Complicações da utilização de equipamentos de proteção individual no atendimento a doentes por COVID-19
Publication year: 2022
No final de 2019 surge, na china, um coronavírus altamente contagioso, que rapidamente se propagou pelos 5 continentes, tendo a OMS, a 11 de março de 2020, declarado a COVID-19 como uma pandemia. Sem tratamento eficaz, os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) surgem como a medida mais eficaz de prevenir e controlar a transmissão. São vários os relatos e os estudos que surgem sobre as dificuldades e as complicações que os profissionais de saúde experienciam com a utilização prolongada destes. Assim, este estudo tem como objetivo analisar as complicações decorrentes da utilização dos EPI, por parte dos colaboradores dos serviços de Medicina Intensiva, Serviço de Urgência e Serviço de Medicina B Poente, de uma Unidade Local de Saúde do Norte de Portugal, no atendimento a doentes por COVID-19.
Metodologia:
Desenvolveu-se um estudo transversal analítico, em profissionais dos serviços de Medicina Intensiva, Serviço de Urgência e Serviço de Medicina B Poente, de uma Unidade Local de Saúde do Norte de Portugal, no atendimento a doentes por COVID- 19.Foram definidos como critérios de inclusão:
prestarem cuidados a doentes com COVID- 19; utilizarem EPI, Instrumento de Recolha de Dados totalmente preenchido e disponibilizarem-se a participar no estudo. Obtivemos, assim, uma amostra de 28 médicos, 60 enfermeiros e 30 assistentes operacionais dos referidos serviços. Os participantes foram convidados, através do gestor de serviço e por mail, a responder a um questionário online no Google Docs., constituído por duas partes: a primeira com questões sobre a caraterização sociodemográfica e profissional e a segunda com questões relativas aos EPI e suas complicações. O estudo obteve o perecer favorável da Comissão de Ética n.º 25/2021. Os procedimentos de análise e tratamento de dados foram realizados no programa informático SPSS® através da estatística descritiva para todas as variáveis e de testes não paramétricos para análise inferencial, com valor de significância de 0,05.Resultados:
Os principais resultados mostraram maior predomínio, do sexo feminino (72,0%); média de idade de 40±38,5 anos, com bacharelato/licenciatura (61,9%); casados ou em união de facto (61,9%); enfermeiros (50,8%), com tempo de serviço médio de 12,2±12 anos e a trabalhar no SU (52,5%). As luvas descartáveis (51,7%), a máscara cirúrgica (51,7%) e a máscara FFP2 (60,2%) foram os EPI utilizados por mais de 4 horas. Foram identificadas maiores dificuldades para o uso do macacão (71,2%), da máscara FFP2 (52,5%), dos óculos e da viseira (62,7%). A maior parte dos profissionais recorreu a medidas de prevenção e de tratamento das complicações decorrentes do uso dos EPI (89,8%) e foram identificadas complicações em quase todos os EPI decorrentes do seu uso (50,8%). Os EPI que registaram mais complicações na utilização foram a FFP2 (96,6%), a bata e macacão (89,3%) e os óculos (83,9%). O suor excessivo foi a complicação mais identificada por uso de macacão (95,3%), seguido do avental (93,1%) e bata (92,0%). As quedas por uso de cobre botas (94,6%) a pele seca por uso de luvas (65,2%) e a complicação na expressão oral por uso das máscaras em geral. Encontramos diferenças, estatisticamente significativas, entre as complicações e o sexo, a idade, o tempo de serviço, as habilitações literárias, a classe profissional, o tempo de utilização > a 2 horas e o serviço onde trabalha (p<0,05).Conclusão:
Os EPI que registaram maiores complicações foram o macacão, a máscara FFP2 e os óculos e a viseira. As complicações mais identificadas foram o suor excessivo, as quedas, pele seca e dificuldade na expressão oral. As mulheres, os profissionais mais velhos, com mais tempo de serviço, os enfermeiros, os bacharéis/licenciados os que utilizaram mais de 2 horas os EPI e o SU e SMI registaram maior ordem de médias de complicações. Sugerimos a utilização de medidas preventivas para minimizar as complicações como reforço na hidratação, uso de apósitos de proteção, a redução do número de horas de utilização, sempre que possível e nos grupos mais identificados. A realização de outros estudos com amostras maiores, prospetivos e outras variáveis que permitam uma análise mais generalizada.
At the end of 2019, a highly contagious coronavirus appears in China, which quickly spread across the 5 continents, with the WHO on March 11, 2020 declaring COVID- 19 a pandemic. Without effective treatment, Personal Protective Equipment (PPE) emerges as the most effective measure to prevent and control transmission. There are several reports and studies that arise about the difficulties and complications that health professionals experience with the prolonged use of these. Thus, this study aims to analyze the complications resulting from the use of PPE by employees of intensive care services, emergency services and medicine service B West, of a Local Health Unit of northern Portugal, in the care of patients by COVID-19.