back pain. The results also suggest structural, organizational and equipment failures. It is noted that the majority of nurses presents low inability to perform physical activities inherent in their everyday lives, caused by low back pain (s) and features low fear-avoidance beliefs regarding physical activity and work.

Conclusion:

The nurses in study showed a high prevalence of low back pain, evidencing a low functional disability, as well as low beliefs of fear-avoidance. The prevalence of low back pain is related to the socio-demographic variables (age groups, sex, body mass index, sporting activity, domestic activities and daily domestic activities) and professionals (working hours per week, professional category, nurse/patient ratio and organizational factors of workplace), as well as with the functional disability and the beliefs of fear-avoidance.