Publication year: 2021
A prevalência de crianças com necessidades complexas, incluindo crianças ostomizadas, é tendencialmente crescente em todo o mundo. Em Portugal, a investigação científica nesta área é escassa e não existem equipas exclusivamente pediátricas, constrangimentos que conduziram a procura de uma experiência clínica em contexto internacional.
Objetivos:
foram definidos os seguintes objetivos: analisar o estado da arte da Estomaterapia Pediátrica, a nível nacional e internacional; estudar a perceção dos enfermeiros de um hospital pediátrico português sobre os cuidados atuais à criança ostomizada e família e recetividade à constituição de uma equipa integrada de intervenção sistematizada; refletir sobre as implicações dos resultados para a prática clínica, formação e investigação. Metodologia:
os passos metodológicos adotados foram a revisão da literatura, a participação em eventos científicos, a experiência clínica com a Equipa de Estomaterapia do Great Ormond Hospital for Children (Londres) e a aplicação de um questionário a enfermeiros. Resultados:
a revisão da literatura e a participação em eventos científicos revelam que a Estomaterapia Pediátrica é considerada uma ?subespecialidade? ainda pouco explorada, com desafios clínicos e psicossociais únicos. São descritas lacunas nos cuidados, nomeadamente a fragmentação e a carência de sistematização durante o percurso assistencial, contrastando com os modelos ideais de gestão de cuidados e respetivos ganhos clínicos e psicossociais. A experiência clínica foi realizada com uma equipa de intervenção sistematizada, de papel muito diversificado e autonomia na tomada de decisão, que designa o empoderamento como a sua ação major e a satisfação da criança ostomizada e família como o resultado de qualidade primordial. Os resultados da perceção dos enfermeiros sugerem a necessidade da implementação de medidas para aumentar a segurança nos cuidados, sendo unânime a recetividade à constituição de uma equipa com estas caraterísticas e atribuída especial importância à formação nesta área e ao acesso a materiais de ostomias adequados à população pediátrica. Conclusão:
tendo por base os resultados obtidos, propõe-se uma mudança de paradigma na Gestão de Cuidados em Estomaterapia Pediátrica, com a constituição de equipas de referência, desenvolvimento de programas de empoderamento familiar e criação de um grupo nacional. Foram designados como conceitos?chave da qualidade em Estomaterapia Pediátrica a Segurança, o Empoderamento, a Capacitação, a Parceria e a Comunicação.