Sobrecarga e estratégias de coping em cuidadores informais de idosos dependentes

Publication year: 2012

Introdução:

Apesar das alterações estruturais e funcionais que a família tem sofrido nos últimos anos, continua a verificar-se que são, na maioria dos casos, os familiares diretos que apoiam estes idosos, assumindo o papel de cuidadores informais, o que lhes acarreta uma sobrecarga, que interfere nas várias áreas da sua vida pessoal, social e profissional. Neste contexto, este estudo procura investigar sobre a sobrecarga e estratégias de coping em cuidadores informais de idosos dependentes.

Métodos:

Trata-se de um estudo transversal, descritivo-correlacional, de natureza quantitativa, no qual participaram 71 cuidadores informais de idosos dependentes, residentes no concelho de Lamego, na sua maioria do sexo feminino (76,06%) e com uma média de idades de 54,20 anos. Para a mensuração das variáveis utilizaram-se instrumentos de medida, de reconhecida fiabilidade, aferidos e validados para a população portuguesa: Escala de Apgar Familiar, Questionário de Avaliação da Sobrecarga do Cuidador Informal (QASCI) e o Questionário Estratégias de Coping do Cuidador Informal (CAMI). Foi também utilizada uma ficha sociodemográfica e clínica.

Resultados:

Concluiu-se que, na generalidade se aceitam as hipóteses formuladas e que houve uma relação direta entre a sobrecarga e as estratégias avaliadas pelas escalas QASCI e CAMI, sugerindo que quanto mais os participantes recorrem a estratégias de coping, menor é a sobrecarga que os mesmos sentem ao cuidar do seu idoso dependente. Alguns cuidadores sentem uma grande sobrecarga causada pelo desempenho de tal papel, apresentando maior sobrecarga os do sexo feminino (essencialmente filhas), estando estas em representação mais significativa na amostra em estudo; os que prestam cuidados ao seu cônjuge; aqueles que assumiram esta função entre 6 e 18 meses, ainda que a maioria tenha admitido que o fazem por iniciativa própria; os que têm um nível de funcionalidade familiar mais baixa; aqueles que vivem em vilas; os sujeitos com idades compreendidas entre os 40 e os 65 anos; os participantes com menor rendimento mensal. Houve participantes a revelarem sentimentos positivos, ou seja, nas dimensões que correspondem a forças positivas da escala obtiveram médias elevadas, denotando integrar aspetos que os capacitam ou facilitam continuar a enfrentar os problemas decorrentes do desempenho desse papel; presença do reconhecimento e do apoio da família perante acontecimentos provocados pela situação de doença e de adaptação do familiar, bem como sentimentos e emoções positivas decorrentes do desempenho do papel de cuidador e da relação afetiva estabelecida entre ambos.

Conclusões:

Perante a importância que os cuidadores informais assumem na prestação de cuidados ao idoso dependente, estes devem ser alvo de atenção de modo a promover a sua qualidade de vida e dos cuidados prestados ao idoso. Por isso, urge cuidar de quem cuida.

Introduction:

In spite of the structural and functional changes that the family has suffered in recent years, it remains that, in most cases, are the relatives who support these elderly, assuming the role of informal caregivers, entailing them an overload, which interferes in many different areas of their personal, social and professional life. In this context, this study aims to investigate the overhead and coping strategies on informal caregivers of dependent elderlies.

Methods:

This is a cross-sectional, correlacional-descriptive, quantitative study, in which participated in 71 informal caregivers of elderly dependents, residents in Lamego, mostly female (76,06%) and with a mean age of 54,20 years. To measure the variables instruments of acknowledged reliability, validated to the Portuguese population were used: Apgar Scale, Family Assessment of Informal Caregiver Overload (QASCI) and the Coping Strategies Questionnaire of Informal Caregiver (CAMI). It was also used a sociodemographic and clinical data sheet.

Results:

It was concluded that, in general, the hypotheses made were accepted and that there was a direct relationship between overhead and the strategies assessed by the scales QASCI and CAMI, suggesting that the more the participants resort to coping strategies, the lower is the overhead that they feel taking care of their elderly dependent. Some caregivers feel a great overhead caused by the performance of this role, being females those who reveal greater overhead (essentially daughters), and they are in larger number in the sample under study; those who take care of his spouse; those who have assumed this function between 6 and 18 months, although most have admitted that do so on their own initiative; those who have a lower level of familiar functionality; those who live in villages; the subjects aged between 40 and 65 years old; participants with lower monthly income. Some participants revealed positive feelings, i.e., on the dimensions that correspond to the positive forces of the scale obtained high averages, denoting integrate aspects that enable or facilitate to continue facing problems arising from the performance of that role; presence of family support and recognition to events caused by the disease situation and adaptation of the familiar, as well as positive feelings and emotions arising from the performance of the role of caregiver and of the affective relationship established between both.

Conclusions:

Due to the importance that informal caregivers assume in the care to elderly dependent, they must be the subject of attention in order to enhance their quality of life and care of the elderly. Therefore, i tis urgently needed to take care of who cares.