Força de preensão manual: marcador de fragilidade física em idosos submetidos ao exame de aptidão para habilitação veicular

Publication year: 2018

Resumo:

Estudo do tipo quantitativo de corte transversal, cujo objetivo foi investigar a associação entre a condição de fragilidade física de idosos, determinada pelo marcador força de preensão manual, e os resultados finais do exame de aptidão física e mental para habilitação veicular. O estudo foi realizado em doze clínicas de trânsito credenciadas para habilitação veicular, da cidade de Curitiba/Paraná. A amostra do tipo probabilística foi constituída por 421 idosos, mediante cálculo amostral e o estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão. A coleta de dados ocorreu no período de janeiro de 2015 a maio de 2016, mediante levantamento de dados sociodemográficos, clínicos, de direção veicular e aplicação dos testes de avaliação do fenótipo de fragilidade física. Os dados foram codificados e organizados em planilha no programa computacional Microsoft Excel® 2007 e efetuada a validação por dupla checagem. As análises foram processadas no software IBM Statistical PacKage for Social Sciences (SPSS), versão 20.0. Os resultados de variáveis quantitativas foram descritos por médias, medianas, valores mínimos e máximos e desvio padrão, e as variáveis qualitativas foram apresentadas em frequências e percentuais. Foram realizadas análises univariadas por meio de teste de quiquadrado, considerando o nível de significância estatística p≤0,05. Quanto às variáveis qualitativas as comparações foram efetivadas pelo teste Exato de Fisher e teste de Qui-quadrado. Para identificar o valor preditivo utilizou-se a análise multivariada e foram ajustados modelos de regressão logística stepwise backward, incluindo inicialmente todas as variáveis que apresentaram p˂0,25 na análise univariada. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob nº833.460. Na amostra constituída por 421 idosos houve predomínio de homens (294; 69,8%), na faixa etária entre 60-69,9 anos (278; 66,0%), com ensino superior completo (160; 38,0%), que trabalham (217; 51,5%), apresentam cognição preservada (249; 59,1%), têm doenças (295; 70,1%) e fazem uso de medicamentos (280; 66,5%). Um percentual de 10,2% dos idosos foi hospitalizado no último ano. Identificaram-se 224 (53,2%) idosos não frágeis e 189 (44,9%) pré-frágeis. O valor médio de Força de Preensão Manual (FPM) encontrado foi 33,7Kgf, os homens com média 37,2 (±7,2) Kgf e as mulheres 25,1(±6,0) Kgf. A condição de fragilidade fisica determinada pelo marcador Força de Preensão Manual não se associou ao resultado final da habilitação veicular (p=0,787). O poder preditivo que considera a Força de Preensão Manual na inaptidão para dirigir foi composto pelas variáveis Força de Preensão Manual inferior a 20Kgf para as mulheres e 30Kgf para os homens, Mini Exame do Estado Mental ≤25 pontos, hospitalização no último ano e escolaridade (ensino primário incompleto ou ensino primário completo e médio incompleto). Conclui-se que não houve evidência de associação significativa entre a FPM, como marcador de fragilidade física, e os resultados dos exames de aptidão física e mental para habilitação veicular. Esse resultado é inquietante, visto que alguns idosos considerados aptos para dirigir, mediante avaliação das clínicas de trânsito, não possuem a FPM necessária para tanto. Espera-se que o presente estudo desperte o interesse dos órgãos de trânsito para a construção de um modelo próprio de avaliação para idosos, com a devida especificidade que o segmento exige. Os resultados fornecem uma contribuição significativa e inédita para os profissionais enfermeiros, uma vez que o contexto da habilitação veicular não era explorado pela enfermagem gerontológica.

Abstract:

A quantitative cross-sectional study which aimed to investigate the association between the condition of frailty of the elderly, determined by the Manual Handgrip Strength marker, and the final results of the physical and mental fitness test for vehicular habilitation. The study was carried out in twelve of the official transit clinics for vehicular habilitation in the city of Curitiba/Paraná. The probabilistic type sample consisted of 421 elderly, by means of sample calculation and the establishment of inclusion and exclusion criteria. The data collection occurred from January 2015 to May 2016, by means of sociodemographic, clinical and vehicular driving data collection, and the application of the physical frailty phenotype evaluation tests. The data was coded and organized into spreadsheets in the Microsoft Excel®2007 computer application and double checked. The analyzes were processed in the IBM Statistical Package for Social Sciences (SPSS) software version 20. The quantitative variables results were described by averages, medians, minimum and maximum values and standard deviations, and the qualitative variables were presented in frequencies and percentages. Univariate analyzes were performed using the chi-square test, considering the level of statistical significance p≤0.05. As for the qualitative variables, the comparisons were carried out using Fisher’s Exact test and the Chi-square test. To identify the predictive value, the multivariate analysis was used, and stepwise backward logistic regression models were adjusted, initially including all variables that presented p<0,25 in the univariate analysis. The research project was approved by the Human Research Ethics Committee under No. 833460. In the sample constituted by 421 elderly there was a predominance of men (294; 69,8%), in the age range of 60-69 years old (278; 66,0%), with higher education (160; 38,0%), who work (217; 51,5%), who present preserved cognition (249; 59,1%), who have diseases (295; 70,1%) and who use medication (280; 66,5%). A percentage of 10,2% of the elderly were hospitalized in the last year. It was identified 224 (53,2%) non-frail and 189 (44,9%) pre-frail elderly. The Handgrip Strength Marker (HSM) average value found was 33,7Kgf, men averaging 37,2 (±7,2) Kgf and women 25,1(±6,0) Kgf. The condition of frailty determined by the Handgrip Strength Marker wasn’t associated to the final result of vehicular habilitation (p=0,787).

