Transmissão vertical do HIV: percepção e ações da gestante soropositiva
HIV vertical transmission: perception and actions of the HIV-positive pregnant woman
Publication year: 2002
Este estudo descritivo, com abordagem qualitativa, foi motivado pelos índices elevados de transmissão vertical do HIV, no Brasil. Teve como objetivo identificar a percepção, as expectativas e ações da gestante soropositiva para o vírus quanto ao filho que estava gerando. A amostra constituiu-se de 14 mulheres infectadas; assintomáticas; que frequentavam o pré-natal em uma maternidade de referência para o atendimento à gestante portadora do vírus HIV/com AIDS, no município de São Paulo; conheciam a sua soropositividade antes da gravidez e estavam no 3º trimestre de gestação. Foram observadas as normas da Resolução n.o196/96 sobre os aspectos éticos em pesquisas com seres humanos. Os dados foram coletados no período de agosto de 2001 a fevereiro de 2002, sendo que os referentes à caracterização da amostra foram tratados com estatística descritiva, enquanto que os qualitativos foram analisados pelo Método do Discurso do Sujeito Coletivo. Na amostra, a maioria das gestantes tinha entre 27 a 33 anos de idade, eram mulheres com baixa escolaridade; 1 gestante era primigesta e 50% vivenciavam a terceira ou quarta gravidez. Com exceção da nulípara, as demais tinham pelo menos um filho; 85% referiram ter filhos saudáveis e 42,9% relataram ter parceiro soropositivo; 78,6% não planejaram a gravidez. A análise mostrou que essas gestantes sentiam dificuldades para viver por serem portadoras do HIV, mas o apoio da família dava-lhes forças. Assim, tinham as mesmas expectativas como qualquer outra mulher quanto à maternidade. Algumas pensaram ou tentaram interromper a gravidez, desistindo em seguida. Acreditavam na soronegatividade do bebê, mesmo que este nasça com o vírus. Os dados mostraram também que estas mulheres seguem corretamente o tratamento médico prescrito para garantir não só a sua própria saúde, como a do filho, para poder criá-lo. Consideravam um sacrifício não poderem amamentar seus bebês, e que ainda há ) preconceito em relação às pessoas infectadas pelo HIV. Afirmaram que a fé em Deus as ajudava a prosseguir com a gravidez. Os resultados mostraram que estas mulheres acreditavam que o anti-retroviral ingerido na gestação oferecia a oportunidade do bebê nascer saudável, sem o vírus da AIDS.
This descriptive study with a qualitative approach was carried out due to the right rate of HIV vertical transmission in Brazil. The aim of this study was to identify the HIV-infected pregnant woman's perception and expectancies toward the baby she ie expecting. The sample constituted of 14 asymptomatic infected women who attended antenatal in a reference maternity ward specially for HIV-positive pregnant women with AIDS in São Paulo city. They were aware of their condition before getting pregnant and in their 3rd. trimester of gestation. It was observed the nº196/96 Resolution rules and ethic aspects in research with humans. The data were collected from August 2001 to February 2002. The socio-demographic data were analyzed through descriptive statistics, whereas the qualitative ones were analyzed through the Discourse of the Collective Subject method. Most of the sample were between 27 and 33 years old with low school level; one of them was primigesta and 50% were in their third or forth pregnancy with the exception of the nullipara, the owers had at least one child; 85% reported that they had healthy children and 42.9% that they had HIV-positive partners; 78,6% had not planned their pregnancy. The analysis showed that these women had difficulties to live as they were HIV-positive; however, their family gave them support. This way, they had the same expectations as any other woman would have concerning the maternity. Some of them had thought about or tried to interrupt the pregnancy, but they gave up soon after. They believed that their baby would be HIV-negative even if it were born positive. The data have also shown that they undergo the treatment prescribed correctly in order to assure their child´s health and theirs as well so they can bring up their child. They considered the fact of not being able to breastfeed a sacrifice and said that there is still a prejudice against the HIV-infected people. They stated that their faith in God helps them to go on with their pregnancy. The results showed that the women believed that the anti-retroviral they were taking would give them the chance to give birth to a healthy baby without the AIDS virus.