Cuidados não traumáticos em contexto pediátrico: a intervenção de enfermagem na gestão dos medos associados aos procedimentos dolorosos

Publication year: 2020

Ao longo do processo de crescimento e desenvolvimento, a criança e família, contactam com os cuidados de saúde, vivenciando processos emocionalmente intensos. Estas experiências representam, muitas vezes, momentos de sofrimento emocional e, por esse motivo, o ato de cuidar em enfermagem não pode ser indiferente às emoções das crianças e famílias sendo o enfermeiro um gestor emocional (Watson, 2002; Diogo, 2015, 2019). No que diz respeito à experiência emocional das crianças, relacionada com a realização de procedimentos dolorosos, sabemos que a emoção “medo” está presente em todas as faixas etárias sendo transversal a todos os contextos da prestação de cuidados. A evidência científica demonstra que caso o medo não seja superado ou transformado positivamente (resignificar a experiência emocional) poderá ter consequências futuras, podendo, em casos mais graves, evoluir para uma psicopatologia (Diogo et al., 2016). Assim, no sentido de responder à problemática identificada, foi definido como objeto de estudo a intervenção de enfermagem na gestão dos medos da criança relacionados com a realização de procedimentos dolorosos. Este relatório tem como objetivo refletir sobre a experiência formativa que visou o desenvolvimento de competências de enfermeira especialista em enfermagem de saúde infantil e pediátrica, tendo como pilar a temática da gestão dos medos da criança relacionados com a realização de procedimentos dolorosos. Este percurso teve por base uma metodologia reflexiva que foi essencial para a transformação do conhecimento alicerçado em conceções teorias norteadoras, como a Teoria do Cuidar Humano de Jean Watson e o Modelo do Trabalho emocional em Enfermagem Pediátrica de Paula Diogo. As intervenções autónomas de enfermagem na gestão dos medos da criança, relacionados com a realização de procedimentos dolorosos, são essenciais para a prestação de cuidados não traumáticos, permitindo a prestação de cuidados centrados na família e emocionalmente sensíveis.
Throughout the process of growth and development, the child and family are in contact with health care, experiencing emotionally intense processes. These experiences often represent moments of emotional suffering and, for this reason the act of caring in nursing can not be indifferent to the emotions of children and families, with nurses being an emotional manager (Watson, 2002; Diogo, 2015, 2019). Regarding the children's emotional experience, related to the performance of painful procedures, we know that the emotion “fear” is present in all age groups and is transversal to all contexts of care. Scientific evidence shows that if fear is not overcome or transformed positively (reframing the emotional experience), it may have future consequences and may, in more severe cases, evolve into psychopathology (Diogo et al., 2016). Thus, in order to respond to the identified problem, nursing intervention in the management of children's fears related to the performance of painful procedures was defined as the object of study. This report aims to reflect on the training experience that aimed at developing the skills of a specialist nurse in child and pediatric health nursing, having as a pillar the theme of the management of children's fears related to the performance of painful procedures. This path was based on a reflective methodology that was essential for the transformation of knowledge based on guiding theories and conceptions, such as Jean Watson's Theory of Human Caring and Paula Diogo's Model of Emotional Work in Pediatric Nursing. Autonomous nursing interventions in the management of children's fears, related to the performance of painful procedures, are essential for the provision of non-traumatic care, allowing the provision of family-centered and emotionally sensitive care.