O Funcionamento Familiar das Famílias com Filho Adulto com Deficiência

Publication year: 2022

Conviver com a deficiência de um filho e com todas a implicações que isso acarreta é um desafio avassalador. Cada família é única e é dotada de particularidades e necessidades próprias que implicam que o enfermeiro a conheça nas suas várias vertentes. O funcionamento familiar é uma componente de grande relevância na saúde familiar, que se repercute ao nível da saúde individual. Para promover um funcionamento familiar saudável nas famílias com filho adulto com deficiência é essencial desenvolver uma abordagem centrada nas mesmas, reconhecendo as suas fragilidades e potencializando as suas aptidões e competências, numa perspetiva salutogénica.

Os objetivos definidos para este estudo foram:

avaliar o funcionamento familiar das famílias com filho adulto com deficiência; descrever as características sociodemográficas do filho adulto com deficiência; identificar o tipo de deficiência do filho adulto com deficiência; identificar o tipo de família do filho adulto com deficiência e determinar a relação entre as variáveis independentes e o funcionamento familiar das famílias com filho adulto com deficiência. De forma a alcançar os objetivos delimitados para a presente investigação, recorreu-se a um estudo de natureza quantitativa, descritiva correlacional e transversal. A amostra foi constituída por quarenta famílias com filho adulto (entre os 18 e os 64 anos) com deficiência que frequentam uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) do distrito da Guarda. A recolha de dados foi efetuada com recurso a um questionário constituído por quatro partes, do qual faz parte a versão IV da Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale (FACES) traduzida e validada para a população portuguesa. O tratamento estatístico foi processado através do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 26.0. Este estudo demonstrou que o facto de se ter um filho adulto com deficiência do sexo feminino influencia positivamente as subescalas coesão e comunicação, enquanto o sexo masculino está relacionado a médias mais elevadas nas subescalas desmembrada e caótica. No que diz respeito à idade, as famílias com filho adulto com deficiência com idade igual ou inferior a 30 anos estão relacionadas a médias superiores na subescala emaranhada. Quanto ao tipo de deficiência, este estudo revelou que o facto de o filho adulto possuir deficiência física influencia o aumento da pontuação da subescala emaranhada. Os resultados obtidos permitiram ainda concluir que a maioria das famílias em estudo apresenta níveis de funcionamento familiar equilibrados, com médias superiores a um para todos os rácios e uma relação estatisticamente significativa para as famílias com filho adulto com deficiência do sexo feminino.
Living with a child's disability and all the implications that entails is an overwhelming challenge. Each family is unique and has its own particularities and needs that imply that the nurse knows it in its various aspects. Family functioning is a highly relevant component of family health, which affects individual health. To promote healthy family functioning in families with an adult child with a disability, it is essential to develop an approach centered on them, recognizing their weaknesses and enhancing their skills and competences, in a salutogenic perspective.

The objectives defined for this study were:

to assess the family functioning of families with an adult child with a disability; describe the sociodemographic characteristics of the disabled adult child; identify the type of disability of the disabled adult child; identify the type of family of an adult child with a disability and determine the relationship between the independent variables and the family functioning of families with an adult child with a disability. To achieve the objectives defined for the present investigation, a quantitative, descriptive, correlational and transversal study was used. Our sample consisted of forty families with an adult child (between 18 and 64 years old) with disabilities who attend a Public Institution of Social Solidarity (IPSS) in the district of Guarda. Data collection was performed using a questionnaire consisting of four parts, which includes version IV of the Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale (FACES) translated and validated for the Portuguese population. Statistical treatment was processed using the Statistical Package for Social Sciences (SPSS), version 26.0. This study showed that having a child with a female disability positively influences the subscales of cohesion and communication, while males are related to higher averages in the disengaged and chaotic subscales. About age, families with child's disability aged 30 years or less are related to higher averages in the emmeshed subscale. As for the type of disability, our study revealed that the fact that the adult child has physical disability influences the increase in the emmeshed subscale score. The results obtained allowed us to conclude that most of the families under study present balanced family functioning levels, with means above one, for all ratios, and a significative relation for families with a female child disability.