Tecnologias de prevenção e tratamento de lesões por pressão

Publication year: 2021

Resumo:

Introdução: As Lesões por Pressão (LP) são feridas crônicas, não cicatrizam facilmente, causam dor e desconforto e requerem abordagem multiprofissional. Considerado um evento adverso é também indicador da qualidade da assistência prestada à população. A avaliação clínica e epidemiológica constitui uma prática imprescindível para sua prevenção e tratamento, pois compõe a fonte de informações à tomada de decisão do enfermeiro frente aos recursos tecnológicos para a prevenção e redução desse evento ainda presente nas instituições hospitalares. A correta identificação dos fatores de risco e classificação das lesões por pressão são importantes para precisão da magnitude do problema, e à implementação de estratégias de prevenção e tratamento. O uso adequado das tecnologias disponíveis de prevenção e tratamento dessas lesões são essenciais para um tratamento satisfatório e custo efetivo.

Objetivos:

identificar tecnologias de prevenção e tratamento de lesão por pressão e caracterizar o perfil individual e clínico, bem como descrever as características das lesões de pacientes adultos internados, atendidos por um serviço especializado em avaliação, prevenção e tratamento de lesões de pele em um hospital de ensino.

Método:

estudo de coorte, retrospectivo, realizado a partir dos registros dos prontuários da Instituição e planilhas do serviço especializado, no período de abril a julho de 2020.

Resultados:

O perfil clínico e individual dos pacientes adultos hospitalizados que desenvolveram lesão por pressão evidenciou que a maioria era da raça branca (84,1%), do sexo masculino (55,1%), com média de idade de 62 anos (±17,3). Além disso, possuíam duas ou mais comorbidades (91,3%) e exames alterados, especialmente, hipoalbuminemia (96,5%) e anemia (93,3%). Predominaram os diagnósticos do sistema respiratório (49,4%), desses, 20 (47,6%) com diagnóstico confirmado de COVID-19. A maioria das notificações foram na Unidade de Terapia Intensiva (57,6%) e no setor de Centro de Terapia Semi-intensiva (12,5%). O tempo mínimo de internação foi de três dias e o máximo de 104 dias e a mediana para o desenvolvimento da lesão foi de 11 dias de internação. O número total de lesões foi 104, variando de uma a cinco lesões por paciente, com destaque para as lesões de estágio 2 (45%). A localização anatômica mais acometida foi a região sacra (39,4%), seguida da região calcânea (16,3%). A equipe assistencial localizou anatomicamente 73 lesões (70,2%) das 104 e classificou 30 (41,1%) das 73 que localizou. Com relação à tecnologia de avaliação de risco constatou-se que, aproximadamente, 70% dos registros referentes à escala de Braden estavam em branco.

As prescrições de enfermagem mais prevalentes foram:

hidratação corporal sem massagear (17%), manutenção da cabeceira a 30°(16,2%), elevação de calcâneos (15,6%), reposicionamento no leito com frequência (12,7%), reposicionamento no leito no máximo de 2/2h (13,6%) e proteção da pele do contato de dispositivos (12,1%). As tecnologias de tratamento (cobertura) mais utilizadas foram ácido graxo essencial (50,3%) seguida da espuma de poliuretano (29,6%). Na amostra investigada, 55,1% dos pacientes foram a óbito, apenas um com cicatrização, além do mais, três pacientes receberam alta hospitalar com lesão cicatrizada.

Conclusão:

Este estudo contribuiu com a compreensão sobre o risco de lesão por pressão em adultos enfermos, apontou a necessidade de reconhecer os fatores extrínsecos e intrínsecos relacionados ao desenvolvimento da lesão por pressão e permitiu identificar as tecnologias de prevenção e tratamento e conhecer o perfil de pacientes adultos acometidos por lesão por pressão durante internação hospitalar. Estudos prospectivos são imprescindíveis para analisar os fatores de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão e o impacto da adesão às intervenções de prevenção, podendo servir de base para o desenvolvimento de ações preventivas eficazes embasadas cientificamente. Os resultados permitiram traçar a realidade do serviço, fornecendo subsídios para planejamento da assistência, evidenciando os desafios do uso das tecnologias diante da problemática que envolve esse evento.

Abstract:

Introduction: Pressure ulcers/injuries are chronic wounds, do not heal easily, cause pain and discomfort and require a multidisciplinary approach. Considered an adverse event, it is also an indicator of the quality of care provided to the population. Clinical and epidemiological assessment is an essential practice for its prevention and treatment, as it is the source of information for nurses' decision-making regarding technological resources for the prevention and reduction of this event still present in hospital institutions. The correct identification of risk factors and classification of pressure ulcers/injuries are important for the accuracy of the magnitude of the problem, and for the implementation of prevention and treatment strategies. The proper use of available technologies for the prevention and treatment of these injuries is essential for a satisfactory and cost-effective treatment.

Objectives:

to identify pressure ulcers/injuries prevention and treatment technologies and characterize the individual and clinical profile, as well as describe the characteristics of injuries in adult inpatients, treated by a service specialized in the evaluation, prevention and treatment of skin lesions in a hospital education.

Method:

retrospective cohort study, carried out from the institution's medical records and specialized service spreadsheets, from April to July 2020.

Results:

The clinical and individual profile of hospitalized adult patients who developed pressure ulcers/injuries showed that the majority were white (84.1%), male (55.1%), with a mean age of 62 years (± 17.3). In addition, they had two or more comorbidities (91.3%) and altered exams, especially hypoalbuminemia (96.5%) and anemia (93.3%). Diagnoses of the respiratory system predominated (49.4%), of which 20 (47.6%) had a confirmed diagnosis of COVID-19. Most notifications were in the Intensive Care Unit (57.6%) and in the Semi-Intensive Care Center sector (12.5%). The minimum hospital stay was three days and the maximum 104 days, and the median for the development of the lesion was 11 days of hospitalization. The total number of injuries was 104, ranging from one to five injuries per patient, especially stage 2 injuries (45%). The most affected anatomical location was the sacral region (39.4%), followed by the calcaneal region (16.3%). The care team anatomically located 73 lesions (70.2%) of the 104 and classified 30 (41.1%) of the 73 they found. Regarding the risk assessment technology, it was found that approximately 70% of the records referring to the Braden scale were blank.

The most prevalent nursing prescriptions were:

body hydration without massaging (17%), headboard maintenance at 30°(16.2%), heel elevation (15.6%), frequent bed repositioning (12.7% ), repositioning in bed for a maximum of 2/2 hours (13.6%) and protection of the skin from contact with devices (12.1%). The most used treatment technologies (cover) were essential fatty acid (50.3%) followed by polyurethane foam (29.6%). In the investigated sample, 55.1% of the patients died, only one with healing, in addition, three patients were discharged from hospital with a healed lesion.

Conclusion:

This study contributed to the understanding of the risk of pressure ulcers/injuries in sick adults, pointed out the need to recognize the extrinsic and intrinsic factors related to the development of pressure ulcers/injuries and allowed to identify prevention and treatment technologies and to know the profile of adult patients affected by pressure ulcers/injuries during hospitalization. Prospective studies are essential to analyze the risk factors for the development of pressure ulcers/injuries and the impact of adherence to prevention interventions, which can serve as a basis for the development of scientifically-based effective preventive actions. The results allowed us to trace the reality of the service, providing support for care planning, highlighting the challenges of using technologies in the face of the problem surrounding this event.