Sobrevivendo: significado do adoecimento e o sentido da vida pós ostomia
Surviving: the meaning of illness and the significance of postostomy life

Publication year: 2001

O desafio de apreender formas de reação ao convívio da cronicidade, representada principalmente pelo câncer, e a posterior condição de suportar o corpo transformado por uma ostomia, funda-se na necessidade de compreender essa experiência singular mobilizada pelo adoecimento e modelada por uma lesão corporal. Assim sendo, a pesquisa teve como objetivos: caracterizar aspectos identitários de pessoas que convivem com a cronicidade e com a ostomia e configurar a expressão de sentidos atribuídos por adultos à vida pós-ostomia. Como perspectiva analítica, o estudo pautou-se nas representações sociais, buscando acessar os conteúdos ideativos relativos à experiência em foco, por meio de catorze entrevistas realizadas com adultos no período de março de 1999 a agosto de 2000, respeitando-se os princípios éticos de participação voluntária, esclarecida e consentida. Utilizou-se a análise de conteúdos, agregando por decorrência o recorte e a escolha das unidades de registro, culminando na configuração analógica e progressiva dos elementos dos esquemas representacionais: "O desenrolar temporal do processo de adoecimento" e "O sentido da vida pós-ostomia: os tempos dessa representação". Como dados complementares foram configurados atributos relativos à composição do grupo considerando indicadores biossociais, a autorrepresentação de si antes do adoecimento e o processo de adoecimento, incluindo os diagnósticos seus tempos e sintomas. Como síntese podemos considerar que o sentido maior da sobrevivência foi de investir na vida reelaborando relações e espaços de existência buscando sensações de prazer antes desconsideradas. Nessa trajetória essas pessoas projetaram-se para além do próprio cotidiano na tentativa tanto de justificar-se quanto de repetir experiências emocionais pautadas na necessidade de gerar dependência. Assim, o imaginário se mobiliza para agregar um novo atributo: ser um membro de referência associativa
The challenge of apprehending responsive ways to live with a chronic illness, mainly cancer, and later of coping with the body changed by an ostomy underlies the need to understand this unique experience put forth by illness and shaped by a body injury. Thus, this research objectified: feature convergent aspects in people who live with chronicity and ostomy and configure the expression of life meanings attributed by ostomate adults. In an analytical perspective, the study is founded on the social representations, trying to assess the accounts related to the focused experience through 14 interviews undertaken with adults between March/1999 and August 2000. Such interviews complied with ethical principles and informed consent. Content analysis was used, encompassing outline and selection of recorded units, reaching the analogical and progressive configuration of the elements in the representative design: "The timely development of the illness process" and "The meaning of postostomy life: the time periods of this representation". As supplemented data, attributes related to group composition were configured regarding biosocial indicators, self-image prior to illness, and illness evolution, encompassing periodical diagnoses and symptoms. In summary, we can consider that the greatest significance of survival has been to value life, restructuring relationships and environments, searching for formerly neglected pleasure sensations. In this trajectory, those people transcedend their daily lives searching for justification as well as the recurrence of emotional experiences oriented by the need of generating dependence upon themselves.

Thus their mind is set out to include another attribute:

be a member of social reference, of a peer group