Necessidades educativas do cuidador informal da pessoa com esquizofrenia
Publication year: 2012
As orientações políticas sobre a saúde, e particularmente sobre a saúde mental vão no sentido de se manterem os doentes mentais na comunidade, tendo-se verificado um aumento do número de doentes com esquizofrenia a viver com os cuidadores informais. Neste sentido, julgamos que se torna fundamental refletir sobre as necessidades educativas reais dos cuidadores informais da pessoa com esquizofrenia, no contexto onde este presta os cuidados: o domicílio.
Este estudo tem como objetivos:
caracterizar sócio demograficamente o cuidador informal da pessoa com esquizofrenia; compreender o significado atribuído pelo cuidador informal, à doença mental da pessoa com esquizofrenia; conhecer as dificuldades sentidas pelo cuidador informal ao cuidar da pessoa com esquizofrenia; descrever as estratégias utilizadas pelo cuidador informal face às dificuldades em lidar com a pessoa com esquizofrenia; conhecer a ajuda prestada pelos profissionais de saúde, percebida pelo cuidador informal da pessoa com esquizofrenia. Do ponto de vista metodológico, o presente estudo enquadra-se no método de investigação qualitativa, com características fenomelógicas. Participaram no estudo nove cuidadores informais de pessoas com esquizofrenia, seguidas na consulta externa do DPSM-CHTV, EPE. O instrumento de colheita de dados utilizado foi a entrevista semiestruturada. Os resultados sugerem que o doente com esquizofrenia é cuidado sobretudo pela família, sendo as mães os cuidadores por excelência. Trata-se de cuidadores idosos que cuidam do doente há vários anos. Revelam ter poucos conhecimentos acerca da doença mental (esquizofrenia). Apresentam várias dificuldades no papel de cuidador, tais como: dificuldades em lidar com os sintomas do doente, sendo a mais mencionada a agressividade e o isolamento social; dificuldades na execução de tarefas, onde referem a má adesão do doente ao regime terapêutico; dificuldades sociais, relacionadas com a escassez de recursos comunitários; dificuldades psicológicas, através de emoções negativas vividas e dificuldades financeiras. Os cuidadores usam como principal estratégia de coping a fuga ao problema (67%), emoções negativas (22%) e apenas 11% aceita o problema. Quanto ao contributo dos profissionais de saúde, percebidos pelo cuidador informal na sua preparação para o cuidar, a maioria referenciou uma parceria de cuidados não vivida, com ausência de planeamento de alta (78%) e com desconhecimento das suas necessidades (100%). Os enfermeiros (segundo os cuidadores) não contribuíram na preparação para o cuidar.Como necessidades educativas surgem:
fatores básicos sobre a doença mental; lidar com os sintomas do doente; aumentar o funcionamento social do doente e recursos/apoios comunitários. Podemos concluir, que os cuidadores sentem que os serviços de saúde mental não lhes dão o apoio de que necessitam, esperando dos profissionais de saúde/enfermeiros mais informação tendo em conta as suas necessidades como cuidadores. Em função dos dados obtidos, propõe-se que haja uma evolução no sentido de gerar parcerias no cuidar com os cuidadores informais. Deste modo, pretende-se suscitar uma reflexão sobre os cuidados numa área cheia de desafios que implica mais e melhores competências para o enfermeiro - a área da psicoeducação.
Policy guidelines on health, particularly on mental health are guided towards keeping the mentally ill in the community, and it has been verified that an increasing number of patients with schizophrenia live with their informal caregivers. In this sense, we believe that it is important to reflect upon the real educational needs of informal caregivers of people with schizophrenia in the context where they provide care: the home.