Tecnologia educativa para promoção de ações de segurança do paciente em uma maternidade
Publication year: 2021
Introdução:
Potenciais riscos aos pacientes são intrínsecos à assistência à saúde, sendo que na maternidade, a ocorrência de eventos adversos pode repercutir em danos a mulher e ao recémnascido (RN). Diante disso, políticas públicas estabelecem ações de melhoria da assistência por meio da corresponsabilização e participação ativa dos pacientes e acompanhantes no cuidado e na prevenção de incidentes. Nesse contexto, a literatura sugere o desenvolvimento de tecnologias educativas (TE) para aperfeiçoar a comunicação, aumentar a capacidade de escuta e engajar o paciente e família na segurança do paciente (SP). Entretanto, as evidências sobre o desenvolvimento e utilização de TE em busca do maior envolvimento do acompanhante e do paciente na SP na maternidade, especialmente com a participação desses atores são insuficientes.Objetivos de pesquisa:
Conhecer as percepções e as experiências de pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde da maternidade sobre a participação da paciente e do acompanhante na segurança da paciente e do RN.Objetivo de prática:
Elaborar e avaliar uma tecnologia educativa para promoção do envolvimento das pacientes internadas na maternidade e seus acompanhantes nas ações do cuidado seguro.Método:
O estudo seguiu os preceitos metodológicos da Pesquisa Convergente-Assistencial e sustentou-se nos fundamentos teóricos de Paulo Freire. Foi realizado na maternidade de um hospital público de Belo Horizonte e a produção de dados foi dividida em três etapas. A primeira etapa subsidiou a construção da cartilha através de entrevistas para conhecer as percepções e o conhecimento dos participantes sobre a SP e a participação da paciente e do acompanhante na segurança; e identificar as barreiras que dificultam colocar em prática as ações de SP. Participaram dessa etapa 13 profissionais de saúde, 11 pacientes e 06 acompanhantes. Na segunda foi desenvolvida a TE em forma de cartilha e na terceira, a mesma foi avaliada pelos participantes. Na última etapa aceitaram continuar participando da pesquisa os 13 profissionais da saúde, 08 pacientes e 05 acompanhantes. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semiestruturada e registro de diário de campo.A análise dos dados foi realizada pela análise de conteúdo e foram criadas duas categorias provenientes da primeira etapa:
Saberes e experiências sobre a segurança da paciente e do RN na maternidade e Desafios para o envolvimento da paciente e acompanhante nas ações de segurança.Resultados:
Na primeira categoria os achados evidenciaram que as pacientes e os acompanhantes esboçaram diferentes entendimentos sobre a SP, sendo que a maioria apresentava compreensão limitada sobre o tema e desconhecia como poderiam contribuir para SP. Os profissionais enfatizaram que as pacientes e os acompanhantes se envolvem pouco na SP e poderiam ser mais informados e estimulados pela própria equipe. A segunda categoria apontou as fragilidades para a participação da paciente e acompanhante nas ações de segurança, como a falta de conhecimento, diálogo e escuta, e a posição autoritária de alguns profissionais. Os achados da primeira etapa contribuíram para a construção da TE, no formato de cartilha. Na terceira etapa, os participantes avaliaram a TE como sendo um material importante para impulsionar a participação das pacientes e acompanhantes na SP.Conclusão:
O processo interativo e dialogado com os participantes possibilitou a criação da TE como ferramenta importante no envolvimento das pacientes e acompanhantes nas ações de SP. Essa experiência vai ao encontro do pensamento de Paulo Freire que afirma que, o educador deve reconhecer o educando têm saberes, experiências e leituras de mundo próprias, sendo o respeito essencial para influenciar no desenvolvimento de novos saberes.
Potential risks to patients are intrinsic to health care, and in maternity hospitals, the occurrence of adverse events can affect women and newborns (NB). Therefore, public policies establish actions to improve care through co-responsibility and active participation of patients and caregivers in the care and prevention of incidents. In this context, the literature suggests the development of educational technologies (ET) to improve communication, increase listening skills and engage the patient and family in patient safety (PS). However, the evidence on the development and use of ET in search of greater involvement of the companion and the patient in PS in the maternity hospital, especially with the participation of these actors, is insufficient.