The predictive power that considers the Handgrip Strength Marker in the inability to drive was composed by the following variables:

Handgrip Strength lower than 20Kgf for women and 30Kgf for men, MiniMental State Examination ≤25 points, hospitalization in the last year and education (incomplete primary education or completed primary education but incomplete secondary education). It was concluded that there was no evidence of significant association between HSM, as a physical frailty marker, and the results of the physical and mental fitness tests for vehicular habilitation. This result is disturbing, as some of the elderly considered able to drive, by means of transit clinics evaluation, do not have the HSM required to do so. It is hoped that this study will raise the interest of the traffic agencies to build a proper elderly evaluation model, with the appropriate specificity that such segment demands. The results provide a significant and unprecedented contribution to the nursing professionals, as the vehicular habilitation context wasn’t explored by gerontological nursing.

RESUMEN:

Estudio del tipo cuantitativo de corte transversal con el objetivo de investigar la asociacion entre la condicion de fragilidad fisica de ancianos, determinada por el marcador fuerza de prension manual, y los resultados finales del examen de aptitud fisica y mental para permiso de conducir. El estudio se ha realizado en las clinicas de transito acreditadas para permiso de conducir de la ciudad de Curitiba/Parana. La muestra del tipo probabilistica se ha constituido por 421 ancianos, mediante el calculo de muestra y el establecimiento de criterios de inclusion y exclusion. La recogida de datos se realizo en el periodo de enero de 2015 a mayo de 2016, mediante analisis de los datos sociodemograficos, clinicos, de conduccion vehicular, y aplicacion de los test de evaluacion del fenotipo de fragilidad fisica. Los datos han sido codificados y organizados en planilla en el programa computacional Microsoft ExcelR 2007 y realizada la validacion por verificacion doble. Los analisis han sido procesados por el software IBM Statistical PacKage for Social Sciences (SPSS), version 20. Los resultados de las variables cuantitativas han sido descriptos por medias, medianas, valores minimos y maximos y desvios medios, y las variables cualitativas han sido presentadas en frecuencias y porcentuales. Han sido realizados analisis univariados a traves de test de Chi-cuadrado, considerando el nivel de significacion estadistica p?0,05. Con relacion a las variables cualitativas las comparaciones se han realizado por el test Exacto de Fisher y el test de Chi-cuadrado. Para identificar el valor predictivo se ha utilizado el analisis multivariado y han sido ajustados modelos de regresion logistica stepwise backward incluyendose inicialmente todas las variables que han presentado p?0,25 en el analisis univariado. El proyecto de la investigacion fue aprobado por el Comite de Etica en Investigaciones, bajo no833.460. En la muestra constituida por 421 ancianos hubo predominio de hombres (294; 69,8%), en la franja etaria entre 60-69,9 anos (278; 66,0%), con ensenanza superior (160; 38,0%), que trabajan (217; 51,5%), con cognicion preservada (249; 59,1%), que poseen enfermedades (295; 70,1%) y uso de medicamentos (280; 66,5%). Un porcentual del 10,2% de los ancianos ha sido hospitalizado durante el ultimo ano. Se han identificado 224 (53,2%) ancianos no fragiles y 189 (44,9%) pre-fragiles. El valor medio de Fuerza de Prension Manual (FPM) encontrado fue 33,7Kgf, los hombres con media 37,2 (}7,2) Kgf y las mujeres 25,1(}6,0) Kgf. La condicion de fragilidad fisica determinada por el marcador Fuerza de Prension Manual no se ha asociado al resultado final del permiso para conduccion (p=0,787). El poder predictivo para la Fuerza de Prension Manual en la inaptitud para conducir ha sido compuesto por las variables Fuerza de Prension Manual inferior a 20Kgf para las mujeres y 30Kgf para los hombres, Mini Examen del Estado Mental ?25 puntos, hospitalizacion durante el ultimo ano, y escolaridad (ensenanza basica incompleta o ensenanza basica completa y secundaria incompleta). Se ha concluido que no hubo evidencia de asociacion significativa entre la FPM como marcador de fragilidad fisica y los resultados de los examenes de aptitud fisica y mental para permiso para conducir. Este resultado es inquietante, ya que algunos ancianos considerados aptos para conducir, mediante evaluacion de las clinicas de transito, no poseen la FPM necesaria para tal. Se espera que el presente estudio despierte el interes de los organos de transito para la construccion de un modelo propio de evaluacion para los ancianos, con la debida especificidad que el segmento exige. Los resultados ofrecen una contribucion significativa e inedita para los profesionales enfermeros, ya que el contexto del permiso para conducir no era explotado por la enfermeria gerontologica.