Predeterminantes de sobrevivência em vítimas de acidentes de trânsito submetidas a atendimento pré-hospitalar de suporte avançado à vida
Survival determinant factors in motor vehicle crash victims submitted to prehospital advanced life support
Publication year: 2005
O Atendimento Pré-hospitalar (APH) é um importante recurso no atendimento à vítimas de trauma. No entanto, há muitas dificuldades para demonstrar o efeito benéfico das intervenções do APH na sobrevivência das vítimas, sobretudo as de suporte avançado à vida (SAV). A proposta deste estudo é caracterizar as vítimas de acidentes trânsito, com Revised Trauma Score (RTS) <11, atendidas pelo SAV municipal e encaminhadas a hospitais terciários em São Paulo, além de identificar as variáveis da fase pré-hospitalar associadas à sobrevivência e avaliar o valor predeterminante dessas variáveis sobre o resultado obtido pelas vítimas.
As variáveis avaliadas foram:
sexo, idade, mecanismos do acidente, procedimentos de suporte básico e SAV realizados, repercussão fisiológica do trauma na cena do acidente, (considerando o RTS , seus parâmetros e flutuações), o tempo consumido no APH, gravidade do trauma segundo o Injury Severity Score (ISS),a Maximum Abbreviated Injury Scale (MAIS) e número de lesões para cada segmento corporal. Os resultados obtidos por 175 vítimas entre 12 e 65 anos, foram submetidos a "Análise de Sobrevivência de Kaplan Meier" e ao "Modelo de Riscos Proporcionais de Cox". A variável dependente foi o tempo de sobrevivência após o acidente, considerando os intervalos até 6h,12h, 24h, 48h, até 7 dias e até o término da internação. Os homens (86,9%) e a faixa etária de 20 a 29 anos (36,0%) foram as mais frequentes. Os atropelamentos (45,1%) e o envolvimento de motocicletas e seus ocupantes (30,9%) foram os destaques dentre os mecanismos de trauma. A média do RTS na cena e do ISS, foram respectivamente 8,8 e 19,4.Os segmentos corpóreos mais atingidos foram:
cabeça (58,8%), membros inferiores (45,1%) e superfície externa (40%). A média de tempo consumido na fase de APH foi 41min (tempo de cena 20,2min). Ocorreram 36% de óbitos, (metade em até 6 horas). A análise estatística revelou ) 24 fatores associados à sobrevivência, dentre eles, os procedimentos respiratórios avançados e os circulatórios básicos, as variáveis relativas ao RTS e a gravidade (ISS, MAIS e o número de lesões). No modelo final de Cox, ter sido submetido a procedimentos respiratórios avançados, compressões torácicas, apresentar lesão abdominal e ISS>25, foi associado a maior risco para o óbito até 48h após o trauma. Até 7 dias, a compressão torácica não se manteve no modelo final e a PAS de zero a 75mmHg apresentou associação com a morte após o acidente. Até a alta hospitalar, a ausência de PAS na avaliação inicial permaneceu no modelo. A reposição de volume foi o único fator com valor protetor para o risco de óbito presente em todos os momentos.
The prehospital care (PH) is an important resource to trauma victims' care. Nevertheless, there is great difficulty in demonstrating the PH intervention's positive effect in victim's survival, especially when concerning the advanced life support (ALS). The aim of this study is to characterize motor vehicle crash victims with Revised Trauma Score (RTS) <11 cared by municipal ALS and moved to tertiary hospitals in São Paulo in addition to identifying the prehospital variables associated to survival, and to evaluate their values as victim survival outcome determinant.