A mucosite oral na pessoa com cancro: Intervenção de enfermagem

Publication year: 2018

A mucosite oral (MO) é a complicação major relatada pelos doentes em tratamento de quimioterapia e/ou radioterapia, com forte impacte na qualidade de vida da pessoa, comprometendo funções físicas e psicológicas. Varia entre 40 e 76% em doentes submetidos a quimioterapia (QT), podendo atingir 90% em doentes a realizar radioterapia (RT). Dos fatores de risco associados à pessoa salienta-se a higiene oral, por ser passível de intervenção pelos profissionais de saúde, assumindo os enfermeiros um papel fundamental. A avaliação da cavidade oral permite diagnosticar os diferentes estadios de MO e estabelecer um plano de cuidados individualizado. Dado que a literatura científica evidencia que as práticas de enfermagem têm impacte nas complicações associadas aos tratamentos de QT/RT, implementou-se um estudo de Investigação-Ação com o objetivo de conhecer as práticas dos enfermeiros no âmbito da pessoa com MO ou risco de desenvolver MO e de analisar o impacte de um programa formativo nessas mesmas práticas. Na Fase de Planeamento através da análise do padrão documental foram identificadas as práticas dos enfermeiros em relação à pessoa com MO ou risco de MO, verificando-se uma falta de uniformização entre enfermeiros, nomeadamente na avaliação dos hábitos de higiene oral, na avaliação sistemática da cavidade oral e no planeamento dos ensinos realizados à pessoa e família, assim como uma discrepância no que se refere às orientações das guidelines e à evidência científica. A reflexão com os enfermeiros da equipa, sobre os resultados obtidos na análise documental sustentou a Fase de Ação, com a realização de um programa formativo. Na Fase de Reflexão com novo recurso à análise do padrão documental dos enfermeiros e à realização de um focus group, identificaram-se alterações positivas nas práticas dos enfermeiros em que não havia uniformização. Em síntese, e conscientes de que as práticas resultam de um sistema complexo de interações num determinado contexto, considera-se que a formação conduziu a uma maior mobilização de conhecimentos, com reflexo nas práticas dos enfermeiros e traduzido em ganhos em saúde.