Avaliação e intervenção familiar em famílias com uma pessoa dependente: o contributo do Enfermeiro de Família

Publication year: 2021

O presente relatório reporta o desenvolvimento de competências de enfermagem especializada de Saúde Familiar e a sua elaboração promove a prática de uma reflexão crítica sobre o percurso realizado no Estágio de natureza profissional, desenvolvido na Unidade de Saúde Familiar Horizonte no período de 6 de Outubro de 2020 a 21 de Abril de 2021. Este contexto serviu à realização de um estudo de investigação, subordinado à temática do contributo do Enfermeiro de Família na Avaliação e Intervenção Familiar em famílias com uma pessoa dependente. A Enfermagem sempre reconheceu a importância da família na promoção e manutenção da saúde dos seus elementos. O contexto familiar e o domicílio como espaço privilegiado para a interação familiar, apresentam-se como uma realidade onde ocorrem situações em que o estado de doença num familiar, interfere em outros membros da família e na família como um todo. Qualquer doença aguda ou crónica tem influência a nível emocional, social e funcional na família, assim como nas formas de decisão familiar e de esta encarar o seu processo de desenvolvimento vital integrando adequadamente novas experiências.

Objetivo:

Avaliar o contributo do Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária na área de Enfermagem de Saúde Familiar, na avaliação e intervenção na família, junto de famílias com pessoas dependentes em contexto domiciliar, aplicando o referencial teórico e operativo Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar e avaliar o impacto dos cuidados de enfermagem.

Método:

Realizado estudo de casos múltiplos e um ciclo de uma investigação-ação, recorrendo-se ao uso do MDAIF como referencial teórico e operativo do processo de avaliação e intervenção familiar. De forma colaborativa com as famílias foram elaborados e implementados planos de intervenção individualizados em contexto de visita domiciliária, dirigido aos problemas identificados. A avaliação pré intervenção preconizou a recolha de dados familiares diretos e contextuais com recurso a entrevista e aplicação de instrumentos de avaliação familiar (matriz operativa do MDAIF, Genograma, Ecomapa, Escala de Graffar, Escala FACES II, Escala de Readaptação Social de Holmes e Rahe, APGAR familiar de Smilkstein) e de dependência (Índice de Barthel). A avaliação pós intervenção contemplou a avaliação do impacto das intervenções de enfermagem junto das famílias a partir das modificações positivas dos estados dos diagnósticos de enfermagem, definidos inicialmente, conducentes com ganhos de saúde familiar.

Resultados:

O exercício de uma prática de Enfermagem diferenciada no âmbito da Saúde Familiar, com recurso a referenciais teóricos e operativos do estudo da multidimensionalidade familiar, juntamente com o uso dos vários instrumentos de avaliação familiar permitiu identificar nas famílias necessidades sensíveis ao exercício do Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária na área de Enfermagem de Saúde Familiar, sendo possível elaborar e implementar planos de intervenção individualizados com repercussão favorável no estado dos diagnósticos de enfermagem. Do total de diagnósticos elaborados, 65% sofreram alteração após a implementação das estratégias interventivas, revelando impacto na superação de necessidades de cuidados identificados nas famílias.

Conclusão:

O Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária na área de Enfermagem de Saúde Familiar tem um papel de relevo na avaliação e intervenção em famílias com uma pessoa dependente, suportado em saber específico, enfatizando a família enquanto objeto de estudo e intervenção e dando um contributo importante na mudança de paradigma assistencial. O desempenho diferenciado do Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária na área de Enfermagem de Saúde Familiar enriquece a prática de enfermagem, valorizada pela promoção de cuidados de saúde seguros e de qualidade e demonstra ganhos em saúde para o sistema familiar e seus constituintes, com repercussão em sistemas mais amplos.
This report concerns the development of specialized nursing skills in Family Health and its elaboration promotes the practice of a critical reflection on the path carried out in the Professional Internship, developed at the Horizonte Family Health Unit in the period of 6 October 2020 on April 21, 2021. This context served to carry out a research study, under the theme of the contribution of the Family Nurse in Family Assessment and Intervention in families with a dependent person. Nursing has always recognized the importance of the family in promoting and maintaining the health of its members. The family context and the home as a privileged space for family interaction, present themselves as a reality where situations occur in which the disease state in a family member interferes with other family members and the family as a whole. Any acute or chronic illness has an emotional, social and functional influence on the family, as well as on the ways in which the family makes a decision and how it faces its vital development process, adequately integrating new experiences.

Objective:

To evaluate the contribution of Specialist Nurse in Community Nursing in the area of Family Health Nursing, in the assessment and intervention in the family, with families with dependent people in the home context, applying the theoretical and operational framework Dynamic Model of Family Assessment and Intervention and assess the impact of nursing care.

Method:

A study of multiple cases and a cycle of an action-investigation was carried out, using the MDAIF as a theoretical and operational framework for the process of family assessment and intervention. In a collaborative way with the families, individual intervention plans were drawn up and implemented in the context of home visits, aimed at the identified problems. The pre-intervention assessment called for the collection of direct and contextual family data using interviews and the application of family assessment instruments (MDAIF operative matrix, genogram, ecomap, Graffar Scale, FACES II Scale, Holmes and Rahe Social Readaptation Scale, Smilkstein APGAR family Scale) and dependence (Barthel Index). The post-intervention evaluation included the assessment of the impact of nursing interventions on families based on the positive changes in the status of nursing diagnoses, initially defined, leading to gains in family health.

Results:

The exercise of a differentiated nursing practice in the context of Family Health, using theoretical and operational references from the study of family multidimensionality, together with the use of various family assessment instruments, allowed the identification of sensitive needs in the families, regarding the practice of Specialist Nurse in Community Nursing in the area of Family Health Nursing, making it possible to develop and implement individualized intervention plans with a favorable impact on the state of nursing diagnoses. Of the total number of diagnoses made, 65% underwent changes after the implementation of intervention strategies, revealing an impact on overcoming the care needs identified in the families.

Conclusion:

The Nurse Specialist in Community Nursing in the area of Family Health Nursing has an important role in the assessment and intervention in families with a dependent person, supported by specific knowledge, emphasizing the family as an object of study and intervention and making an important contribution in the change of care paradigm. The differentiated performance of the Nurse Specialist in Community Nursing in the area of Family Health Nursing enriches nursing practice, valued by the promotion of safe and quality health care and demonstrates health gains for the family system and its constituents, with repercussions on systems wider.