Autocuidado com a fístula arteriovenosa

Publication year: 2022

A hemodiálise constitui uma das formas de tratamento da DRC, implicando a existência de um acesso vascular, como a fístula arteriovenosa, o acesso vascular mais recomendado para a realização de HD. Contudo, a fístula arteriovenosa requer cuidados por parte do doente, sendo da responsabilidade do enfermeiro do doente renal crónico em hemodiálise capacitar o mesmo para comportamentos de autocuidado.

Objetivos:

O objetivo geral deste estudo consistiu em analisar os comportamentos de autocuidado com a fístula arteriovenosa do doente renal crónico em programa de hemodiálise e os fatores associados.

Métodos:

Estudo transversal analítico. Participaram no estudo 131 doentes renais crónico com fístula arteriovenosa, que se disponibilizaram a participar no estudo e se apresentavam conscientes e orientados no tempo e no espaço numa população de 218 doentes. O instrumento de recolha de dados utilizado foi o questionário, constituído por três partes: caracterização de variáveis sociodemográficas, das variáveis clínicas, do doente renal crónico em programa de hemodiálise e escala de avaliação de comportamentos de autocuidado da FAV dos utentes em hemodiálise (ECAHD-FAV). O estudo obteve parecer favorável da comissão de ética nº56/2021. Para o tratamento e análise estatística recorremos ao SPSS com cálculo das frequências absolutas e relativas, médias e desvio padrão. Como as variáveis não seguiam uma distribuição normal, recorremos a testes não paramétricos U- Mann-Witney, e Kruskal-Wallis e à correlação de Spearman, consideramos com valor de prova 0,05.

Resultados:

Os participantes eram maioritariamente do género masculino (78; 59,5%) com uma média de idades de 67,24 anos, provenientes do meio rural (83;63, 4%). As principais causas de DRC foram a diabetes (38; 29%) e a hipertensão arterial (22;16,8%), tiveram FAV anterior (40; 19,1%), com pelo menos duas (15;37,5%) perdidas por trombose (24;45,3%) e estenose (13;24,5%). O enfermeiro foi o principal agente de ensinamento (93;36,9%). Os comportamentos de autocuidado foram em média 74,6% ±19,9. Os comportamentos de autocuidado com a fístula arteriovenosa associaram-se significativamente com o grau académico e ao agente de ensinamento (p<0,05). A prevenção de complicações, apresentou uma média de comportamentos de autocuidado de 68,26% ±18,4, associou-se, significativamente, com a idade e com o grau académico (p<0,05). A gestão de sintoma, registou uma média de comportamento de autocuidado de 85,3% ±16,5 , com associação, estatisticamente significativa, com o grau académico e com o agente de ensinamento (p>0,05). Verificamos uma correlação, estatisticamente significativa, entre a gestão de sintomas, a prevenção de complicações e a escala no geral (p<0,05), a gestão de sintoma apresenta uma média de conhecimento maior (85,27%).

Conclusão:

Os comportamentos de autocuidado, com a FAV, ficaram abaixo do desejado (74,5 em 100%), com melhores indicadores para a gestão de sinais e sintomas e menos bons para a prevenção de complicações. O grau académico e o agente de ensinamento influenciaram os comportamentos de autocuidado com a FAV. A idade e o grau académico influenciaram a prevenção de complicações. Sugerimos a implementação de programas de promoção de comportamentos de autocuidado em função da idade e das habilitações literárias por uma equipa multidisciplinar. Sugerimos ainda a realização de outros estudos com amostras maiores que permitam a generalização dos resultados.
Hemodialysis is one of the forms of treatment for CKD, implying the existence of a vascular access, such as arteriovenous fistula, the most recommended vascular access for HD. However, arteriovenous fistula requires care by the patient, and it is the responsibility of the nurse of the chronic kidney patient on hemodialysis to enable the same for self-care behaviors.

Objectives:

The general objective of this study was to analyze self-care behaviors with arteriovenous fistula in chronic kidney patients undergoing hemodialysis and the associated factors.

Methods:

Analytical cross-sectional study. Participated in the study 131 patients with chronic renal failure with arteriovenous fistula, who were willing to participate in the study and were conscious and oriented in time and space in a population of 218 patients. The data collection instrument used was the questionnaire, consisting of three parts: characterization of sociodemographic variables; of the clinical variables, of the chronic renal patient in hemodialysis program and scale of evaluation of self-care behaviors and maintenance of AVF of the users in hemodialysis (ECAHD-AVF). The study obtained a favorable opinion from the ethics committee nº56/2021. For the treatment and statistical analysis, we used SPSS with calculation of absolute and relative frequencies, means and standard deviation. As the variables did not follow a normal distribution, we used non-parametric U-Mann-Witney and Kruskal-Wallis tests and Spearman's correlation, which we considered with a proof value of 0.05.

Results:

The participants were mostly male (78; 59.5%) with a mean age of 67.24 years, coming from rural areas (83;63.4%). The main causes of CKD were diabetes (38; 29%) and arterial hypertension (22;16.8%) had previous AVF (40; 19.1%), with at least two (15;37.5%) lost due to thrombosis (24;45, 3%) and stenosis (13;24.5%). The nurse was the main teaching agent (93;36.9%). Self-care behaviors averaged 74.6 ±19.9. Self-care behaviors with arteriovenous fistula were significantly associated with academic level and teaching agent (p<0.05). The prevention of complications, presented an average of self-care behaviors of 68.26% ±18.4, was significantly associated with age and academic degree (p<0.05). Symptom management associated, registered an average of self-care behavior of 85.3% ±16.5, with association, statistically significant, with the academic degree and with the teaching agent (p>0.05). We found a statistically significant correlation between symptom management, prevention of complications and the overall scale (p<0.05), symptom management has a higher mean of knowledge (85.27 %).

Conclusion:

Self-care behaviors, with AVF, were below the desired (74.5% out of 100), with better indicators for the management of signs and symptoms and less good for the prevention of complications. The academic degree and the teaching agent influenced self-care behaviors with AVF. Age and academic degree influenced the prevention of complications. We suggest the implementation of programs to promote self-care behaviors according to age and educational qualifications by a multidisciplinary team. We also suggest carrying out other studies with larger samples that allow the generalization of the results.