Conseqüências do trauma crânio-encefálico para o cuidador familiar
Consequences of the traumatic brain injury for the family caregiver
Publication year: 2002
Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de campo, prospectivo e com abordagem quantitativa sobre as Conseqüências do Trauma Crânio-Encefálico (TCE) para o cuidador familiar, a partir de seis meses após o evento traumático. A casuística do estudo foi constituída de 50 cuidadores familiares principais e 50 vítimas de TCE entrevistados no Ambulatório de Trauma de Crânio do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo , no período de junho a dezembro de 2001. Os resultados evidenciaram que os cuidadores tinham idade média de 44,90 anos, a maioria era do sexo feminino (88%), solteira (68%), mãe da vítima (50%), religião católica (58%), ensino fundamental incompleto (60%) estavam antes do trauma sem ocupação remunerada (36%) ou com ocupação manual não especializada (32%). As vítimas tinha idade média de 30,60 anos e tempo de trauma médio de 4,42 anos. Na maioria, eram do sexo masculino (90%), casadas ou amasiadas (60%), tinham como causa externa os acidentes de transporte (74%) e apresentavam incapacidade grave no período pós-trauma (56%). Na visão do cuidador a vítima ficou mais agressiva, ansiosa, dependente, deprimida, irritada, esquecida, com temperamento mais explosivo após o trauma, além de mais egocêntrica, impulsiva, com maior inadequação social e oscilação de humor. Os seis primeiros comportamentos citados apresentaram maior alteração em relação aos demais, afetando mais negativamente o cuidador.
Os papéis socias desempenhados pelo cuidador que mais sofreram interrupção em razão do trauma foram:
amigo(40%) , amador/passatempo (36%), membro da família (30%) e trabalhador (26%). O papel de cuidador foi o mais alterado devido ao trauma (76%). Por intermédio do Inventário de Depressão de Beck, foi detectado estado depressivo em 30% dos cuidadores.Não houve associação entre mudança de papéis sociais e as variáveis:
) condição da vítima após TCE, importância dos papéis sociais para o cuidador, assim como entre estado depressivo do cuidador e condição da vítima. Relações também não foram observadas entre o tempo do trauma e o estado de depressão e a intensidade que os comportamentos afetavam o cuidador. Todos os resultados apontaram conseqüências negativas e importantes para o cuidador familiar pricipal das vítimas de TCE.
This is an exploratory descriptive field prospective study with a quantitative approach on the Consequences of the Traumatic Brain Injury (TBI) for the family caregiver from sixth month of the traumatic event. Casuistic of this study consisted of 50 primary family caregivers and 50 TBI victims, interviewed in the Cranial Trauma Outclinic of the Hospital das Clínicas of Medical Faculty of São Paulo University, from June to December of 2001. The results showed that the caregivers' mean age was 44.90 years, most females (88%), single (68%), victim's mother(50%), catholic religion (58%) uncompleted elementery school (60%) and no remunerated activity previous to trauma (36%) or in a non-skilled activity (32%). The victims had a mean age of 30.60 years and the mean time of trauma was 4.42 years. Most were males (90%), married or cohabiting (60%), and presenting as an external cause the transport injuries (74%) and a severe incapability in the post-trauma period (56%). Under the caretaker's view, the victim became more aggressive, anxiuos, dependent, depressed, irritated, forgetful, with a more explosive temper after trauma in addition to be selfish, impulsive, presenting a greater social maladjustament and temper oscillations. The first six mentioned behaviors presented a greater alteration in relation to the others and negatively affected the caregiver. The social roles developed by the caregiver who had suffered interruption due to trauma were friends (40%), amateur/hobby (36%), member of the family (30%) and worker (26%). The caregiver's role was more altered due to trauma (76%). By means of the Beck'S Depression Inventory a depressive state was detected in 34% of the caregives. No association between change of social roles and variables of the victim's condition after the TBI importance of the social roles for the caregiver as well as the caregiver's depressive state and victim's condition could be observed. Relationships were not also observed between time of trauma and the depression state and in which extent behaviours affected the caregiver. All results showed negative and important consequences for the family's primary family caregiver of the TBI.