Perceção de enfermeiros de serviços de urgência sobre violência contra os idosos

Publication year: 2021

Vivemos um cenário de envelhecimento demográfico mundial. Os idosos estão frequentemente expostos a práticas que atentam contra os seus direitos. Muitos são vítimas de violência, não obstante, só uma pequena percentagem denuncia a situação vivenciada junto dos profissionais de saúde. Neste cenário, é reconhecido o papel dos enfermeiros na deteção de situações de violência contra os idosos, em particular, dos enfermeiros dos Serviços de Urgência que estão na linha da frente para o seu reconhecimento. É neste alinhamento que se conduziu um estudo descritivo de abordagem qualitativa, com o objetivo de conhecer a perceção de enfermeiros a exercer funções no Serviço de Urgência sobre violência contra os idosos. Para a sua concretização, realizaram-se 18 entrevistas audiogravadas a enfermeiros de cuidados gerais e enfermeiros especialistas, a exercer funções em Serviços de Urgência de Hospitais da Região Centro de Portugal, selecionados de acordo com o método de amostragem do tipo não probabilístico em bola de neve. Após transcrição de cada entrevista, o tratamento e análise dos dados obtidos foi suportado pelo software WebQDA® (Web Qualitative Data Analysis) e foram identificadas as categorias que refletiram a perceção dos enfermeiros sobre violência contra os idosos, nomeadamente: o seu conceito; visibilidade em geral e nos Serviços de Urgência; tipos e formas de deteção; intervenções realizadas; obstáculos à denúncia e intervenção; e estratégias de melhoria na atuação. Os enfermeiros consideram a violência contra os idosos uma problemática em crescimento e que a sua intervenção tem limitações, sobretudo dificuldades em abordar a problemática com as vítimas, garantindo uma intervenção eficaz e concisa. Reconhecem a necessidade de um trabalho permanente na consciencialização das práticas de enfermagem no cuidado às vítimas de violência, onde se possa assumir uma posição de envolvimento, de crítica e de reflexão sobre essas práticas e sobre os processos educativos. Remetem ainda, para a importância da comunicação em saúde como ferramenta favorecedora de relações organizacionais, interprofissionais e profissional/utente. Os resultados evidenciam a importância do reconhecimento da problemática, da sua consciencialização coletiva e da necessidade de implementação de estratégias que potenciem a qualidade dos cuidados de enfermagem em situações de violência contra idosos.