A organização do trabalho, a carga de trabalho e o dimensionamento de pessoal de enfermagem em ambulatórios de quimioterapia em Minas Gerais

Publication year: 2021

A organização do trabalho, a carga de trabalho e o dimensionamento de pessoal de enfermagem em ambulatórios de quimioterapia em Minas Gerais. 2021. 118 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2021.

Introdução:

O tratamento quimioterápico no nível ambulatorial é um desafio, pois o câncer como um problema de saúde pública, no Brasil e mundo, tem crescido em número e complexidade. Neste contexto, a enfermagem se destaca, não apenas por sua quantidade de profissionais, mas pela capacidade de gestão da unidade e de casos, atuando com primazia no cuidado. Contudo, cabe ao enfermeiro, responsável técnico, a garantia de um adequado quantitativo de profissionais para a realização dos cuidados de forma segura e com qualidade. O gerenciamento de recursos humanos se inicia com a previsão quanti-qualitativa de profissionais e se mantém com a avaliação contínua da carga de trabalho a fim de se adequar o quantitativo conforme demanda. No entanto, esse dimensionamento constitui-se como um desafio para o trabalho do enfermeiro gestor, por impactar tanto na qualidade quanto nos custos assistenciais. Destaca-se que na oncologia ambulatorial há uma carência de evidências científicas, legislações e recomendações que balizem as tomadas de decisão para esse dimensionamento.

Objetivo:

Analisar a organização do trabalho e as formas de mensuração da carga de trabalho e dimensionamento de pessoal de enfermagem utilizados em ambulatórios de quimioterapia do estado de Minas Gerais.

Método:

Pesquisa descritiva de abordagem quantitativa, desenvolvida com 20 enfermeiros gestores de ambulatórios oncológicos de Minas Gerais. Os dados foram coletados por meio de formulário online, composto pelo TCLE e 54 perguntas concernentes ao perfil dos respondentes, dos serviços, organização do trabalho e do dimensionamento de pessoal. Os dados foram submetidos a análise estatística descritiva e de correlação, por meio de software IBM SPSS versão 23. Foram obedecidos os requisitos éticos. O projeto foi aprovado pelo COEP-UFMG.

Resultados:

75% dos enfermeiros possuem mais de 6 anos de experiência na oncologia ambulatorial e 75% a caracterizaram como alta complexidade. 60% dos ambulatórios estão localizados na região metropolitana de Belo Horizonte, sendo 40% em clínicas oncológicas. 55% dos serviços não possuem certificado/ acreditação. A mediana do número de profissionais enfermeiros é de 5,5 e de técnicos é de 3. Quanto ao perfil estrutural, o número de leitos/poltronas para infusão de quimioterapia variou entre 10 e 30, sendo o quantitativo de pacientes/dia atendidos pelos ambulatórios variado de 10 a 100. 50% funcionam de segunda a sexta-feira das 07:00 às 19:00 horas. Todos conhecem as Resoluções ANVISA nº 220/2004 e Cofen nº 569/2018, enquanto 90% conhecem a Resolução Cofen nº 543/2017 e 55% dizem conhecer o método de Sítio Funcional. Contudo, apenas 10% relataram ter recebido capacitação para dimensionar equipe. 55% dos enfermeiros relataram não utilizar nenhum instrumento para dimensionamento. 65% não utilizam nenhum instrumento para monitorar carga de trabalho. Destaca-se que 66,7% consideraram o quadro de pessoal adequado e 65% sentiam segurança para dimensionar.

Conclusão:

A organização do trabalho de enfermagem e a realidade operacional dos ambulatórios estudados são heterogêneos, mas demonstram fragilidade no domínio dos enfermeiros quanto a formas de monitorização da carga de trabalho e dimensionamento de pessoal. Os resultados deste estudo constituem- se como importante alerta quanto a necessidade de aprofundamento desse conhecimento junto aos enfermeiros para que se estabeleçam melhorias no processo de organização do trabalho para manutenção de uma assistência de qualidade e segura.
Work organization, workload and nursing staff dimensioning in chemotherapy outpatient clinics in Minas Gerais. 2021. 118 f. Dissertation (Master in Nursing) – School of Nursing, Federal University of Minas Gerais, Belo Horizonte, 2021.

Introduction:

Chemotherapy treatment at the outpatient level is a challenge because cancer is a public health problem in Brazil and worldwide that has grown in number and complexity. In this context, nursing stands out, not only for the number of professionals but also for their capacity to manage both the unit and the patient care path. However, it is up to the nurse, the technical manager, to ensure adequate professionals to provide safe and quality care. This management of human resources begins with the quantitative-qualitative prediction of professionals and continues with the continuous evaluation of the team's workload to adjust the quantity according to demand. However, this staff dimensioning constitutes a challenge for the nurse manager, as it impacts both the quality and costs of care. It is noteworthy that in outpatient units, there is a lack of scientific evidence, legislation, and recommendations for guiding the decision making about nursing staffing requirements.

Objective:

To analyze the organization of work and the methods of measuring workload and nursing staffing used in chemotherapy outpatient clinics in Minas Gerais.

Method:

Descriptive research with a quantitative approach, developed with 20 nurse managers of oncology outpatient clinics in Minas Gerais. Data were collected using an online survey form composed of the TCLE and 54 questions concerning the respondents' profile, services and work organization, and staff dimensioning. Data were submitted to descriptive statistical and correlational analysis, using IBM SPSS software version 23. Researchers followed the ethical requirements for the development of the project, which was approved by COEP UFMG.

Results:

75% of the nurses had more than 6 years of experience in the outpatient oncology unit, and 75% characterized outpatient oncology as high complexity. 60% of the outpatient clinics are located in the metropolitan region of Belo Horizonte, being 40% in oncology clinics. 55% of the services do not have a certificate/accreditation. The median number of nursing professionals is 5.5, and of technicians is 3. Regarding the structural profile, the number of beds/seats for chemotherapy infusion was concentrated in units ranging from 10 to 30, while the number of patients/days attended by the outpatient clinics was 10 up to 100. 50% work from Monday to Friday from 07:00 to 19:00. All participants know Resolutions ANVISA No. 220/2004 and Cofen No. 569/2018, while 90% know Cofen No. 543/2017 and 55% said they know the Functional Site method. However, only 10% reported receiving training on team sizing. 55% of nurses reported not using any instrument to size a team. 65% of the nurses do not use any tool to monitor workload. It is noteworthy that 66.7% considered the staff adequate, and 65% felt safe to size.

Conclusion:

The organization of nursing work and the operational reality outpatient clinics studied are heterogeneous but demonstrate weaknesses in the nurses' domain regarding workload monitoring and staff requirements. The study results constitute an important alert to the need for improvements of this skill in these nurse groups to establish enhancements in organising the work and monitoring workload staff requirements to guarantee the quality and safety of nursing care.