A prática simulada em contexto de bradicardia extrema: contributos para a formação contínua de enfermeiros de uma equipa de emergência intra-hospitalar
Publication year: 2022
A formação contínua e o desenvolvimento profissional são referidos na literatura como fatores essenciais para atingir e manter uma prestação de cuidados baseada na evidência e, consequentemente, cuidados de excelência. Todos os profissionais que prestam cuidados à pessoa em situação crítica, nomeadamente na Equipa de Emergência Médica Intra-Hospitalar (EEMI), têm a responsabilidade de aprofundar e manter atualizadas as suas competências em reanimação, onde a possibilidade de sobrevivência da pessoa em situação crítica, nomeadamente com bradicardia extrema, depende da eficácia da resposta à emergência. Considerando que a simulação no ensino de enfermagem é identificada como uma estratégia de formação de excelência em cuidados de saúde, esta promove a melhoria das competências e capacidades técnicas e não técnicas, reproduzindo em ambiente controlado situações reais. Este estudo tem como objetivo verificar os contributos da prática simulada nos ganhos percebidos e na satisfação dos Enfermeiros que integram a da EEMI, num Serviço de Urgência Básico (SUB), em contexto de bradicardia extrema. Para tal, foi desenvolvido um estudo quase-experimental, com desenho antes/após, de grupo único integrando uma amostra de oito enfermeiros, distribuídos em equipas de dois elementos. Numa fase preliminar, utilizou-se um questionário para validar a pertinência e viabilidade do estudo. Na segunda fase foi criada e validada uma grelha de observação de Competências Técnicas (GOCBE) que constituiu o instrumento de colheita de dados, juntamente com uma grelha de observação de Competências Não Técnicas Baseada em Ações, Escala de Ganhos Percebidos com as Experiências Clínicas Simuladas (EGPSA) e Escala de Satisfação com as Experiências Clínicas Simuladas (ESECS) validadas para a população portuguesa. As competências das equipas foram avaliadas pela sua exposição a um cenário simulado antes e depois (pós-teste) da participação no mesmo. Como resultados, observa-se um aumento da média global da GOCBE no 3º e 4º grupo, do 1º para o 2º momento (1,32 para 1,51 e 1,25 para 1,61, respetivamente). O grupo 2 manteve a mesma média e o grupo 1 diminuiu do 1º para o 2º momento de 1,44 para 1,04. Quanto às competências não técnicas, verifica-se um aumento das pontuações médias, do 1º para o 2º momento, em todos os grupos, sendo a competência não técnica “Comunicação” a que apresentou um maior aumento entre o 1º e 2º momento, em todos os grupos, de 0,58 para 0,89. Relativamente aos ganhos percebidos, constata-se um aumento dos valores médios, do 1º momento para o 2º momento, tanto na escala global, como nas suas cinco dimensões, particularmente, na dimensão Cognitiva e Interventiva, observando-se diferenças estatisticamente significativas, tanto na escala global (p=0,018), como nas suas dimensões, exceto na dimensão Atitudinal, que apesar da média ser superior no 2º momento, não se verificaram mudanças significativas entre as duas avaliações. Na satisfação com a intervenção (prática simulada), globalmente os enfermeiros da EEMI, mostraram-se muito satisfeitos, correspondendo à máxima pontuação da escala (10 pontos), constatando-se também nas suas três dimensões. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre o tempo de atividade profissional no SUB e a satisfação dos enfermeiros e não se encontrou correlação entre a satisfação dos enfermeiros e os ganhos percebidos após a intervenção. Considerando os resultados deste estudo, apesar de circunscritos a um contexto e com uma amostra bastante limitada, em alinhamento com a literatura, vislumbra-se que esta estratégia de formação contínua pode promover a aquisição e desenvolvimento de competências profissionais nos enfermeiros das EEMI, para uma intervenção de mais qualidade, designadamente, perante a pessoa em situação de bradicardia extrema.
Continuing education and professional development are referred to in the literature as essential factors to achieve and maintain evidence-based care and, consequently, excellent care. All professionals who provide care to a person in critical condition, namely in the Intra-Hospital Medical Emergency Team (EEMI), have the responsibility to deepen and update their skills in resuscitation, where the possibility of survival of the person in a critical situation, particularly with extreme bradycardia, it depends on the effectiveness of the emergency response. Considering that simulation in nursing education is identified as an excellent training strategy in health care, it promotes the improvement of technical and non-technical skills and abilities, reproducing real situations in a controlled environment. This study aims to check the contributions of simulated practice in the perceived gains and satisfaction of nurses who are part of the EEMI, in a Basic Emergency Service (SUB), in a context of extreme bradycardia. To this end, it was developed a quasi-experimental study, with a before/after design, of a single group, included a sample of eight nurses, distributed in teams of two elements. In a preliminary phase, a questionnaire was used to validate the relevance and feasibility of the study. In the second phase, a Technical Skills Observation Grid (GOCBE) was created and validated as a data collection instrument, along with an Action-Based Non-Technical Skills Observation Grid, Scale of Perceived Gains with Simulated Clinical Experiences (EGPSA) and the Satisfaction with Simulated Clinical Experiences Scale (ESECS) validated for the Portuguese population. The teams' skills were assessed by their exposure to a simulated scenario before and after (post-test) participation in it. As a result, there is an increase in the global average of GOCBE in the 3rd and 4th group, from the 1st to the 2nd moment (1.32 to 1.51 and 1.25 to 1.61, respectively). Group 2 maintained the same mean and group 1 decreased from the 1st to the 2nd moment from 1.44 to 1.04. As for non-technical skills, there is an increase in average scores, from the 1st to the 2nd moment, in all groups, with the non-technical competence “Communication” showing the greatest increase between the 1st and 2nd moment, in all the groups, from 0.58 to 0.89. Regarding perceived gains, there is an increase in the average values, from the 1st to the 2nd moment, both on the global scale and in its five dimensions, particularly in the Cognitive and Interventional dimension, observing statistically significant differences, both in the global scale (p=0.018), as in its dimensions, except for the Attitudinal dimension, which despite the average being higher in the 2nd moment, there were no significant changes between the two assessments. In terms of satisfaction with the intervention (simulated practice), overall, the EEMI nurses were very satisfied, corresponding to the maximum score on the scale (10 points), also found in its three dimensions. There were no statistically significant differences between the length of professional activity in the SUB and the nurses' satisfaction, and no correlation was found between the nurses' satisfaction and the gains perceived after the intervention. Considering the results of this study, despite being limited to a context and with a very limited sample, in line with the literature, it is clear that this continuing education strategy can promote the acquisition and development of professional skills in EEMI nurses, for a intervention of higher quality, namely, before the person in a situation of extreme bradycardia.