Caracterização do perfil epidemiológico da pessoa admitida no Serviço de Urgência por intoxicação aguda
Publication year: 2021
A problemática das intoxicações humanas tem vindo a crescer exponencialmente convertendo-se num importante problema de saúde pública. Pela diversidade de substâncias que podem exercer ações tóxicas no ser humano torna-se pertinente caraterizar o perfil epidemiológico da pessoa admitida no serviço de urgência por intoxicação aguda e, com base nos resultados deste estudo e na literatura, projetar medidas de prevenção em parceria com os cuidados de saúde primários, objetivos deste estudo. É um estudo retrospetivo, de base documental, dos casos de pessoas admitidas no Serviço de Urgência de um Hospital Central, triados de acordo com os fluxogramas do Sistema de Triagem de Manchester Sobredosagem e/ou Envenenamento, e a quem foi atribuída uma prioridade Vermelha (discriminador Compromisso da Via Aérea e/ou Respiração Ineficaz), Laranja (discriminador Alta Mortalidade?) e/ou Amarela (discriminador Mortalidade Moderada?), no ano de 2019. A amostra é maioritariamente constituída por mulheres (68,0%), com idade média de 46,40 anos, encontrando-se a maioria profissionalmente ativos. Em 71,5% dos casos estudados verificou-se a presença de patologia psiquiátrica prévia, sendo a doença depressiva a mais significativa com uma incidência de 45,1%; em 26,9% dos casos verificou-se ser um ato recorrente, dos quais 18,6% apresentavam um episódio anterior com tempo de intervalo médio de 13,33 meses. As intoxicações de etiologia voluntária representam 81,8% dos casos analisados, com recurso à ingestão (90,5%) de fármacos (74,7%), sobretudo benzodiazepinas (38,3%). O estudo permitiu uma caracterização epidemiológica da pessoa admitida num SU por intoxicação aguda, o que facilitará certamente as futuras práticas de Enfermagem. Os resultados obtidos são, na sua maioria, concordantes com resultados de estudos prévios e evidenciam a redução do número de intoxicações com recurso a pesticidas. A realização de estudos adicionais em parceria com outras entidades perspetiva-se útil para a criação de protocolos de atuação, melhorando a qualidade da resposta às necessidades em cuidados de saúde; para a criação de planos de prevenção de intoxicações a aplicar implementar na comunidade, na vertente da prevenção do suicídio, tendo como fim o acompanhamento, a sinalização de pessoas com antecedentes de intoxicação e a prevenção de novos casos.