Nível de dependência e motivação para a cessação tabágica em adolescentes fumadores

Publication year: 2021

Enquadramento:

O sucesso da cessação tabágica não depende apenas do programa implementado, está também associado à motivação do indivíduo e da dependência do mesmo à nicotina (Granda-Orive et al., 2019). Segundo dados da OMS globalmente uma em cada dez raparigas, com idade entre os 13 e os 15 anos e um em cada cinco rapazes no mesmo intervalo de idades, consome tabaco (World Health Organizaton, 2014). Estudos comprovam que a maioria dos fumadores iniciou o consumo de tabaco na adolescência, sendo por isso um indicador de um maior risco de dependência (Muniz, 2018).

Objetivos:

Avaliar o nível de dependência tabágica de adolescentes fumadores e a sua motivação para a cessação tabágica; verificar se existe relação entre ambas as variáveis.

Metodologia:

Investigação quantitativa, descritiva e correlacional. A amostra é constituída por 88 adolescentes com idade entre os 16 e os 19 anos fumadores, que frequentam o 3ºciclo do ensino básico ou ensino secundário de escolas profissionais da zona centro.

Para a colheita de dados foi aplicado um questionário de autopreenchimento constituído por um questionário de caraterização sociodemográfica da amostra e por duas escalas:

Teste de Fagerström para a Dependência da Nicotina (FTND), que avalia o nível de dependência tabágica e a University of Rhode Island Change Assessment (URICA), que avalia a motivação para a cessação tabágica, validadas para a língua Portuguesa.

Resultados:

Verificou-se uma prevalência do género masculino (61,4%) na amostra, com uma média de idade de 17,19 anos, sendo que 82,9% frequentam o ensino secundário e 62,5% dos alunos refere que pelo menos um dos progenitores fuma. Relativamente à dependência tabágica 71,6% apresenta um nível de dependência tabágica baixo. No que se refere à motivação para a cessação tabágica 48,9% dos alunos encontra-se no estádio da pré-contemplação. Observou-se que a idade dos adolescentes se relaciona negativamente com a sua dependência tabágica (p=0,019). Foi também possível constatar que as restantes variáveis independentes (género, hábitos tabágicos parentais) não apresentam relação estatística com a dependência tabágica. Também nenhuma das variáveis independentes apresenta relação com a motivação para a cessação tabágica. Não se verificou relação entre a dependência tabágica e a motivação para a cessação tabágica.

Conclusão:

A cessação tabágica é um processo complexo que é influenciada por vários fatores, tais como a dependência tabágica e a motivação para a cessação tabágica. O conhecimento do estádio de motivação para a mudança é importante, como forma de adequar a intervenção a implementar ao estádio. Deste modo, consideramos essencial a criação de um programa de apoio específico para a cessação tabágica nos adolescentes, baseado na entrevista motivacional.