O trabalho das enfermeiras obstétricas na ótica das acadêmicas de enfermagem
Publication year: 2019
Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa, cujo objeto de estudo foram as percepções das acadêmicas de enfermagem sobre a organização do trabalho das enfermeiras obstétricas nas maternidades. Este estudo objetivou descrever como as acadêmicas de enfermagem percebem a organização do trabalho das enfermeiras obstétricas que atuam nas maternidades e discutir quais os sofrimentos, prazeres e defesas que as acadêmicas de enfermagem apresentam em decorrência dessa organização. Participaram da pesquisa 13 acadêmicas de enfermagem que seguiram os critérios de inclusão. Após aprovação pelo Comitê de Ética, através do Parecer sob o nº CAAE 82003517.6.00005259, foram realizadas entrevistas semiestruturadas mediante um roteiro composto por duas partes: a primeira que se destinou à apreensão de características gerais das participantes e a segunda parte constituiu-se de tópicos abertos com base nas categorias teóricas de Christophe Dejours. Os dados obtidos, após a aplicação da análise temática de conteúdo de Bardin, foram agrupados em duas categorias: “A percepção das acadêmicas sobre o contexto do trabalho das enfermeiras”, com 53 URs e “Vivência de sofrimento e prazer pelas acadêmicas”, com 50 URs. Os resultados mostraram que as acadêmicas percebem que a enfermeira obstétrica possui autonomia (16 URs), mediante a realização do parto. Percebem também que o trabalho das enfermeiras generalistas privilegia mais o preenchimento de formulários, folhas de evolução e delegação das atividades (características de autoridade burocrática), em detrimento da assistência ao paciente. Todas as participantes do estudo perceberam a liderança da enfermeira no processo de trabalho da enfermagem. Para as acadêmicas de enfermagem, é fonte de prazer e felicidade o reconhecimento das atividades desenvolvidas por elas, a proximidade de tornar-se de fato enfermeira e sentir-se útil para a sociedade. Como causa de sofrimento, as participantes relataram a falta de reconhecimento e a vivência da violência obstétrica nas maternidades. Conclui-se a necessidade de repensar a formação das acadêmicas de enfermagem, uma vez que os aspectos referentes à organização do trabalho das enfermeiras – não somente os aspectos físicos, mas, também, sociais, culturais, ambientais e afetivos – refletem no processo de formação educacional e na transformação de sujeitos críticos e reflexivos capazes de avaliar a importância da organização do trabalho, evitando, assim, o adoecimento e o alienamento das causas do sofrimento, causados pela organização do trabalho que se mantém inalterada.
This is an exploratory, descriptive research with qualitative approach, whose object of study was the perceptions of nursing academics on the nurse-midwives’ organization of work in the maternity wards. This study aimed to describe how the nursing academics perceive the work organization of nurse-midwives who work in maternity wards and discuss the sufferings, pleasures and defenses that these academics present as a consequence of such organization. Thirteen nursing academics who fulfilled the inclusion criteria participated in the study. After approval by the Ethics Committee through the CAAE number 82003517.6.00005259, semi-structured interviews were held following a script which consisted of two parts: the first part was destined to the apprehension of the participants’ general characteristics; and the second part consisted of open topics based on the theoretical categories of Christophe Dejours. The data obtained, after the thematic content analysis of Bardin was applied, were grouped into two categories: “The academics’ perception about the work context of nurses”, with 53 RU and “Experience of suffering and pleasure by academics”, with 50 RU. The results showed that the academics realize the nurse-midwife has autonomy (16 RU) in childbirth. They also notice that the work of the generalist nurses favors more the filling out of forms and evolution sheets, as well as the delegation of activities (characteristics of bureaucratic authority), to the detriment of patient care. All the participants in the study realized the nurses’ leadership in the nursing work process. For the nursing academics, the recognition for the activities developed by them, the proximity of becoming a nurse and feeling useful to society are a source of pleasure and happiness. As a cause of suffering, the participants reported the lack of recognition and experiencing obstetric violence in maternity wards. It is concluded the need to rethink the training of nursing academics, since the aspects related to the nurses’ work organization - not only physical, but also social, cultural, environmental and emotional ones - reflect on the process of education and on the transformation of critical and reflective subjects able to assess the importance of work organization, thereby avoiding illness and alienation from the causes of suffering originating from a work organization that remains unchanged.