Avaliação de polifarmácia excessiva e interações medicamentosas de fármacos de ação central em pacientes de uma unidade de terapia intensiva (UTI)
Evaluation of excessive polypharmacy and interactions of central-acting drugs in patients of an intensive care unit (ICU)
Publication year: 2021
A unidade de terapia intensiva (UTI) é um setor hospitalar destinado a prestar atendimento a pacientes graves e de risco. Em UTI diversos medicamentos de ação central são utilizados. O uso de múltiplos medicamentos se torna um desafio em pacientes em UTI. Nesse contexto, o termo polifarmácia é amplamente utilizado para descrever o uso simultâneo de cinco ou mais medicamentos e, quando há uso de dez ou mais medicamentos, é utilizado o termo polifarmácia excessiva. O risco de efeitos adversos aumenta na proporção em que há aumento do número de medicamentos assim como elevado risco de interação medicamentosa (IM), ou seja, influência (sinérgica ou antagônica) que um fármaco exerce na ação de outro. A função renal de pacientes internados em UTI é outro aspecto relevante, já que os rins desempenham papel fundamental na eliminação de fármacos. Assim, o conhecimento técnico científico do enfermeiro e da equipe multidisciplinar é de extrema importância para garantir a segurança do paciente. O objetivo do estudo foi analisar e classificar a polifarmácia excessiva, interações medicamentosas potenciais e condição metabólica e de excreção (função renal) de pacientes internados em UTI que fazem uso de fármacos de ação central e demais fármacos. Trata-se de um estudo descritivo, observacional e transversal. Foi utilizado análise descritiva e de regressão logística. Foi identificado polifarmácia excessiva em grande parte da prescrição médica no primeiro dia de internação e houve associação com o desfecho alta e óbito, assim como com níveis glicêmicos elevados no primeiro dia de internação. Os fármacos prescritos que apresentaram maior frequeencia de IM foram para o sistema digestivo e agentes anti-infecciosos. Pacientes que utilizaram fármacos para o sistema cardiovascular, que interagem com outros fármacos, tiveram mais chance de ir a óbito. A via endovenosa foi a mais utilizada para administração dos medicamentos no primeiro dia de internação tendo diminuído no último dia. As chances de polifarmácia excessiva para o sexo masculino diminuíram quando não houve IM grave com medicação por via endovenosa. Houve correlação positiva entre IM com polifarmácia excessiva no último dia de internação. IM grave foi a mais encontrada, assim como evidência científica regular e tempo de início não especificado, seguido de tardio. Houve associação entre IM moderada com aumento dos níveis plasmáticos de ureia, creatinina e potássio. A regressão logística mostrou que pacientes entre 40 e 59 anos tem mais chance de evoluir à óbito do que pacientes entre 18 a 39 anos, e que os do sexo masculino tem menor chance de polifarmácia excessiva. Concluímos que, em UTI, há elevada ocorrência de IM potencial e polifarmácia excessiva em pacientes que fazem uso de fármacos de ação central. A correlação de polifarmácia excessiva e hiperglicemia indica que a associação de vários fármacos pode causar alterações metabólicas que estão associadas à danos ao organismo. A polifarmácia associada com aumento das concentrações plasmáticas de ureia e creatinina sugere que ela pode ser causadora da disfunção renal ou pode colocar o paciente em risco, visto que a eliminação não adequada de fármacos pode elevar suas concentrações plasmáticas sendo potencialmente perigosa.
Intensive care units (ICU) are the hospital sector intended for the care of patients in a critical state and at risk. In ICU, several central-acting pharmaceuticals are administered. The use of multiple drugs becomes a challenge to ICU patients. In this context, the term polypharmacy is widely used to describe the simultaneous use of five or more drugs. When ten or more drugs are used, the term excessive polypharmacy is preferred. The risk of side effects increases with the number of drugs administered. The higher the number, the higher the risk of drugs interaction (DI), that is, the influence (that could be beneficial or harmful) that a drug exerts in the effect of others. The renal function of ICU patients is another relevant aspect, given that kidneys play a central role in the elimination of drugs. Therefore, it is extremely important that nurses and the multi-disciplinary team have the necessary technical-scientific knowledge to safeguard the patient's health. The aim of this study was to analyze and classify excessive polypharmacy, potential drugs interactions, and the excretion conditions (renal function) of ICU patients who were administered central-acting drugs and other pharmaceuticals. It is a descriptive, observational, and transversal study. Descriptive and logistic regression analyses were carried out. Excessive polypharmacy was identified in a large proportion of the medical prescriptions on the first day of ICU stay, and there was an association between the outcomes hospital discharge and death, as well as with the glucose levels on the first day. The most commonly prescribed drugs were those for the digestive and central nervous systems. Patients who were administered drugs for the cardiovascular system, which interact with other drugs, had higher chances of death. Intravenous route was the most common method of drug administration on the first day of ICU stay; it was less used on the last day. The chances of excessive polypharmacy for males decreased when there were no severe DI with intravenous medication. There was a positive correlation between DI with excessive polypharmacy on the last day of ICU stay. Severe DI was the most common form found, as well as regular scientific evidence and unspecified starting time, followed by late starting time. There was an association between moderate DI and the increase of urea, creatinine, and potassium plasma levels. The logistic regression has shown that 40-59 years old patients are more likely to die when compared to patients who are 18-39 years old; it has also shown that males are less frequently subject to excessive polypharmacy. We have concluded that there is a high incidence of potential DI and excessive polypharmacy in patients that are administered central-acting drugs in the ICU. The correlation between excessive polypharmacy and hyperglycemia indicates that the association of several pharmaceuticals may cause metabolic changes associated with body damage. Polypharmacy associated with the increase of plasmatic concentrations of urea and creatinine suggests that it could be the cause of renal dysfunction or that it could put the patient at risk, given that the inadequate elimination of pharmaceuticals may raise their plasmatic concentration, which is potentially dangerous