Dor e analgesia em vítimas de acidente de transporte atendidas em pronto-socorro
Pain and analgesia in ventricular accident victims in an emergency room setting
Publication year: 2003
O estudo analisou vítimas de acidente de transporte atendidas em um Pronto Socorro quanto à dor, características da lesão, do trauma e analgesia recebida, e envolveu três etapas. Na análise retrospectiva identificaram-se relações entre o padrão analgésico e a região corpórea mais gravemente atingida, a de maior freqüência e a gravidade do trauma (NISS). A etapa prospectiva caracterizou a dor, a analgesia e a adequação analgésica. A terceira etapa conheceu os critérios utilizados pelos profissionais para a indicação de analgesia. Os dados foram coletados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no ano de 2002. Na fase retrospectiva foram estudados 200 prontuários de vítimas internadas no ano de 2000 e a lesão e o trauma foram caracterizados pelo "Abbreviated Injury Scale" (AIS), o "New Injury Severity Score" (NISS), o "Maximum Abbreviated Injury Scale" (MAIS). Da análise da terapia analgésica proposta construiu-se Padrões de Analgesia. Na fase prospectiva a dor e a terapêutica analgésica de 100 pacientes foram caracterizadas, em dois momentos, por meio de roteiro específico, que constou de índices como a "Escala Analógica Visual" (EAV), o diagrama corporal e o Índice de Manejo da Dor (IMD). Na terceira etapa foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com médicos e enfermeiros do serviço. A etapa retrospectiva permitiu a identificação de um padrão de analgesia para as regiões corpóreas de "superfície externa" e "face", outro para as regiões corpóreas de "tórax", "abdome" e "membros superiores, inferiores e cintura pélvica". Para a região de "cabeça/pescoço" foi identificada importante utilização de dois padrões de analgesia relacionados com freqüência e gravidade das lesões. Houve associação estatística entre gravidade do trauma (NISS = 15 e NISS = 16) com padrões distintos de analgesia. Na etapa prospectiva foi possível identificar dor em 90,0% das vítimas. A dor foi ) intensa em 56,0% dos casos e moderada em 38,0% das vezes na primeira avaliação. Não se encontrou prescrição analgésica em 48,0% dos pacientes. Nos que tinham analgésico prescrito, opióides foram utilizados em 45,3% das vezes. Observou-se IMD1 negativo em 69,0% dos casos, o que indicou que a potência do analgésico utilizado foi inferior à intensidade da dor. Na segunda avaliação, dor intensa ocorreu em 26,0% dos casos e moderada em 38% das vezes. Observou-se IMD2 negativo em 42,9% dos casos. A entrevista com os profissionais permitiu identificar que fraturas em membros superiores, inferiores e cintura pélvica, simples e expostas, e a presença de dor são as principais situações para indicar analgesia. Escala de Coma de Glasgow (ECG) < 9, trauma cranioencefálico e nenhuma situação foram as principais citações para contra indicar a analgesia. Houve acordo entre a opinião dos profissionais quanto aos parâmetros para avaliação da eficácia analgésica e a pouca ênfase conferida a analgesia no trauma e desacordo quanto à ênfase que deveria ser atribuída a analgesia.
This study involving three stages, analyzed traffic accident victims cared for in an Emergency Room regarding pain, nature of injury, trauma and analgesic drugs administered. The retrospective analysis identified a relationship between analgesic type and most seriously affected region of the body, most frequent site of injury and severity of the trauma (NISS). The prospective stage characterized pain, analgesia and analgesic suitability. The third stage identified criteria utilized by professionals for prescribing analgesia. The data was obtained in the "Hospital das Clinicas" University of Sao Paulo Medical School in 2002. In the retrospective stage, 200 case histories of victims hospitalized in the year 2000 were studied and their injury and trauma represented by the Abbreviated Injury Scale (AIS), the new Injury Severity Score (NISS) and the Maximum Abbreviated Injury Scale (MAIS). Analysis of analgesic therapy enabled us to construct Models of Analgesia. During the prospective stage, pain and analgesic therapy of 100 patients were characterized during two stages, using a specific program consisting of indexes such as the "Escala Analógica Visual/EAV" (Visual Analogic Scale), the body diagram and the "Indice de Manejo da Dor/IMD" (Pain Management Index). During the third stage semi-structured interviews were conducted with physicians and nurses on the service. The retrospective stage permitted identification of an analgesic model for the regions of the "external surface" of the body and "face", another for regions of the "chest", "abdomen" and "limbs". Important utilization of two analgesic models for the "head and neck" region were identified related to the frequency and intensity of the injuries. A statistical association was observed between severity of the trauma (NISS < 15 and NISS > 16) with specific models of analgesia. The analysis of the prospective stage identified pain in 90.0% of victims. Pain was severe in 56.0% of cases and moderate in 38.0% in the initial analysis. No analgesic prescription was found in 48.0% of patients. Opiods were prescribed in 45.3% of individuals. A negative IMD1 was noted in 69.0% of cases, indicating that the analgesic strength utilized was lower than the intensity of pain. In the final evaluation (second analysis), severe pain was present in 26.0% and moderate in 38% of cases. A negative IMD2 was observed in 42.9% of cases. Interviews with the health care professionals identified that simple and compound limb fractures and presence of pain are the chief indications for analgesics. "ECG" (Glasgow Coma Scale) < 9, head trauma and none situation are the chief situations for contraindicating analgesia. Professionals agreed concerning parameters for evaluation of analgesic effectiveness and the minor emphasis of analgesia in trauma and disagreed regarding the emphasis that should be placed on it.