Associação entre as características sociodemográficas e qualidade de vida do cuidador familiar de pacientes em hemodiálise

Publication year: 2021

RESUMO Introdução:

O Cuidador familiar do paciente em hemodiálise é demandado de cuidados complexos com alto grau de responsabilidades, que poderão levar a um adoecimento mental e físico e podem repercutir na sua qualidade de vida.

Objetivo:

Analisar a qualidade de vida e a existência de associação com as características sociodemográficas do cuidador familiar de paciente em hemodiálise.

Método:

Estudo quantitativo, transversal, realizado com 75 cuidadores familiares de pacientes em hemodiálise em dois centros de diálise no município de Belo Horizonte/Minas Gerais, ano de 2020. As variáveis independentes representadas pelos dados sociodemográficos e os dados comportamentais do cuidador frente ao cuidado prestado foram avaliados por questionário específico e a variável dependente qualidade de vida do cuidador familiar foi medida por meio do instrumento WHOQOL- bref. O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado na avaliação da associação entre a qualidade de vida e as características sociodemográficas (nível de significância igual a 5%).

Resultados:

Os achados mostraram que a maioria (84%) dos cuidadores familiares eram mulheres, média de idade 50,0 ± 13,7 anos, 41,3% cônjuges e 38,7% filhos(as), 56% casados, 38,7% do lar, 49,4% tinham estudado até o 8º ano fundamental e 85,4% com renda familiar de 1 a 3 salários-mínimos. Dos entrevistados, 54,7% cuidavam dos seus familiares há mais de 5 anos, 66,7% dedicavam mais de 8h ao cuidar, 84% não recebiam ajuda financeira de outra pessoa ou familiar, 65,3% apresentavam alguma doença crônica, 61,3% estavam em uso de algum medicamento e 76% já tinham procurado o médico pelo menos uma vez em doze meses. O nível de qualidade de vida foi regular e entre os domínios do WHOQOL-bref os domínios relações sociais e meio ambiente foram os que apresentaram valores menores. Na avaliação da associação das variáveis independentes com a qualidade de vida e os domínios do WHOQOL-bref, a variável trabalhar fora de casa teve influência positiva com significância estatística sobre a qualidade de vida geral (p=0,014), assim como nos domínios psicológicos (p=0,009) e relações sociais (p=<0,001). Por outro lado, as variáveis sexo masculino, ausência de doenças e não uso de medicamentos interferiram positivamente no domínio físico. A ajuda financeira de outras pessoas e/ou familiares também influenciou positivamente com significância estatística nos domínios das relações sociais(p=0,050) e meio ambiente (p=0,001). Tanto a saúde física quanto as condições de trabalho e financeira dos cuidadores familiares foram pontos relevantes desse estudo e merecem ser mais explorados nas pesquisas para contribuir na melhor conceituação da qualidade de vida desses sujeitos e oferecer melhores medidas de enfrentamento.

Conclusão:

As características sociodemográficas podem influenciar na percepção da qualidade de vida dos cuidadores familiares, sendo que os fatores comportamentais do cuidador frente ao cuidado prestado tiveram uma maior influência tanto na qualidade de vida geral quanto nos domínios do WHOQOL-bref.

Introduction:

The patient's family caregiver on hemodialysis is demanded of complex care with a high degree of responsibilities, which may lead to mental and physical illness and may have repercussions on his/her quality of life.

Objective:

To analyze the quality of life and the existence of association with the sociodemographic characteristics of the family caregiver of hemodialysis patients.

Method:

Quantitative, cross-sectional study, carried out with 75 family caregivers of patients on hemodialysis in two dialysis centers in the city of Belo Horizonte/Minas Gerais, the year 2020. The independent variables represented by the sociodemographic data and the caregiver's behavioral data regarding the care provided were assessed by a specific questionnaire, and the dependent variable quality of life of the family caregiver was measured employing the WHOQOL- brief instrument. The Kruskal-Wallis test was used to evaluate the association between quality of life and the sociodemographic characteristics (significance level equal to 5%).

Results:

The findings showed that the majority (84%) of family caregivers were women, mean age 50.0 ± 13.7 years, 41.3% spouses and 38.7% children, 56% married, 38.7% homemakers, 49.4% had studied up to 8th-grade elementary school, and 85.4% with a family income of 1 to 3 minimum wages. Of the interviewees, 54.7% had been caring for their relatives for more than five years, 66.7% dedicated more than 8 hours to the care, 84% did not receive financial help from another person or relative, 65.3% had some chronic disease, 61.3% were taking some medication, and 76% had already seen a doctor at least once in 12 months. The level of quality of life was regular, and among the domains of the WHOQOL-brief, social relations and environment were the ones that presented the lowest values. In assessing the association of independent variables with quality of life and the domains of the WHOQOL-brief, the variable working outside the home had a positive influence with statistical significance on the overall quality of life (p=0.014), as well as in the psychological (p=0.009) and social relations (p=<0.001) domains. On the other hand, the variables male gender, absence of diseases, and no use of medication interfered positively in the physical domain. Financial help from other people and/or family members also influenced positively with statistical significance in the domains of social relations(p=0.050) and environment (p=0.001). Both the physical health and the working and financial conditions of family caregivers were relevant points of this study and deserve to be further explored in research to contribute to a better conceptualization of the quality of life of these subjects and to offer bettercoping measures.

Conclusion:

The sociodemographic characteristics can influence the perception of the quality of life of family caregivers. The caregiver's behavioral factors facing the care provided had a more significant influence on the overall quality of life and the domains of the WHOQOL-brief.