Feixe de intervenções na manutenção do cateter venoso central: saberes e práticas de enfermeiros numa unidade de cuidados intensivos
Publication year: 2021
O uso de cateter venoso central (CVC) e a sua manutenção associa-se a infeções, locais ou sistémicas, aumentando a probabilidade de infeção, principalmente, por agentes multirresistentes. As infeções associadas ao CVC são muito frequentes e responsáveis pelo aumento de custos para a instituição com maior tempo de internamento e com aumento de taxas de morbimortalidade, nomeadamente em utentes que se encontram nas UCI. O objetivo principal deste estudo foi analisar a associação entre os saberes e as práticas dos enfermeiros relativos ao feixe de intervenções na manutenção do CVC numa UCI de adultos polivalente de um hospital universitário do Norte de Portugal. O método adotado foi o quantitativo, tendo-se desenhado um estudo descritivo-correlacional, com uma amostra de voluntários e como instrumentos de recolha de dados utilizou-se o questionário e a observação. A amostra, composta por 42 enfermeiros, é predominantemente do sexo feminino (76,2%). O grupo etário mais representado foi dos 31-40 anos (45,2%) e a maioria é casado(a)/união de facto (57,1%). Predominam os enfermeiros licenciados (73,8%), com especialidade (54;8%), sendo a Enfermagem Médico-Cirúrgica (91,3%) a especialidade mais registada. Os resultados demonstraram que a formação sobre o feixe de intervenções na manutenção do CVC foi reportada por 21,4% dos enfermeiros. Destes, 55,6% frequentou a formação em serviço de implementação da Bundle. Relativamente aos saberes dos enfermeiros, os resultados demonstraram que 100% reconhece a importância de: avaliar diariamente a necessidade de manter o CVC e identificar o motivo; higienizar as mãos antes de manusear o CVC; realizar tratamento da ferida na periodicidade adequada utilizando técnica asséptica. Com valores inferiores, 83,3% reconhece a fricção com solução antisséptica com base alcoólica (SABA) como técnica na higienização das mãos. Ainda em relação aos saberes, os resultados revelaram que os enfermeiros reconhecem a importância de: garantir o orifício de inserção limpo e sem sangue; utilizar máscara cirúrgica, luvas esterilizadas, campo esterilizado de suporte para material de pensos; utilizar cloro-hexidina a 2% com álcool na antissepsia da pele e datar o penso; bem como proceder à substituição dos sistemas de perfusão, datando a sua substituição. Face às práticas observou-se uma adesão de 69,0% à utilização da fricção com SABA. 97,6% utilizam cloro-hexidina a 2% com álcool, para a descontaminação das conexões de manuseamento e dos pontos de acesso dos sistemas e prolongadores. 100% da amostra identificou o(s) motivo(s) para a realização do tratamento da ferida e procede ao seu tratamento dentro da periodicidade adequada e com técnica asséptica cirúrgica. Na observação da prática, e à semelhança dos resultados dos saberes, os enfermeiros também garantem o orifício de inserção limpo e sem sangue, utilizam máscara cirúrgica e realizam os restantes procedimentos. Após a análise, não se verificou uma associação estatisticamente significativa entre as práticas e os saberes dos enfermeiros relativos ao feixe de intervenções na manutenção do CVC. Conclui-se que os enfermeiros possuem elevado conhecimento do feixe de intervenções na manutenção e manipulação do CVC e que na sua prática profissional quotidiana recorrem à sua implementação.
The use of central venous catheter (CVC) and its maintenance is associated with infections, local or systemic, increasing the probability of infection, mainly by multidrug-resistant agents. Infections associated with CVC are very frequent and responsible for the increase in costs for the institution with longer hospital stays and increase morbidity and mortality rates, particularly in users who are in the ICU. The main objective of this study was to analyze the association between nurses' knowledge and practices regarding the range of interventions in CVC maintenance in a multipurpose adult ICU of a university hospital in Northern Portugal. The method adopted was the quantitative one, having been designed a descriptive-correlational study, with a sample of volunteers and as instruments of data collection it was used the questionnaire and the observation. The sample, consisting of 42 nurses, is predominantly female (76.2%). The most represented age group was between 31-40 years old (45.2%) and the majority is married/covenant (57.1%). There is a predominance of licensed nurses (73.8%), with a specialty (54.8%), with Medical-Surgical Nursing (91.3%) being the most registered specialty. The results showed that training on the range of interventions in CVC maintenance was reported by 21.4% of nurses. Of these, 55.6% attended Bundle implementation in-service training. Regarding the nurses' knowledge, the results showed that 100% recognize the importance of: daily assessing the need to maintain the CVC and identifying the reason; sanitize your hands before handling the CVC; perform wound treatment at the appropriate frequency using aseptic technique. With lower values, 83.3% recognize rubbing with an alcohol-based solution (SABA) as a technique for hand hygiene. Still in relation to knowledge, the results revealed that nurses recognize the importance of: ensuring the insertion hole is clean and free of blood; use surgical mask, sterile gloves, sterile field support for dressing material; use 2% chlorhexidine with alcohol for skin antisepsis and date the dressing; as well as proceeding with the replacement of the infusion systems, dating their replacement. In view of the practices, there was an adherence of 69.0% to the use of rubbing with an alcoholic-based solution (SABA). 97.6% use 2% chlorhexidine, with alcohol for the decontamination of handling connections and access points of systems and extensions. 100% of the sample identified the reason(s) for performing the treatment of the wound and proceeded with its treatment within the proper frequency and with aseptic surgical technique. In observing the practice, and similarly to the results of knowledge, nurses also ensure the insertion hole is clean and free of blood, use a surgical mask and perform the remaining procedures. After the analysis, there was no statistically significant association between nurses' practices and knowledge regarding the range of interventions in CVC maintenance. It is concluded that nurses have a high knowledge of the range of interventions in the maintenance and handling of the CVC and that in their daily professional practice they resort to its implementation.