Publication year: 2020
Enquadramento:
A violência sobre os enfermeiros é um problema com enormes proporções que tem despertado a atenção de várias entidades e organizações. Os serviços de urgência são, por si só, propícios a situações de stress e ansiedade para os doentes e familiares/amigos, assim como, para os profissionais de saúde que exercem funções neste ambiente caótico e sobrelotado. O receio de ser vítima de episódios de violência, gera sentimentos de insegurança e transtornos físicos e psicológicos, levando ao desânimo dos profissionais e à prestação de cuidados de saúde de baixa qualidade.
Objetivos:
Identificar a prevalência da violência nos enfermeiros de um serviço de urgências; Caraterizar a tipologia de violência exercida sobre os enfermeiros de um SU; Identificar o tipo de agressor mais frequente; Identificar a perceção dos enfermeiros sobre as causas da violência sofrida; Identificar a perceção dos enfermeiros sobre o que acontece após o episódio de violência.
Metodologia:
Estudo descritivo-exploratório recorrendo a alguns pressupostos do estudo de caso. A amostra foi constituída por 50 enfermeiros de um centro hospitalar sendo 84% do sexo feminino e 16% do sexo masculino. A recolha de dados foi efetuada entre o período de 07/05/2019 a 07/08/2019 por questionário, constituído por vários grupos, nomeadamente a caraterização sociodemográfica e profissional dos enfermeiros, a frequência e padrão de violência no local de trabalho, após o episódio de violência e por fim, uma questão de resposta aberta. Os resultados foram analisados no programa SPSS, versão 21.0.
Resultados:
Verificou-se que 80% dos enfermeiros foram vítimas de violência no local de trabalho nos últimos 12 meses, sendo a violência verbal, sob a forma de injúria (16,4%) e ameaça (15,1%) a mais frequente. O posto de enfermagem (35%) foi apontado como a área mais propícia para tais episódios e o turno da tarde (67,5%), como o período do dia mais vulnerável. O doente (60%), do sexo masculino (77,5%), na faixa etária dos 31-50 anos de idade (47,5%) foi apontado como o principal agressor. A violência teve consequências psicológicas em 32,5% dos enfermeiros agredidos sendo a principal causa apontada por estes enfermeiros a situação de doença (32,5%), seguida dos tempos de espera (20%) e do consumo de álcool e/ou substâncias ilícitas (20%).
70% dos profissionais de saúde não notificou a ocorrência por acharem que não teve importância (42,5%) e os que o fizeram, optaram por fazê-lo oralmente (91,7%)
Conclusão: A violência no serviço de urgência é uma realidade, contudo a subnotificação de episódios ocorridos não fornece uma imagem real deste flagelo. É importante conceber ferramentas que incentivem a notificação de forma rápida e simples e, apostar numa cultura de prevenção, formação e notificação.