Dificuldades do cuidador informal no cuidar da pessoa dependente

Publication year: 2019

Introdução:

Atualmente, as alterações demográficas e epidemiológicas vivenciadas em Portugal tornou-o um pais envelhecido conduzindo à necessidade de cuidar das pessoas dependentes. Surge o cuidador da pessoa dependente que, na maioria dos casos, quer por razões de afinidade, quer por razões económicas é desempenhado pelos indivíduos que se encontram na rede mais próxima da pessoa dependente denominados de cuidadores informais. Assim, este estudo tem como objetivos identificar as dificuldades percecionadas pelos cuidadores informais de pessoas dependentes; identificar as variáveis sociodemográficas e de contexto de prestação de cuidados associadas às dificuldades sentidas pelos cuidadores informais e avaliar a influência do grau de dependência dos indivíduos com as dificuldades sentidas pelos cuidadores informais.

Método:

Realizou-se um estudo transversal e analítico. A amostra ficou constituída por 77 cuidadores informais, sendo a maioria do género feminino (88,3%), com idades compreendidas entre os 22 e os 96 anos (uma média de 57,03±13,52 anos), 84,4% dos cuidadores eram casados / união de facto; 70,1% viviam no meio rural; a maioria possuía habilitações literárias ≤ 1º ciclo (36,4 %) e ≥ 10º ano de escolaridade; pertenciam a um agregado familiar constituído por duas pessoas, habitando com o cônjuge ou companheiro (84,4%). Recorreu-se ao questionário como instrumento de colheita de dados. O questionário era constituído por variáveis sociodemográficas e de contexto de prestação de cuidados referentes ao cuidador informal e à pessoa dependente, pela Escala Carers Assessmente of Dificultys Index (CADI) para identificar as necessidades do cuidador informal e pelo Índice de Barthel para identificar o grau de dependência.

Resultados:

Os cuidadores informais manifestaram como dificuldades as identificadas pelo CADI, problemas relacionais, reações à prestação de cuidaos, exigências de ordem física, restrições na vida social, deficiente apoio familiar, deficiente apoio profissional e os problemas financeiros. Verificou-se que 32,5% dos indivíduos eram totalmente dependentes, 27,2% independentes ou com dependência ligeira, 22,1% com dependência severa e 18,2% com dependência moderada, totalizando 72,8% dos indivíduos da amostra com dependência moderada a elevada. As variáveis sociodemográficas que se associaram com as dificuldades percecionadas pelo cuidador foram a idade (p=0,042), o estado civil (p=0,029) e as habilitações literárias do cuidador (p=0,041). Em relação às variáveis de contexto de prestação de cuidados verificaram-se resultados estatisticamente significativos para as variáveis: tempo de prestação de cuidados, distância de prestação de cuidados, existência de apoios sociais, existência de apoio de outras pessoas e grau de dependência. No que concerne ao grau de dependência percebeu-se que tem influencia na perceção da dificuldades relacionadas com as exigências de ordem física.

Conclusões:

Os cuidadores informais percecionaram algumas dificuldades fruto do cuidar a pessoa dependente. Estas dificuldades através de um acompanhamento estruturado e planeado permitindo a capacitação dos cuidadores podiam ser mitigadas. É, portanto, imperativo o papel do Enfermeiro, designadamente do Enfermeiro Especialista em Saúde Comunitária no desenvolvimento de programas e projetos de intervenção, com vista à capacitação e empowerment das comunidades com o objetivo de promover cuidados de saúde mais abrangentes e promotores da otimização de recursos.

Introduction:

Currently, the demographic and epidemiological changes experienced in Portugal have made it an aged country leading to the need of taking care for people with needs. The caregiver emerges and, in most cases, either for affinity or for economic reasons, is played by individuals who are in the closest network of the dependent person and it’s called informal caregivers. Thus, this study aims to identify the difficulties perceived by informal caregivers of dependent people; The objective of this study is to identify the sociodemographic and care context variables associated with the difficulties experienced by informal caregivers and to evaluate the influence of the dependence degree of individuals with the difficulties experienced by the Informal caregivers.

Method:

A cross-sectional and analytical study was performed. The sample consisted of 77 informal caregivers, being the majority of the female gender (88.3%), aged between 22 and 96 years (an average of 57,03 ± 13,52 years), 84.4% of the caregivers were a couple; 70.1% lived in the rural environment; The majority had literary qualifications ≤ 1st cycle (36.4%) and ≥ 10 years of schooling; belonged to a household consisting of two people, inhabiting with the spouse or partner (84.4%). The questionnaire was used as a data collection tool. The questionnaire consisted of sociodemographic variables and context of care delivery regarding the informal caregiver and the dependent person, the scale carers Assessmente of Difficultys Index (cadi) was used to identify the needs of the caregiver and the Barthel index to identify the degree of dependence.

Results:

Informal caregivers manifested difficulties as identified by the cadi, relational problems, reactions to the provision of care, physical demands, restrictions on social life, poor family support, poor support Professional and financial problems. It was verified that 32.5% of the individuals were totally dependent, 27.2% independent or with slight dependence, 22.1% with severe dependence and 18.2% with moderate dependence, totaling 72.8% of the individuals in the sample with moderate to high dependence. The sociodemographic variables that were associated with the difficulties perceived by the caregiver were age (P = 0,042), marital status (P = 0,029) and Caregiver's literary qualifications (P = 0,041). Regarding the variables of care context, statistically significant results were observed for the variables: time of care delivery, distance of care delivery, existence of social support, existence of Other people and degree of dependence. Regarding the degree of dependence, it was perceived that it has an influence on the perception of difficulties related to the demands of physical order.

Conclusions:

Informal caregivers perceived some difficulties resulting from caring for the dependent person. These difficulties through a structured and planned follow-up allowing the training of caregivers could be mitigated. It is, therefore, imperative the role of the nurse, namely the nurse specialized in community health in the development of programs and intervention projects, with a view to the training and empowerment of communities in order to promote care of Broader health and resource optimization promoters.