Saúde mental na estratégia saúde da família: estudo sobre as competências de enfermeiros

Publication year: 2014

A atenção em saúde mental sofreu um intenso processo de reestruturação das práticas, passando a incluí-la no espaço da Atenção Primária à Saúde. Para a atuação adequada frente às demandas em saúde mental neste novo cenário, os enfermeiros da Estratégia Saúde da Família devem estar preparados para adotar condutas que sejam alicerçadas em conhecimentos, habilidades e atitudes condizentes às situações do cotidiano. Nesse sentido, o estudo teve como objetivo averiguar as competências dos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família para atuação em saúde mental. Pesquisa metodológica, de abordagem quantitativa, realizada com 149 enfermeiros de unidades básicas de saúde de municípios da 20ª e 21ª Coordenadoria Regional de Saúde do Ceará. Uma escala para coleta dos dados foi elaborada, validada por juízes e aplicada junto aos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família no período de setembro a outubro de 2013. A confiabilidade da escala foi verificada pelo teste de Alfa de Crombach. A validade de conteúdo foi verificada pelo Índice de Validação de Conteúdo (IVC). Foi utilizada a análise estatística descritiva calculada pelas porcentagens das variáveis socioeducacionais, além das medidas de tendência central, tais como média e desvio padrão das categorias da escala. As análises foram feitas comparando-se médias por meio dos testes t de Student e F de Snedecor, contando ainda com análises de associações e correlações das competências com as características dos enfermeiros por meio dos testes não paramétricos de 2. Para todas as análises estatísticas inferenciais foi fixado o nível de significância de 5%. Quanto aos aspectos éticos, foram obedecidas as normas da Resolução 466/ 2012. Os resultados apontaram que o conteúdo da escala foi considerado compreensivo e válido, segundo o comitê de juízes. Para a validade de conteúdo, a escala teve IVC de 0,86. O Alfa de Crombach foi de 0,91, evidenciando excelente confiabilidade. Na amostra houve o predomínio do sexo feminino (87,2%), o estado civil casado(a)/ união estável (59,7%) e faixa etária compreendida entre 30 a 39 anos (51,7%). Os itens que obtiveram os maiores níveis de concordância dentre os enfermeiros estiveram relacionados à competência no relacionamento terapêutico enfermeiro-paciente, de gerenciamento e negociação da oferta de cuidados dentro do sistema de saúde de monitorização e garantia da prática de cuidados em saúde. Quanto à associação entre a escala e as características sociodemográficas e de formação, apresentaram relação faixa etária e as competências de função ensino-orientação (p=0,034) e competência cultural (p=0,044); tempo de formação e as competências de função de ensino-orientação (p=0,002) e monitorização e garantia da prática de cuidados em saúde (p=0,044); e tempo de atuação e a competência ensino-orientação (p=0,006). Considerando a escala total, os maiores escores foram encontrados dentre os profissionais do sexo feminino (98,4 ± 16,7), na faixa etária compreendida entre 45 – 60 anos (101,9 ± 21,7), com tempo de formação maior que 10 anos (99,4 ± 19,1) e tempo de atuação na APS (99,4 ± 19,1). Espera-se que os resultados do estudo contribuam no direcionamento de ações para qualificação da prática em saúde mental no cenário da Atenção Primária à Saúde.