Efeito da música na dor de recém-nascidos pré-termo submetidos à punção arterial
Publication year: 2013
Recém-Nascidos Pré-Termo (RNPT) são submetidos, diariamente, à punção arterial nas primeiras horas de vida para exames de dosagem do pH e gases. A punção arterial, embora dolorosa, raramente é acompanhada de medida analgésica. Objetivou-se avaliar o efeito das intervenções música, música e glicose 25% e glicose 25% no alívio da dor dos RNPT submetidos à punção arterial e analisar a relação das variáveis neonatais e terapêuticas com os escores da dor do RNPT, obtidos através da escala Premature Infant Pain Profile (PIPP). Ensaio clínico randomizado transversal de caráter experimental triplo cego, conduzido no setor da Unidade de Internação Neonatal (UIN) de um hospital público, em Fortaleza/Ceará/Brasil de novembro/2011 a agosto/2012. A amostra constou de 80 RNPT, 24 randomizados no Grupo Experimental 1 (GE1 – música); 33, no Grupo Experimental 2 (GE2 - música e glicose 25%) e 23, no Grupo Controle Positivo (GCP). Uma música de ninar foi tocada durante 10 minutos antes da punção arterial por meio de MP3 interligado ao fone de ouvido, para os neonatos do grupo GE1 e GE2, sendo a glicose 25% administrada para os RNPT do grupo GE2 e GCP dois minutos antes da punção arterial. O desfecho primário foi o escore da dor obtido com a escala PIPP nos 240 segundos após a punção arterial em um intervalo de 30 em 30 segundos. Os desfechos secundários foram alterações relacionadas à mímica facial, Frequência Cardíaca (FC) e Saturação de Oxigênio (SatO2). Pesquisa aprovada por comitê de ética parecer nº 060717/11. Observou-se que as variáveis neonatais numéricas dos RNPT do grupo GE1 versus valores totais PIPP mostraram-se com p significante nas variáveis: perímetro cefálico (PC – p=0,003), perímetro torácico (PT – p=0,032), Apgar 1º (p=0,001), Apgar 5º (p=0,047), idade gestacional corrigida (p=0,003) e idade gestacional corrigida em dias (p=0,008). No grupo GE2 versus valores totais PIPP, o p foi significante nas variáveis: PT (p=0,002), Apgar 1º (p=0,009) e no Apgar 5º (p=0,002). Já no grupo GCP versus valores totais PIPP, o p mostrou-se significante nas variáveis: peso ao nascer (p=0,045) e ao PC (p=0,027). Quanto às variáveis terapêuticas, os RNPT tiveram a maior concentração dos valores PIPP, entre valores ≥7 de dor intensa a moderada. A variável terapêutica significante foi o uso de oxigenoterapia, sendo o Continuous Positive Airway Pressure (CPAP), a medida mais presente nos escores de dor intensa a moderada (p=0,012) no grupo GE2. Em relação ao escore total de dor medido pelos três avaliadores através da escala de dor PIPP, observou-se diferença estatisticamente significante dos escores de dor devido à intervenção (p=0,000). O grupo GE2 (57,6%) apresentou maior porcentagem de dor mínima, ≤ 6, em relação aos outros grupos GE1 (29,2) e GCP (47,8). Conclui-se que é considerada válida a hipótese de que os RNPT submetidos ao efeito da música e glicose 25%, antes e durante a punção arterial, apresentam menores escores de dor, em comparação àqueles em uso somente de música ou de glicose 25%, com uma diferença de 1,5 pontos, conforme a classificação da escala PIPP. (AU)