Processo de doação de órgãos para transplante: percepção de familiares de doadores cadáveres
Publication year: 2004
Este estudo teve como objetivo desvelar a percepção de familiares de doadores cadáveres sobre o processo de doação de órgãos para transplante. Para desvelar essa percepção optou-se por realizar uma pesquisa qualitativa, na vertente fenomenológica, segundo a modalidade "estrutura do fenômeno situado". Como forma de desvelar o fenômeno foram entrevistadas sete famílias, utilizando a seguinte questão norteadora: "Como foi o processo de doação dos órgãos, considerando desde o início até o final?". Após a obtenção das descrições, os discursos foram analisados individualmente, sendo feita a análise ideográfica, resgatando os seguintes temas: "A assistência ao paciente", "A informação da morte encefálica e a solicitação da doação", "A decisão e autorização para a doação", "A liberação do corpo" e "Considerações pós doação". Buscou-se desvendar, pela análise nomotética, as convergências e divergências das unidades de significado interpretadas, em direção à estrutura geral do fenômeno. As proposições que emergiram revelaram que, para os familiares de doadores cadáveres de órgãos, o processo de doação inicia-se com a internação do paciente e termina somente com o sepultamento do mesmo, sendo considerado burocrático, demorado, desgastante e cansativo. É percebido como uma situação de empenho, complicações e esperança no tratamento adequado e recuperação do paciente; de choque, dor, desespero e dúvidas com a informação do diagnóstico de morte encefálica; de espanto, irritação e desconfiança com a solicitação da doação de órgãos; de dificuldade e insegurança na tomada de decisão; de ansiedade na liberação do corpo e satisfação pela ajuda às pessoas através da doação de órgãos. A situação vivenciada é sofrida e estressante, mas não há arrependimento quanto à doação dos órgãos, pois embora a dor da perda não termine, a atitude da doação conforta e traz satisfação
The aim of this study was to uncover the perception of relatives of cadaverous´ donors about the organ´s donation process for transplantation. To uncover this perception, a qualitative research was developed, according to the modality "structure of the situated phenomenon". The propositions that emerged revealed that for the relatives of the donors, the process of donation begins with the admission of the patient at the hospital and ends only with the supulture of the patient, being also considered bureaucratic, long, consuming and tiring. It is perceived as a situation that needs diligence, involving complications and hope of an adequate treatment and patiente's recuperation; of shock, pain, despair and doubts with the information of diagnosis of the encephalic death; involving unexpectation, irritation and distrust with the solicitation of organ´s donation; the difficulty and insecurity to take the right decision; anxiety in the liberation of the body and satisfaction by helping people through the organ´s donation. The experienced situation results in suffer and stress, but there is no regret in relation to the organ´s donation, although the pain of loss does not end, the initiative for the donaion comforts and brings satisfaction.