Publication year: 2021
Objetivo:
avaliar a rede de atenção à saúde, na perspectiva do acesso à atenção às hepatites virais, como condição traçadora de resultados de um sistema estadual de saúde. Método:
pesquisa avaliativa, de método misto sequencial (QUAN - qual), utilizando hepatites virais como condição traçadora, desenvolvida no estado de Mato Grosso, que se divide em seis macrorregiões e 16 regiões de saúde. Dados quantitativos foram extraídos do IBGE e DATASUS analisados por estatística descritiva e georreferenciamento. Dados qualitativos foram coletados em entrevistas com informantes-chave da gestão em saúde submetidos à análise de conteúdo, vertente temática, apresentada em quatro categorias que englobam a dinâmica na região de saúde, aspectos que dificultam o acesso e que o potencializam além de situações contextuais que impactam no enfrentamento das hepatites virais. Discussão pautada no referencial teórico da organização de sistemas de saúde, na perspectiva do acesso, com enfoque na avaliação. Estudo cumpriu a Resolução 466/2012. Resultados:
há distinta distribuição de casos de hepatites entre macrorregiões e regiões de saúde, com maior concentração de casos de hepatite B e C na região da Baixada Cuiabana e Sul Mato-grossense. Análise espacial infere-se que podem decorrer da oferta de testagem. Constatou-se 26 serviços ambulatoriais, com abrangência municipal e regional, que não configuram a lógica de regionalização. A maior oferta e heterogeneidade de serviços de referência estão na macrorregião e região de saúde Sul. 119 serviços ofertam teste rápido. Há indisponibilidade de coleta de material para carga viral em uma macrorregião e cinco regiões. A leitura do exame de carga viral acontece em duas macrorregiões. Cinco regiões não ofertam tratamento. Ausência de coleta de material para genotipagem em uma macrorregião e em sete regiões. Esses dados articulados às falas dos participantes permite explicitar a organização da rede no estado. Aspectos que dificultam o acesso:
pouca diretriz para organização da rede e frágil capilaridade de serviços, infraestrutura deficitária, baixo quantitativo de profissionais, difícil fixação de médicos capacitados para atender as hepatites, além da pluralidade de portas de entrada, com reduzida capacidade de regulação e definição de competências dos serviços para integração e poucas ações de educação em saúde que considere os determinantes sociais. Aspectos que potencializam o acesso:
indução de políticas que incentivam a descentralização de serviços e protocolos que orientam a abordagem clínica, gestores e consórcio intermunicipal de saúde como interlocutor na pactuação de serviços, incentivo da testagem na atenção primária à saúde, protagonismo do profissional para sensibilizar ações extramuros com parcerias intersetoriais para alcançar populações prioritárias e posição do usuário enquanto avaliador da resposta do sistema de saúde. Aspectos contextuais que operam na dinâmica do sistema de saúde, comparação de políticas, programa de saúde e pandemia mostraram reflexos no enfrentamento das hepatites. Conclusão:
barreiras e desigualdade na oferta de serviços mostram fragilidade no acesso, que pode ser maior quando analisada a trajetória assistencial do usuário. Para superar assimetrias de recursos, deve-se investir na discussão da governança regional, para além do campo do território, incluindo a capacidade de interlocução de novos arranjos, potencializando a política pública, de saúde e social
Objective:
to evaluate the health care network from the perspective of access to care for viral hepatitis as a condition that traces the results of a state health system. Method:
evaluative and exploratory sequential mixed method research (QUAN) using viral hepatitis, conducted in Mato Grosso state, which is divided into six macro-regions and 16 health regions. Quantitative data were extracted from IBGE and DATASUS, analyzed using descriptive statistics and georeferencing. Qualitative data were collected in interviews with informants of health management, submitted to content analysis, thematic aspect, in four categories that encompass the dynamics in health region, aspects that make access difficult and that enhance it, in addition to contextual situations that impact on the struggle against viral hepatitis. Discussion based on the theoretical framework of the organization of health systems, from the perspective of access, focusing on evaluation. This study met Resolution 466/2012. Results:
there is a distinct distribution of hepatitis cases between macro-regions and health regions, with higher concentration of hepatitis B and C cases in the Baixada Cuiabana and Sul Mato-grossense regions. Spatial analysis infers that they may result from improved testing. Twenty-six outpatient services were found, with city and regional coverage, which do not configure the logic of regionalization. The greatest offer and heterogeneity of reference services is in the macro and southern health region. A total of 119 services offers rapid testing. There is unavailability to collect material for viral load in one macroregion and five regions. The reading of the viral load test takes place in two macroregions. Five regions do not offer treatment. Absence of material collection for genotyping in a macro-region and in seven regions. These data, articulated to the statements of the participants, make it possible to explain the organization of the health network in the state. Aspects that make access difficult:
little guidance for organizing the health network and fragile capillarity of services, deficient infrastructure, low number of professionals, difficult to establish qualified physicians to care for hepatitis, in addition to the plurality of gateways, with reduced capacity for regulation and definition of competences of services for integration and few health education actions that consider social determinants. Aspects that enhance access:
induction of policies that encourage the decentralization of services and protocols that guide the clinical approach, managers and inter-municipal health consortium as interlocutors in the agreement on services, encouragement of testing in primary health care, professional protagonism to raise awareness extramural actions with intersectoral partnerships to reach priority populations and the user's position as an evaluator of the health system's response. Contextual aspects that operate in the dynamics of the health system, comparison of policies, health programs and pandemics showed effects in the struggle against hepatitis. Conclusion:
Barriers and inequality in the provision of services show fragility in access, which can be greater when the user's care trajectory is analyzed. To overcome resource asymmetries, it is necessary to invest in the discussion of regional governance, beyond the territorial field, including the capacity for dialogue of new arrangements, enhancing public, health and social policy.