Práticas e saberes dos enfermeiros da atenção básica acerca da colpocitologia oncótica e inspeção visual
Publication year: 2013
As elevadas taxas de morbimortalidade por Câncer de Colo Uterino (CCU) no Brasil podem dever-se à baixa cobertura populacional da Colpocitologia Oncótica (CO), além de condutas terapêuticas e diagnósticas insuficientes e/ou inadequadas. Objetivou-se avaliar as práticas e saberes dos enfermeiros da atenção básica acerca da CO e inspeção visual. Estudo descritivo-correlacional transversal, realizado em uma Instituição de Ensino Superior de Juazeiro do Norte-CE. A amostra foi não probabilística obtida por conveniência, totalizando 144 enfermeiros. Foi aplicado um questionário com informações acerca de conhecimentos dos enfermeiros sobre a Inspeção Visual com Ácido Acético, o teste de Schiller, reconhecimento e capacidade de descrever tecnicamente estruturas que são observadas na prática diária das consultas ginecológicas de enfermagem e a eficácia e segurança do profissional em indicar o aprofundamento diagnóstico quando se depara com uma alteração do colo uterino sugestiva de infecção pelo HPV, independentemente do resultado da CO. A análise exploratória dos dados valeu-se de frequências absolutas e relativas, médias e desvios-padrão, e a análise das variáveis categóricas. Verificou-se que a maioria dos entrevistados possuía idade entre 26 e 30 anos (N=78; 54,2%), com um ano ou menos (N=48; 33,3%) de atuação profissional, e que exerciam suas atividades no PSF (N=100; 69,4%), sobretudo em Juazeiro do Norte (N=49; 34%). Foi ainda verificado que 96,5% acreditavam que ainda existiam muitas informações desconhecidas ou novas sobre propedêutica do CCU e 97,2% reconheciam a necessidade de receberem atualizações, 68,1% afirmaram que a participação em treinamentos não interfere nas demais atividades profissionais. Percebeu-se que a experiência anterior dos enfermeiros na visualização do achado clínico apresentado variou de 14,6% a 48,6%. Na avaliação de práticas e saberes dos enfermeiros acerca do Teste de Schiller, o percentual de acerto maior dos enfermeiros foi de apenas 9,7% no que diz respeito à conservação dessa solução. Acerca da descrição das estruturas apontadas nas imagens clínicas, a estrutura que apresentou maior percentual de acerto (5,5%) entre os enfermeiros foi a identificação do canal cervical e junção escamo-colunar. Verificou-se que a linha de base de conhecimentos sobre a morfologia da cérvice uterina e a capacidade de reconhecer as estruturas anormais era insuficiente para a maior parte dos enfermeiros realizar com segurança a IV e o teste de Schiller. Diante desse resultado é importante a realização de treinamentos com estes profissionais, fato que é corroborado pelo interesse e motivação dos mesmos em relação a estas estratégias.