Satisfação dos utentes face à prestação de cuidados de saúde

Publication year: 2011

Introdução – A prestação de cuidados de saúde de qualidade é uma questão actual e cada vez mais premente, sendo entendida como uma necessidade intrínseca aos próprios serviços, uma vez que estes existem para servir os utentes. Em consequência, é fundamental ir de encontro às suas necessidades, expectativas e conseguir um elevado grau de satisfação dos mesmos com os cuidados.

Com a realização deste trabalho pretendemos:

descrever as características sócio-demográficas e clínicas da amostra em estudo; determinar a satisfação dos utentes face à prestação de cuidados de saúde, no serviço de Ortopedia da ULSG; identificar as variáveis que mais influenciam a satisfação dos doentes com os cuidados recebidos; e contribuir para a reflexão sobre a problemática. Métodos – Conceptualizámos um estudo transversal, descritivo-correlacional, de natureza quantitativa. Recorremos a uma amostra não probabilística por conveniência, constituída por 52 indivíduos, na sua maioria mulheres, com idades compreendidas entre os 22 e os 89 anos (x=61,56; Dp=18,74). O instrumento de colheita de dados incorporou uma ficha de caracterização sóciodemográfia e clínica, o questionário EQ-5D para avaliação da qualidade de vida e o questionário INPATSAT32, da European Organization for Research and Treatment of Cancer, para a mensuração da percepção dos cuidados recebidos. Resultados – Os receptores de cuidados caracterizaram a sua qualidade de vida como mediana (56,56), sendo que 44,2% apresentam alguns problemas em deambular e 38,5% em lavar-se/despir-se, 40,4% no desempenho das actividades habituais, 61,5% apresentam dores/mal-estar moderados e 50% estão moderadamente ansiosos/deprimidos. A satisfação dos utentes face à prestação de cuidados de saúde apresenta um efeito significativo apenas quando cruzados com os grupos etários 60-79 e 80-99. Verificámos que os mais velhos apresentam melhor percepção sobre os cuidados, isto para as dimensões dos cuidados médicos (p=0.015) e dos cuidados de enfermagem (p=0.015). Constatámos também a existência de relação entre a satisfação e os dias de internamento, sendo muito significativa na correlação com cuidados da equipa médica (p=0.002) e com a satisfação global (p=0.004), sendo menos significativa a correlação com a organização dos serviços (p=0,040). Na sua globalidade os indivíduos da amostra referem-se menos satisfeitos com a disponibilidade e a informação fornecida, contrariamente às competências técnicas e interpessoais. O pior item de avaliação é a acessibilidade/acessos (38,5). Na avaliação global sobre os cuidados de saúde recebidos, verificamos um score de 65,4. O grupo profissional dos enfermeiros é o que tem melhor avaliação (68). Conclusões – A qualidade dos cuidados de saúde implica conhecer o grau de satisfação dos utentes e o sentimento de bem-estar da comunidade em geral. A satisfação com os cuidados é uma componente central na avaliação da qualidade dos cuidados de saúde na perspectiva do utilizador.
Introduction-The health care quality management is a topical issue and increasingly urgent and is viewed as an intrinsic services necessity, since they exist to serve the users. It is therefore essential to meet users needs, expectations and a high degree of satisfaction.

With this work we intend to:

describe the socio-demographic and clinical sample under study; evaluate the satisfaction with health care services of Orthopaedics ULSG; identify the variables that most influence patient satisfaction with the care received and contribute to the debate on the issue. Methods – We conceptualized a cross-sectional descriptive, correlational, quantitative study. We use a non-probabilistic convenience sample consisting of 52 individuals, mostly women, aged between 22 and 89 years (x = 61.56, SD = 18.74). The data collection instrument incorporated a socio-demographic and clinical, the EQ-5D questionnaire for assessing quality of life and IN-PATSAT32 questionnaire (the European Organization for Research and Treatment of Cancer), to measure the perception of care received. Results - The health care receivers characterized the quality of life as median (56.56), 44.2% had some problems in walking, 38.5% in washing and undressing, 40.4% in performance of usual activities, 61.5% had pain/discomfort and 50% are moderately anxious/depressed. The satisfaction with health care revealed a significant effect only when crossed with the age groups 60-79 and 80-99. We found that older people have a better perception of care, for the dimensions of care (p=0.015) and nursing care (p=0.015). We also noted the existence of a relevant relationship between satisfaction and hospital days, a marked significant correlation with the medical care team (p = 0.002) and overall satisfaction (p = 0.004), and a less significant correlation with the organization of services (p = 0.040). In general individuals in the sample refer less satisfied with the availability and the information provided, contrary to the technical and interpersonal skills. The worst grade item is affordability/access (38.5). In the overall evaluation of health care received, we found a score of 65.4. The professional group of nurses was better scored (68). Conclusions - The quality of health care means knowing the degree of user satisfaction and sense of well-being of the community in general. Satisfaction with care is a central component in assessing the quality of health care from the user perspective.