Prevalência de anemia em crianças e fatores de risco associados
Publication year: 2002
Anemia, especialmente, anemia por deficiência de ferro é o problema nutricional mais comum. A prevalência de anemia entre gestantes, lactentes e crianças com menos de 2 anos é superior a 50% nos países pobres. No Brasil a prevalência de anemia em crianças tem aumentado nas últimas três décadas, especialmente entre crianças menores de 2 anos. A anemia na infância tem sido associada com retardo no crescimento e desenvolvimento cognitivo, e com menor resistência às infecções. Quando a anemia afeta a criança nos primeiros anos de vida, seus efeitos podem ser irreversíveis, mesmo com tratamento. O objetivo deste estudo foi investigar a prevalência de anemia em crianças com menos de 2 anos de idade e identificar fatores de risco associados com o aumento da probabilidade da criança tornar-se anêmica. Foi realizado um estudo transversal, de base populacional, em uma amostra representativa de 261 crianças, residentes na área urbana do município de Itupeva, São Paulo, Brasil. Os dados foram coletados através de entrevistas domiciliares (freqüentemente com a mãe) realizadas por enfermeiras e estudantes de enfermagem previamante treinados. Amostra de sangue capilar foi obtida por punctura digital, da ponta do dedo das crianças. A hemoglobina (Hb) foi determinada em hemoglobinômetro portátil (Hemocue). O critério da Organização Mundial de Saúde (Hb < 11,0g/dl) foi utilizado para definir anemia. O peso corporal foi verificado utilizando-se balança antropométrica digital e a medida da estatura foi obtida com a utilização de antropômetro de madeira. Os dados coletados incluíram variáveis relacionadas às características familiares, maternas e infantis. A análise multivariada foi processada para identificar as variáveis associadas à anemia. A prevalência de anemia foi de 41,6%.
As variáveis associadas à anemia na análise bivariada foram:
propriedade do domicílio, banheiro exclusivo da família ) escolaridade da mãe, tempo de residência do chefe da família no município, número de pessoas e número de crianças menores de cinco anos na família, local de realização do pré-natal e do parto, número de consultas pré-natais, número de filhos, problema de saúde durante a gestação, idade da criança, estado nutricional e hospitalização prévia. Após a análise de regressão logística, as variáveis que permaneceram associadas com a anemia foram: propriedade do domicílio, escolaridade da mãe, tempo de residência do chefe da família no município, número de consultas pré-natais, número de filhos, problema de saúde na gestação, idade da criança e hospitalização prévia. Este estudo mostrou elevada prevalência de anemia entre as crianças residentes em Itupeva. Todos os profissionais de saúde, incluindo médicos de família e enfermeiras de saúde pública devem estar atentos para esta deficiência nutricional. Medidas de promoção e prevenção devem ser desenvolvidas durante a assistência pré-natal e na assistência à criança.
Anemia, specially iron deficiency anemia, is one of the most common nutritional problem. The prevalence of anemia among pregnant women, infants, and children under the age of two years in poor countries is over 50%. In Brazil, the prevalence of anemia among children has increased in the last three decades, especially among children under two years old. Anemia in infants and children is associated with retardation in growth and cognitive development, and with lower resistance to infection. When anemia affects children in the early years of life, it's effects may be irreversible, even with treatment. The aim of this study was to estimate the prevalence of anemia in children under two years old and to identify risk factores associated with an increased probabity of a child being anemic. A population-based cross-sectional was conducted on a representative sample of 261 children, residents in the urban area of Itupeva city, São Paulo, Brazil. The data were collected through home interviews (usually the mother) carried out by previously trained nursing and nursing students. Capillary blood sample was taken from finger tip of children. Hemoglobin (Hb) was determined using a portable hemoglobin photometer (Hemocue). World Health Organization classification for determining anemia was used (Hb<11g/dl). Body weight was checked on a digital anthropometric scale, and height was measured with a wood scale. Data include familiar, maternal and infant characteristics. The multivariate analysis was processed to identify the variables better associated to anemia. Overall, the prevalence of anemia was 41.6%.