Prevalência da síndrome metabólica e de seus componentes em universitários
Publication year: 2013
A Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular. A elevação da mortalidade geral em torno de 1,5 e o aumento da mortalidade por problemas cardiovasculares em 2,5 vezes são alguns dos motivos que comprovam a relevância do problema. Um número crescente de indivíduos jovens, em especial os estudantes universitários, tem sido acometido pelo distúrbio metabólico e, até o momento, não existem estudos com essa parcela da população no Brasil. O objetivo dessa investigação foi avaliar a prevalência da SM e de seus componentes individuais numa população de estudantes universitários. Além disso, buscou-se avaliar a influência da área de formação e do período em que o aluno se encontra no curso na prevalência da SM. Estudo transversal, realizado com 702 universitários pertencentes a uma Instituição Pública de Ensino Superior de Fortaleza-Brasil, em 2011. Compuseram a amostra estudantes maiores de 18 anos, devidamente matriculados e frequentando cursos de distintas áreas do conhecimento, a saber: humanas, exatas, agrárias, saúde, ciências e tecnologia. Inicialmente, os estudantes preencheram um instrumento contendo dados de identificação, sociodemográficos e relacionados aos indicadores de saúde, como prática de exercícios físicos, tabagismo e etilismo. Em um segundo momento, foram avaliados os dados antropométricos, altura, peso, circunferência abdominal, índice de massa corporal e pressão arterial. Coletas sanguíneas foram realizadas por um laboratório especializado, respeitando um jejum de doze horas, para glicemia venosa, triglicerídeos, HDL-colesterol e LDL-colesterol. O critério utilizado para o diagnóstico de SM foi do National Cholesterol Education Program – Adult Treatment Panel III (NCEP ATP III). O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Ceará e aprovado conforme o protocolo 208/2010. A prevalência da SM foi de 1,7%. Com relação aos seus componentes, 30,9% e 12,1% dos estudantes possuíam, pelo menos, um ou dois deles, respectivamente. A circunferência abdominal, a pressão arterial, os níveis de glicose sanguínea e de triglicerídeos estiveram aumentados em 5,6%, 8,3%, 12,1% e, 22,5% dos estudantes, respectivamente. Os níveis de HDL-colesterol estiveram diminuídos em 12,0% da amostra. Foi encontrada associação estatisticamente significante entre a prevalência da SM e o IMC (p=0,000). Os estudantes pertencentes à área da saúde apresentaram melhores parâmetros da circunferência abdominal (p=0,011), pressão arterial (p=0,014), glicemia venosa de jejum (p=0,036), HDL-colesterol (p=0,000), IMC (p=0,001) e tabagismo (0,034). Com relação ao período do curso, ficou evidenciado que o uso do álcool é menor nos calouros, quando comparados àqueles estudantes que estão no final do curso (p=0,000). Conclui-se que a prevalência da SM foi baixa entre os estudantes universitários, entretanto, grande parcela deles possui componentes presentes, aumentando as chances do aparecimento do distúrbio com o passar dos anos. Além disso, os estudantes pertencentes à área da saúde apresentaram menos componentes da SM e melhores indicadores de saúde. Estudos de intervenção devem ser realizados na busca de incentivar hábitos de vida saudáveis a todos os universitários, independente da área de formação e período em que se encontram no curso. (AU)