Alocação de recursos escassos em oncologia: a visão do enfermeiro
Allocation of scant resouces in oncology: a nurse's point of view

Publication year: 2005

Trata-se de um estudo prospectivo, descritivo e exploratório, de abordagem quantitativa, que objetivou conhecer a participação dos enfermeiros no processo de alocação de recursos materiais, humanos e físicos; a disponibilidade dos recursos no setor; os critérios utilizados na alocação dos recursos escassos e na seleção de pacientes; a forma de estabelecimento dos critérios utilizados; a conduta realizada com o paciente na falta do tratamento indicado; e as implicações decorrentes da escassez de recursos. Foram entrevistadas 31 enfermeiras que atuavam em 10 CACONs do Município de São Paulo.

Os dados foram coletados através de entrevistas e evidenciaram os seguintes resultados:

a maioria das enfermeiras participa do processo de alocação de recursos materiais, físicos e humanos do setor, entretanto, algumas dessas participações acontecem de maneira indireta; a maioria (67,7%) das enfermeiras vivencia a escassez de recursos com prejuízo à assistência prestada; o recurso humano foi identificado, pelas enfermeiras, como o de maior carência (38,0%) e o físico como o recurso de menor carência (57,1%); o critério de alocação de recursos escassos não foi identificado por 42,8% das enfermeiras e, o critério de objetividade médico-científica foi o mais utilizado na seleção de pacientes (47,6%). Foi evidenciado, também, que, os critérios utilizados na seleção de pacientes são estabelecidos pelos profissionais individualmente; que no caso de não haver o medicamento disponível para o tratamento indicado, o paciente tem o esquema quimioterápico trocado ou se possível, aguarda chegar o medicamento, dependendo da previsão de chegada (52,4%); que a implicação mais frequente decorrente da escassez de recurso, em relação ao profissional, foi o desconforto pela possibilidade de causar algum malefício ao paciente (39,4%) e, para o paciente, a interrupção do tratamento quimioterápico (37,1%). Este estudo, não tem a pretensão de ) esgotar as questões bioéticas que permeiam o contexto apresentado, mas visa contribuir para a compreensão dessas questões que possivelmente, envolvem a prática cotidiana de enfermeiros e alertar para a importância de posturas mais reflexivas diante de situações de escassez de recursos.
This is a prospective, descriptive and exploratory study with a quantitative approach that aimed to understand the nurses' participation in the process of allocating resource supplies, human and space as well; the availability of these resources in the sector; the criteria used to allocate scant resources and patient selection; how these criteria are established; the way the patient is approached in the lack of the referred treatment; and the implications resulting from resource shortage. Thirty-one nurses who worked in 10 CACONs of São Paulo city were interviewed.

The data were collected through interviews and showed the following results:

most nurses take part of the allocation process concerning supplies, space and human resources of the sector; however, some of these participations occur indirectly; most nurses (67.7%) experience shortage of resources, what hampers the delivering of care; human resource was identified as the most necessary (38.0%) and space as the less necessary (57.1%); the criterion for distribution of resources was not identified by 42.8% of the nurses, and the medical-scientific objectivity criterion was the most adopted in order to select patients (47.6%). It was also observed that the criteria used to select patients are chosen by the professional themselves who change the chemotherapic scheme in case the referred medication is not available. When it is possible, they wait until the medication arrives, depending on the deadline (52.4%); the most frequent implication resulting from the shortage of resource, in relation to the professional, was the discomfort caused by the possibility of harming the patient (39.4%) and, to the patient, the interruption of the chemotherapic treatment (37.1%). This study does not have the pretension of exhausting bioethical issues involved in the presented context; however, it aims at contributing to the understanding of these issues that probably involve the nurse daily practice and at calling the attention for the importance of more reflexive postures in the face of resource shortage.