Publication year: 2021
Enquadramento:
A teoria do sexismo ambivalente postula que o sexismo apresenta duas
componentes: hostil e benevolente (Glick & Fiske, 2001). Determinados autores têm
reportado que o sexismo benevolente é o mais manifestado pelas/os adolescentes e que,
por sua vez, a adolescência é a fase da vida ideal para o enraizamento das crenças sexistas.
Estas apresentam-se como potenciais preditoras da desigualdade de género e violência nas
relações de intimidade e, por esse motivo, é primordial a sua desconstrução e neutralização.
Objetivos:
Identificar as crenças sexistas de adolescentes portugueses e relacionar as
crenças sexistas com as variáveis sociodemográficas e da história relacional.
Método:
Realizou-se um estudo transversal, do tipo descritivo-correlacional, que integrou o
programa de Promoção de Relações de Intimidade Saudáveis. A amostra (não probabilística
de conveniência) foi constituída por 259 adolescentes do 9º ano de escolaridade,
pertencentes aos Agrupamentos de Escolas de Ansião (n = 109) e da Lousã (n = 150), com
idades compreendidas entre os 13 e os 19 anos de idade. Os dados foram colhidos por
questionário de autorresposta, que incluía questões sobre a informação sociodemográfica e
afetivo-sexual e a Escala de Deteção de Sexismo em Adolescentes (Recio et al., 2007).
Resultados:
As/os adolescentes de ambos os agrupamentos de escolas apresentaram
níveis de sexismo relativamente baixos, observando-se níveis mais elevados de sexismo
benevolente, em comparação com os de sexismo hostil. Os níveis de sexismo hostil foram
superiores nos adolescentes (Ansião) e os de sexismo benevolente nas adolescentes
(Lousã). A idade das/os adolescentes associou-se positiva e significativamente a níveis mais
elevados de sexismo, tendência verificada para adolescentes de ambos os sexos (Ansião).
Entre as variáveis afetivo-sexuais, o número de namoradas/os (correlação positiva; Ansião)
e a idade de início das relações sexuais (correlação negativa; Lousã) revelaram-se
correlatos do sexismo.
Conclusões:
No geral, as variáveis sociodemográficas e afetivo-sexuais associam-se às
crenças sexistas das/os adolescentes. A escola assume-se como um contexto privilegiado
para intervir ao nível da diminuição do sexismo. As/os enfermeiras/os especialistas em
saúde materna e obstétrica podem ser consideradas/os profissionais de excelência na
extinção destas crenças, promovendo relações de intimidade saudáveis