Avaliação da manutenção da esterilidade de materiais molhados/úmidos após autoclavação e armazenamento
Sterility maintenance assessment of moisturized/wet packs after steam sterilization and storage
Publication year: 2005
Medidas de segurança no processamento e manutenção da esterilidade de materiais odonto-médico-hospitalares são importantes no controle de infecção hospitalar para garantir qualidade na assistência prestada. Materiais molhados/úmidos podem ocorrer, após autoclavação, mesmo quando todas as normas e procedimentos exigidos forem seguidos. Há recomendações consagradas, oficiais e não oficiais, enfatizando que os materiais molhados/úmidos não devem ser utilizados por serem considerados contaminados. Mas, em busca bibliográfica, não foram encontrados trabalhos cientÃficos evidenciando tal risco. Apesar da conduta-padrão ser a re-esterilização de materiais molhados/úmidos, depara-se com algumas situações difÃceis de gerenciar, como o paciente já anestesiado na sala operatória e não existir material seguro para substituição nem tão pouco a possibilidade de esperar a re-esterilização. Frente a este problema, propôs-se neste trabalho avaliar o efeito da presença de umidade em materiais autoclavados interferindo na manutenção da esterilidade, após intervalos de tempo de armazenamento. Para tanto, delineou-se um estudo experimental laboratorial randomizado desenvolvido em duas etapas. Na Fase 1, pacotes contendo cinco carreadores de porcelana embalados em diferentes invólucros (algodão tecido, papel grau cirúrgico, SMS e papel crepado) foram encharcados em água bidestilada esterilizada antes do ciclo de autoclavação com secagem interrompida e, após contaminados intencionalmente por Serratia marcescens IAL 1855 106 u.f.c./mL e armazenados por 3, 6, 24, 72 horas, 7, 14 e 30 dias. Frente à constatação de que houve falhas metodológicas relacionadas à desintegração das embalagens por excesso de umidade, optou-se pela realização da Fase 2 onde caixas cirúrgicas perfuradas, com 80% de instrumentais em seu interior foram embaladas em uma folha de SMS e externamente contaminadas com Serratia marcescens ATCC 14756 106 u.f.c./mL, ) após ciclo de autoclavação com secagem interrompida. Estas foram armazenadas durante 30 dias. Como material-teste, nesta fase, foram utilizadas argolas feitas com quatro cilindros de porcelana unidas por 6,0cm de fio SEDA 2. Utilizaram-se oito unidades desses materiais-teste em cada caixa nas seguintes posições: 3 nas posições superior e inferior e 2 na posição intermediária. Como tamanho amostral utilizaram-se 160 unidades-teste para o grupo experimental (secagem interrompida) e 160 para o grupo controle negativo (ciclo completo) sob orientação de um bioestatÃstico. Estes experimentos foram também acompanhados com controles positivos. Chegou-se à s seguintes conclusões: 1. Materiais odonto-médico-hospitalares armazenados em embalagens externas encharcadas são contaminados; 2. As embalagens algodão tecido, papel grau cirúrgico, SMS e papel crepado (do grupo controle negativo) mostraram propriedades de biobarreira eficazes, quando submetidas à autoclavação completa, incluindo secagem, mesmo em contato externo com alta carga de Serratia marcescens IAL 1855; 3. A presença de umidade no interior de caixas cirúrgicas perfuradas, embaladas em uma folha de SMS e autoclavadas não interferiu na manutenção da esterilidade de seu conteúdo mesmo após 30 dias de armazenamento. Longe de contrariar as recomendações de que os materiais devam sair secos, após autoclavação, este trabalho trouxe evidências cientÃficas para a segurança do uso do material molhado/úmido em situações emergenciais. Em que pesem os referenciais teórico-metodológicos utilizados nesta pesquisa, os resultados trouxeram ao enfermeiro e à enfermagem subsÃdios cientÃficos para tomada de decisão nas situações práticas relacionadas a materiais molhados/úmidos.
Safety measures in the processing and maintenance of the sterility of medical materials are important in the control of hospital infection in order to guarantee the quality in the given assistance. Moisturized/wet packs can occur after steam sterilization even if all demanded norms and procedures were observed. There are notorious, official and non-official recommendations emphasizing that the moisturized/wet packs do not have to be used due to being considered contaminated. However, a bibliographical search had not found any scientific article evidencing this risk. Although the standard behavior is to resterilize the moisturized/wet packs, some difficult situations to be managed can occur such as the patient is already anesthetized in the operating room and there is not either a backup pack or the possibility to wait for the resterilization. Due to this dilemma, this research aimed to assess the effect of wetness in steam sterilized packs and if the wetness interfere with the maintenance of the sterility after different periods of storage. Therefore, a randomized experimental study developed in two stages was delineated. In the first stage, packs with five porcelain cylinders packed in different packaging systems (woven cotton, peel pouches of plastics, SMS and crepe paper) had been drenched in sterilized bi-distilled water before steam sterilization with drying stage interrupted, intentionally contaminated with Serratia marcescens IAL 1855 106 c.f.u./mL, and then stored by 3, 6, 24, 72 hours, 7, 14 and 30 days. Due to methodological imperfections related to the disintegration of the packaging systems by over wetness, it was decided to accomplish Stage 2 where perforated surgical boxes with 80% of their capacities filled with medical instrumental set, were packed with one leaf of SMS and externally contaminated with Serratia marcescens ATCC 14756 106 c.f.u./mL after a steam sterilization cycle where the drying stage was interrupted. These packs were stored for 30 days. As test materials in this second stage, rings made with 4 porcelain cylinders joined by 6.0 cm of suture silk number 2 had been used.